quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Saudades do AMOR


Anda apressada como se fugisse do tempo,
que agora sem ele a seu lado é mais que lento.
Primeiro vestiu-se toda de preto,
cortou os cabelos loiros,
compridos, loiros e desgrenhados
que dizia usar assim,
porque como me contou um dia,
ele adorava vê-la com eles soltos,
desgrenhados e ao vento.
Carrega consigo o peso da tristeza,
o vazio das longas noites vazias e sós,
e olhando sempre o chão, 
parece esconder-se do mundo que a vê, 
o mundo que ela não quer mais viver sem o ter com ela.

De repente ele partiu, 
deixou-a só, com uma dor que lhe inundou a alma, 
lhe encharcou a carne e os ossos, 
a faz mirrar de amargura cada dia mais um pouco.

Se ela pudesse tinha-o preso a si  eternamente,
com amarras mais potentes
muito mais que o amor imenso e o carinho que lhe deu.  
Mas não foi capaz, não teve forças, 
foi impotente e tal como ele,  
não resistiu,
e viu-o partir estando junto dele, 
naquela viagem derradeira a que mesmo fugindo ninguém escapa.

Agora  já despiu as vestes pretas,
e o cabelo já lhe cresceu um pouco,
mas o passo que a leva até ele todos os dias, 
é o mesmo de outrora,
pesaroso, louco de raiva pela perda que não aceita. 
Um passo apressado, lamurioso,
com uma cadência penosa, única e só dela.  
E a dor que a percorre parece que cresce
e é hoje mais penosa e intensa ainda.
Por dentro habita-a uma escuridão eterna
e um negrume denso
instalou-se de vez no seu coração mirrado e triste.





Só de a olhar, vê quem reparar bem  
que tem os olhos chorosos espetados de amargura,
olhos sem luz nem vida que morrem de dor.
As janelas da sua alma e da sua mente
perderam o interesse o brilho e a cor,
e vivem num luto permanente.


Fotos do Google

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