domingo, 29 de dezembro de 2013

A MINHA MAIOR VENTURA…TU!


A MINHA MAIOR VENTURA…TU!

Por onde andas,
que há tanto não te enxergo?
Oculto de mim
De ti nada pressinto, nada sei,
além do rasto do teu silêncio infindo.
Quantas saudades te tenho, quanto te necessito!
Não quero, não posso perder-te!
Fazes-me falta, sabes bem disso.
Ter-te comigo é tudo,
És vida, a minha vida, o meu infinito.
A força que preciso para caminhar cada dia
És o meu respirar, o meu ser, a certeza de ter futuro
A certeza de ver o sol acordar e adormecer no mar
De sentir a chuva a cair dos beirais
alquebrando-me com a sua música cadenciada
A certeza de na primavera ver as flores renascer,
ganharem forma, cor e brilho,
isso só verei  contigo.
Tu davas-me isso, a minha vida
Eras um veleiro ancorado no meu cais
E mesmo que seja só em pensamento e em sonhos me apareças 
Vem ter comigo, deixa-me respirar
Ser livre, sorrir e ser mais solta
Vem ser meu que eu serei tua
Trago-te seguro no meu peito como uma lembrança perdida
E não posso consentir isso.
Seria um desatino perder-te.
Quero-te preso em mim, preciso-te
Mesmo que sejas só o meu mais puro e belo sonho
Fica comigo,
deixa que abrace esse impossível
Como agarro ainda na minha mente e nos braços que antes te envolviam
O ramo de rosas vermelhas que me ofereceste um dia
Rosas únicas, perfumadas, puras de inocência
Que me fizeram sorrir, ficar rosácea,
chorar comovida pela alegria que me deste.
Nunca me tinhas brindado com flores, lembras-te?
Vem ter comigo,
e deixa que te imagine  a minha maior ventura e não a minha desgraça…

INÊS MAOMÉ

 05/ 10/2013

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

OS SORRISOS....



Os  SORRISOS...

De mim, os sorrisos rasgados perdi

Pendurados na minha janela enfeitada de luar

Ficaram esquecidos,

daí voaram para longe,

e nunca mais os vi.

 

Antes, via-te passar amável

e ao lembrar-te assim

recordo o teu olhar aceso em mim

parecendo estrelas a brilhar

brilho que me iluminava e encadeava o meu estar

e eu sorria ao teu passar


Tinhas o olhar atento,

diferente, invulgar

Cheiravas ao vermelho das papoilas

misturado com o negro enigmático da noite,

vestias azul celeste nas camisas de cetim,  

cheiravas a ervas frescas

violetas e jasmim

aromas raros envolviam-te

e eu gostava de ti assim

Quando passavas por mim,

eras o meu rei o meu senhor

e eu sonhava-te a dares-te a mim

e contigo entregue a mim e eu inteira em ti

era feliz e mil emoções vivia

Nesse estar comigo davas-me o sorriso que perdi


Inês Maomé

17/12/2013

 

 

 

pedaços de um amor inacabado


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013


Fragmentos de um ano que passou (Carmen Lúcia Couto)

Deixo para trás pedaços de um amor inacabado,
choros abafados, sentidos e calados.
Sensação que algo não terminou,
fragmentos de um sentimento abalado.

Ficaram perdidas palavras que não foram ditas,
frases desfeitas,
olhares gelados...
vidas esquecidas.

Na rua, o mundo segue.
Roubos, guerras, pobreza e fome.
Em cada semáforo que passamos
atravessa o vidro do automóvel uma súplica,
um vazio sem sentido!
Uma criança, uma mulher ou um homem perdido.
Virar o rosto, não vale!
Sonhar com um mundo melhor? 
Pode ser!
A união, a ajuda, a solidariedade, um abrigo,
uma força amiga...uma mão! 
Quero ver!!
Falamos tanto em inclusão, no respeito à diversidade,
em tolerância pelas pessoas especiais, 
pelos indigentes ou diferentes.
E nós? 
Onde estamos sendo “especiais” e “diferentes”?!

No Pais, a sociedade reclamou, gritou.
As passeatas tomaram as vias.
O gigante acordou, o povo pediu, a bagunça cresceu!
Mas em que deu?
Em um breve futuro saberemos onde isso tudo vai chegar.
É só aguardar!

Na cultura, grandes nomes se foram.
Deixando a arte e a música órfãs.
Fica a esperança da perpetuação de suas obras
e a lembrança dos bons momentos que nos proporcionaram.

