sábado, 24 de dezembro de 2011

NADA, é...o que faço!!!

                       
                          Tudo o que faço ou medito
                          Fica sempre na metade.
                          Querendo, quero o infinito
                          Fazendo, nada é  verdade.

                            
                        

                          Que nojo de mim me fica
                          Ao olhar para o que faço!
                          Minha alma é lucida e rica,
                          E eu sou um mar de sargaço.

                 
    De  FERNANDO PESSOA

              
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL NUNCA SERÁ TODOS OS DIAS!

Festa Máxima! (Mírian Warttusch)

 
Que o Natal de cada um, seja espetacular!
Que todas as luzes, brilhem intensamente no seu lar!
Que seja a grande tônica: família reunida com amor,
E uma oração ao alto, feita com o maior fervor!
Quando baterem à sua porta, saibam, eu lhes digo,
Serão Maria e José – não lhes neguem um abrigo.
E não esqueçam de uma caminha preparar,
Para Jesus-menino, que à meia-noite irá chegar.
Cantem uma cantiga ao redor do seu bercinho…
Preparem o seu coração para acolher o menininho.
Chuvas de bênçãos, cairão dos céus, como cascata,
Maná divino, chegará em luz, na hora exata,
Em forma de amigos que virão lhes abraçar!
Não faltarão em sua mesa muitas iguarias,
Nem vinhos, nem castanhas e outras especiarias.
E um Deus benevolente, de forma comovida,
Lhes proporcionará, mais este ano,
“comemorar o dom da vida!”

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                       Se assim fosse SENHOR, SERIA BOM:)
                       Obrigada por tudo o que me deste;)

Tudo muda...



Foto do Google

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O meu amor !!!


Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não


Vinícius de Moraes
Fotos do Google

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ELES e eu!!


Ao meu lado o gato não pára de miar.
Sei que não lhe dói nada, não tem fome, nem falta de carinho.
Tem a sua mãe mesmo ali ao lado.

Eu sim, tenho falta de muita coisa e não miu, nem sequer sei miar.
Só choro, e lamento não ter quem me escute, quem me entenda,
quem ouça a minha voz sussurar pedindo ajuda.



Hoje não sei fazer nada.
Porque tenho que permanecer aqui, se aqui nada me diz nada?

Aqui já nada é como outrora.
Tudo se foi, e eu nunca fiz nada para não me sentir isolada.

Hoje estou mais sozinha, pois sempre fui só,
mas hoje, esta solidão faz-me doer o corpo, derrear a alma, sentir saudades.

Estou velha e cansada,
Sei vontade de nada.
Nem sede de ver, ouvir, ler ou olhar,
mas ficar sim, sempre estagnada.

Sinto nostalgia dos passos curtos, apressados,
das corridas desenfreadas de quem nunca se cansa,
para quem as horas são dias e os dias são anos.

Das mãos pequenas, macias, suaves, que apertavam as minhas sem medo,
me afagavam o rosto, me puxavam para algures...e eu ia
e brincavam com tudo, mesmo que esse tudo não fosse nada.


Fotos do Google

Por onde ando!

Uma enorme tristeza habita o meu coração,
uma ansiedade imensa percorre todo o meu corpo e mente.
Não sei de todo o que se passa comigo,
o que era vontade sumiu, e fiquei oca, vazia de tudo.
Estou sem forças, sem nada...
Estou despojada de bens, de sentimentos, de quereres e vontades.
Não sei o que pensar.
Queria fugir, sumir daqui.
Mas para onde, se para onde for ninguém me conhece, ou pior ainda,
todos me conhecerão e nada me esconderá,
pois o meu rosto reflecte bem quem sou e ao que vou.

Que poderei fazer para sobreviver nesta terra que pouco a pouco me engole viva,
me estrangula e seca, me transforma num ser inerte.
No que eu havia de dar.
No que me transformei.
No nada ser.
Mas era de prever.
Tudo o que tinha me tiraram, e o que não tinha mas criei dia a dia com esforço e muita luta,
esvai-se por entre os meus dedos, mais fácil que grãos de areia.
Os filhos estão nas suas lutas, a casa  fria, agora e mais que nunca, faz-me mirrar.
O companheiro vislumbro-o de quando em vez,
sempre no seu pedestal, que a ele, e ainda bem, lhe assenta como a ninguém.
Eu não teria força, nem coragem, talvez porque não o mereço, para subir tal engenho,
possuir tal graça.

Por onde andam os que amo e sempre amei?
Porque me deixaram só e assim perdida?
Sei que a vida como sempre continuará lentamente a deslizar,
e os dias um após outro, finalmente ditarão o meu final.
Aí estarei mais só, mais seca e mais vazia que nunca,
com a ideia de que nada fiz, e já sem memória de o lembrar.
MAS com a certeza firme,
que para isto a memória ainda que hirta não me faltará,
que apenas amei, amei sempre,
amei muito tudo e todos,
amei tanto,
que quem sabe, o tenha feito muitas vezes em demasia!

Rosa Maria


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cartas de amor

Todas as Cartas de Amor são Ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.


As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.


Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.


Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.


A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.


(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos

Fotos do Goggle

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O casamento da NITA

Olhava para si e sabia que não era aquela noite que tinha desejado para a sua noite de núpcias. Resolveu que ninguém o iria saber e devagar depois de ter lavado algumas partes do seu corpo, pois não conseguiu ligar o esquentador e a água estava gelada, encostou-se na cama e lá adormeceu encostada ao marido que dormia profundamente.


Curiosamente nessa noite não sonhou, mas de madrugada sentiu o seu corpo a ser percorrido por umas mãos que lhe eram familiares ao toque, e meio a dormir meio acordado foi correspondendo a cada gesto do seu amado, até que se envolveram num acto de amor lindo e terno como todas as noivas esperam ter numa situação destas.

Assim com alguma facilidade Nita esqueceu a carreira imensa de botões que teve de desabotoas na noite anterior para conseguir despir o seu vestido completamente só. Mas será que o esqueceria para sempre?

A vida de ambos estava só a começar e a partir dali tudo o que fizessem seria da responsabilidade dos dois. Será que estavam preparados para isso?

Passados nove meses, em Outubro nasceu a Beatriz uma menina linda, muito parecida com a mãe, mas durante estes nove meses, muitas cenas indesejáveis tinham acontecido na casa de Nita. Por vezes, alguns pratos e tachos voaram pelo ar indo parar ao chão, amolados, ou feitos em cacos. Carlos continuou muitas vezes a deitar-se sem se despir, pelo facto de chegar a casa embriagado, e Nita apesar de muitas vezes se repetir a cena do dia a seguir ao casamento, deixou de encontrar graça e interesse no estado do marido e no seu comportamento nessas circunstâncias.

Estava cansada das suas atitudes e quando o via chegar a casa trôpego, a trocar as pernas e a não conseguir dizer duas palavras seguidas, discutia e dizia-lhe constantemente que ele tinha de se tratar.

Nesta situação discutiam muito, demais até, e um dia aconteceu, Carlos empurrou e bateu até lhe apetecer na sua mulher. Nita barafustava e tentava proteger o seu bebé, que nesta altura ainda não tinha nascido, mas ficou magoada e sentida de uma forma sem explicação.

Desta vez não diria nada a ninguém mas para a próxima se ele o voltasse a fazer, diria para toda a gente o que ele lhe fazia sempre.

Beatriz entretanto nasceu, uma menina linda e robusta que depressa ficou aos cuidados da avó Fernanda para a mãe conseguir ir trabalhar. Agora ao contrário dos tempos de solteira, Carlos discutia com Nita pela forma audaz e meio exibida como esta se vestia:

- Nem sei porque não te despes mais? Aperta esse decote. Raios, nem sei como consegues andar com essa saia tão justa e esses sapatos tão altos?

- Conheceste-me assim, não foi? Então não sabias que era assim que gosto de me arranjar? Não sei porque refilas agora?

- Ficas indecente e parece que te vais vender a alguém.

- Indecente, eu? Tadinha de mim, sempre com os mesmos trapos. Vai mas é trabalhar que o frigórico não enche se lá não metermos coisas dentro, e deixa de ser bruto, olha a menina.