Em mim, agrego a felicidade de quem está acesa ...viva!
O poder da mulher que trabalha,
da escritora que produz,
da mãe que cuida
e da amante, com prazer, mas sem luz.

Nessa época
começo a ter saudade
do parente que não vi,
daquele filme que esqueci de assistir
e da música que deixei de ouvir.
Quantas noites mal dormidas
por promessas não cumpridas!
Sinto falta de muita coisa que deixei de fazer,
que desisti sem nem mesmo tentar
e que disfarcei com um falso sorriso
para nenhuma lágrima derramar.

Sinto a ausência dos lugares que ainda não fui,
pessoas que não conheci!
amigos que perdi...
momentos que ainda não vivi.

Fragmentos de um ano que passou...
Reflexões, apertos de saudade, novos amigos,
paixões mal resolvidas, relacionamentos desfeitos,
casamentos, nascimentos e mortes.
Dias alegres, dias tristes,
dias....
Novo ano que surge e promessas de mudanças.
É tempo de renovar, criar, viver...sonhar!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

AMOR SINCERO...DESEJO ARDENTE



AMOR SINCERO

Sei que me desejas
que me queres todo o bem desde o passado
Que como ontem, ...
hoje e sempre me sonharás tua mulher
Que me prendeste a ti um dia
Sonhando-me nos teus abraços
E nos teus braços me tiveste como se fosse prenda tua
tua amante, mulher enamorada
perdida contigo em doces delírios e quimeras
vivendo contigo noites tórridas
de um amor louco
mas aparente e imaginário

Não é de ti que quero abraços
nem mimos,
nem beijos e carinhos doces
Não é o teu corpo,
quente aceso em brasa,
que sonhei colado ao meu
Não são de ti as palavras ousadas e empolgadas
destemidas e enamoradas,
amantes e verdadeiras
que sonhei e quis ouvir
vendo-me colada nelas,
pendurada no amor
presas na minha boca sequiosa de amor,
fixas aos ouvidos meus
cansados de tanta espera
Não são as tuas mãos macias,
mais que aveludadas
que quero sentir perdidas
navegando no meu corpo nu e ardente de desejo
sussurrando-lhe com doçura o que será o futuro

Não és tu que quero em mim
a florir desperto no meu deserto cruel
Eu que me criei sozinha
me fiz mulher e sofri
com tanta dor pela espera
que cresço como muitas flores
puras, singelas, bravias
nascidas num canto de um brejo
De ti, perdoa,
nada tenciono ter
nada pretendo
Não te amo e sou sincera
A ti nada posso dar,
não invento
nunca dou o que não tenho
Migalhas, não tas vou dar
Não as quero receber, não as quero ofertar
De ti não quero nada….nada posso aceitar
Rejeito o mundo inteiro que tens para me dar
De ti nada quero receber

Só o amor me move
e transporta para além das nuvens
onde eu quero viver um dia
mas estou preso nele, no outro que não me vê
mas há-de ver algum dia

Contigo não sairia da terra
Não chegaria às nuvens
Não te faria feliz
Sou sincera
só no amor inteiro sou perfeita
só no amor me dispo de tudo
perco os medos e arranco de mim todos os pudores
me entrego e sou mulher.

INÊS MAOMÉ
08/12/2013

MINHA FILHA...


 


Minha filha

Na hora que parto, 

olho-te

e num ápice ávida de ti, 

vejo-te menina

Cada visão destas é uma pérola 

que vai ajudar a passar o tempo

E a sobreviver meses de lonjura sem te ter por perto 

e só em pensamento

Vejo-te bebé, 

deitada no meu regaço a mamar no meu peito

depressa adormeces saciada,

linda, perfeita a minha princesa           

depois vejo-te de trancinhas e peúgas brancas

vestidos com laços, 

chapéu de palha fina 

Brincas às bonecas,

De sacola aos ombros vais para a escola, 

fazes os trabalhos

aplicaste como aprendiz e aluna,

Choras pelo gato que te pulou do regaço.                       

Brincas no escorrega, 

jogas à macaca

Fazes de senhora de sapatos altos

Aprendes música, 

Estudas viola e depois piano

Entras para a tuna,

vestes traje preto,

És uma estudante, aplicada a sério, 

e sem eu dar conta

acabas o curso de bengala e cartola

Começas no trabalho, 

a ter férias tuas

só em tempo exato

Cresces, 

fazes-te mulher, 

és uma senhora

Dás-me mil conselhos,

és mais que minha filha, 

és uma amiga, a melhor que tenho.