E muitas vezes a menina já crescidita ouvia tudo. Nesta altura pegava na sua boneca, sentava-se no rebato da porta do corredor escuro que dava para a rua e cantava, cantava cada vez mais alto, para evitar ouvir as vozes dos pais a discutir e muitas vezes o barulho dos cacos da loiça quando esta se espatifava no chão:

“Dorme, dorme meu menino,

que a mãezinha logo vem,

foi ganhar o dinheirinho,

pra dar papinha ao seu bem.”

Esta a cantiga que a avó Fernanda lhe cantava para ela adormecer quando a deitava para as sestas à tarde.

Depois da Nita não suportar mais, contou muitas coisa à mãe, que já sabia muitas coisas porque a menina lhe dizia muitas vezes:

- O pai é mau dá tau-tau na mãe e grita muito. É feio.

Fernanda achava que o melhor era a filha convencer o Carlos a tratar-se do vinho, pois esse andava a dar cabo dele e da família, e a vestir-se de outra maneira pois também reparava que ela se amostrava que parecia querer arranjar homem, mas se já tinha um, tinha que moderar esse seu jeito de sair à rua.

E Nita sabia disto pois continuava a ouvir os piropos do José da mercearia e de outros. E ela gostava disso, pois quando os ouvia o seu andar refinava e ela parecia que crescia em cima dos seus sapatos altos.

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sábado, 3 de dezembro de 2011

Se não estou....



Se estou só, quero não estar, (2-7-1931)


Se estou só, quero não estar,
Se não estou, quero estar só,
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.


Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.
A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada,
Mas falha se o não fizer,
Fica perdido na estrada.



FERNANDO PESSOA
    fotos Google

Minha filha MULHER!

Relembro sorrindo de um tempo passadoTeus cabelos trançados "Maria chiquinha"
Minha  boneca doce, filha e menina linda.
O vestido bordado azul às florzinhas,
as golas de renda, os chapelinhos de palha
E a tua alegria constante ao meu lado.
A vida inteira procurei descobrir



De nós duas, qual era a mais criança

Se era eu contigo no meu colo, ou de mãos dadas

buscando a tua confiança
Ou tu no teu jeito engraçado e carinhoso de rir ,
segurando a minha mão onde eu buscava proteção e apoio.
Minha filha, minha amiga amada
Que de ternura, tua face tem tanta. 



Mistura tão linda de mulher 
e de jovem livre e amada

Minha estrela na terra, minha lua, de AMOR, iluminada !

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

VÊ-LA PARTIR DÓI..

Esta será talvez a primeira e a última carta que te escreverei.

Sabes que te amo. Amar-te-ei sempre porque és um pedaço de mim, porque te desejei desde o primeiro segundo que as duas células que por amor se juntaram e multiplicaram até que tu fosses capaz de vir ao mundo, estavam dentro de mim. E tu e eu sabemos que uma dessas células era minha. E ainda dentro de mim amei-te cada dia mais e mais.

Cresceste tanto e tão depressa que quase parece um sonho. Mas ainda recordo bem a tua mão pequena presa à minha, procurando com doçura o caminho certo a seguir fosse o que fosse, quase nunca para pedir, porque te dei sempre o que gostavas e ainda o que tu nunca exigias, mas porque encontravas apoio e aconchego na minha mão maior que a tua que sempre me afagava.

Já mais crescida a tua mão fugiu à minha, já não precisava mais desse conforto e eu que senti a sua falta, mas aceitei o teu desejo. Tinhas crescido e decerto encontraste outra mão por companhia. Sei disso. Ainda bem.

Mas tenho saudades desse teu carinho pequenino. Dos teus olhos ternurentos e meigos, pequeninos e tão lindos procurando o meu apoio constante, o meu amor, o meu abraço e mimo.

Como tenho saudades de ti com os teus lacinhos, com as fitas de cabelo coloridas, das tranças cruzadas que te ficavam tão bem e que eu te fazia com tanto amor e ternura. Muito mais tarde que saudades de te ver sair à noite arranjada no teu estilo tão próprio e acordares já tarde de má cara, porque a noite longa não te deixara dormir o suficiente. Foste sempre rabugenta ao acordar.