És a minha ventura e reparo agora: já não és menina

-“Uma vida passa tão depressa”

Foi o que vento disse

Segredando doce preso ao meu ouvido

Tu, em cada abraço, 

apertado e doce, dás-me sempre alento

e carinho doce, os mimos que preciso

Um tormento meu é sentir-te  longe. 

Coisas do Alberto que comanda a vida

E o tempo voa e dispersa as gentes

 

Doí-me muito menos ter-te na lembrança como te vi sempre:

a minha menina, a minha princesa, a minha rainha.

No coração tenho o orgulho de olhar para ti e ver-te diferente: 

a filha que gerei, que nasceu de mim

não mais a menina, 

hoje uma mulher linda

o ser mais que perfeito em que te transformaste.

 
Inês Maomé

10/12/2013

PARA TI....


 
PARA TI

No brilho dos teus olhos,
vi os meus
No teu doce e lindo sorriso,
vi o meu
E, por instantes, calados,
inertes
num trocar de olhos
pensámos, 
eu jurei,
juramos como certo
termo-nos conhecido no eterno passado.
Abracei-te com alma
e depositei em ti todo o meu ser
e tu em mim inteiro te aconchegaste
De forma calma pedi,
pedi com muito amor que ficasses
comigo bem e feliz,
Pedi ao meu Protector, ao meu Pai Criador
e Ele quis.
O pensamento vai e vem,
está perto e longe de alguém,
porque o amor é incondicional,
não é banal,
não é igual,
muito pelo contrário é “tolo”,
é arrepiante, mas é tudo
e faz de cada um de nós
ser alguém importante.
Faz-se passar por tontos,
e aquilo que queríamos que fosse
que acontecesse connosco,
é, muitas vezes, pura ilusão

Mas trabalhar, dar amor aos outros
à humanidade
com toda a dedicação
com alma e coração,
compensa tudo o que não se tem,
nunca teve,
o que devagar se perde
nos foge e voa
da simples palma da mão!

Borboleta azul voa, voa...
vai ter àquela outra pessoa!

Borboleta cheirosa,
linda de jasmim,
azul, anil, violeta e rosa e de água de marfim
vem ter comigo, sim ?

Inês Maomé
10/12/2013
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 

 

 

O MEU GRITO....

 
O MEU GRITO

Ontem aquietaste o meu coração

Outros dias, nem por isso...
Acordo alvoroçada e assim fico

Quem sabe um dia
em que a alma me grite mais alto,
me fale ao ouvido,
me grite todas as revoltas que sinto
de forma distinta e imprevisível
de forma que eu as exprima no papel em branco
eu te grite tudo,
te diga isso
te fale mais alto que o mundo
e todos me ouçam e sintam
experimentem no meu grito os seus tormentos
e juntem ao meu os seus lamentos
fazendo juntos
no universo uno
um clamor de dor,
de amor,
seja do que for
de cheiro a rosas ou violetas
mas algo diferente
que faça deste amor que não tenho perfeito
um feitiço acabado
deste mundo inundo que me rodeia
me sufoca e desalenta
uma força para andar para a frente

Talvez um dia eu te grita
eu te diga isto

Agora por várias razões,
não grito
Prefiro o silêncio
Fazendo dele o meu abrigo
O meu consolo
A ternura que aconchega
a minha alma magoada e triste
Hoje não grito,
nem quero perceber os gritos de ninguém
não conseguiria suportar tal desacerto...

Mas isto há de passar.

Há estados de espirito que me sufocam e inibem de pensar
De escrever... e também de gritar

Calam-se-me as palavras,
Secam-se-me todas as vontades...
Engulo todos os desenganos, abalos e gritos
e fico inundada num brado silencioso e aflito
e fico…

Mas quando alivio,
liberta-se de mim um rio magnífico,
que se solta,
e livre flui,
galgando as margens, arrasando e afundando tudo....
e então
eu gritarei fundo,
falarei ao mundo o que sinto
Nas palavras cálidas, singelas, brutais ou delirantes
nelas me segurarei, limparei a lama
lavarei o corpo, a mente o espirito
Navegarei para o universo
de onde verei passar tudo
e a ti
e não me afundarei nessa torrente...
ou afundarei, tanto me dá
não nutro, não temo
porque me hei de debater e vencer
a loucura onde vivo e que me inunda...

Inês Maomé

28/11/2013