Que saudades de tudo que tu eras, só porque eras mais minha, e porque por seres pequenina, te sentavas ao meu colo, me olhavas e ouvias atenta, me apreciavas, e simplesmente, me chamavas simplesmente mãe.

És a minha princesa, a minha rainha. Cresceste e hoje és já uma senhora.
Uma mulher calma, segura, competente, independente, muito sóbria, bonita e valente, uma mulher que me orgulha por seres a minha filha, um  amor meu sempre presente.

Mas hoje já não me olhas como antes. Não tens tempo, nem paciência. Eu ocupo-te o tempo que precisas para viver a tua vida. De ti pouco sei, e há muito que as minhas mãos vazias nem sabem mais se as tuas estão quentes ou estão frias´. O que mais desejo é que os teus dedos finos e delicados  dessas tuas mãos que já não são minhas, nunca venham na vida que te espera, a estar frias ou vazias.

Minha filha, minha dádiva de Deus, que cada dia me foge mais e mais para todo o sempre, desejo que sejas para sempre eternamente uma rainha.
Hoje já não me és quase nada, pois tens a tua vida, e precisas vivê-la bem diferente e longe da minha, mas sinto tanto a tua falta e tenho tanta nostalgia..., que precisava dizê-lo aqui , e calar-me depois para sempre.

Deixa-me ficar com as minhas saudades até que me habitue e aceite que te perdi, mas deixa que isso aconteça devagarinho, para que me habitue a viver sem sentir tanta esta dor e toda esta melancolia.

Não sou capaz de pensar que não me amas, que não me ligas, que me tratas com indiferença e alguma crueldade, exactamente o contrário do que queria que fizesses, mas digo-te hoje que é isso que muitas vezes sinto, que não me estimas como devias. Nunca mais to direi, pois sei que vais ser feliz, e não precisarás mais de mim, nem do meu carinho diário e atento.

Não te importes comigo pois hei-de sobreviver, mas não te esqueças que o que sinto dói, e que desejo que um dia não venhas nunca a experimentar esta dor que me fazes muitas vezes sentir. Previne-te.

Quem sabe se te amei sempre demais e não soube aprender a ouvir o teu amor. Mas penso que não, pois não o pressinto assim. Parece-me que o teu amor me fugiu, partiu contigo, e tu estás certa que eu aqui fiquei segura e bem.

Mas não fiquei, pensas errado, se é que pensas algo de mim.  Eu precisava que me chamasses mais vezes “mãe”, que continuasses a pegar-me de quando em vez na minha mão, me levasses a passear quem sabe para falarmos, sem discutir, somente de futilidades e quem sabe  me perguntasses: “ MÃE ESTÁS BEM?”

Que saudades tenho sempre de ti minha filha querida, ontem, hoje e amanhã, para toda a vida, e como te quero bem.
Sinto tanto a tua falta, que o coração me dói  que parece rebentar… Mas é a vida e desejo que sejas eternamente feliz, muito mais que alguma vez eu consegui ser.

Serão estas coisas,  coisas de mãe, simplesmente, não sei?.
Mas nesta carta fecho o que sinto e espero continuar a viver com o que me resta…, que é pouco, porque me sentirei eternamente mal-amada, mas isso que te importa ou a alguém!



Adoro-te sempre, para além de mim, mesmo depois de um dia partir para algures, de onde nunca mais voltarei a vir até aqui.


A tua mãe que te adora.



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Minha noiva Linda

A minha filha vai casar.
O seu vestido de noiva está comprado e é o mais bonito de os vestidos que todos os que alguma vez vi.
Fica-lhe bem. Melhor que nenhum outro.
Sobre ele, caindo-lhe da cabeça, uma mantilha que acompanha a cauda do vestido em toda a sua extenção, dá-lhe um ar de princesa real.
Na cabeça uma teara simples completa o arranjo junto com a mantilha, tornado o seu rosto mais belo ainda,porque a minha filha é linda.

O seu ramo, o ramo que ela escolheu, é todo de flores maravilhosamente belas, brancas ou de um tom pérola, onde o verde aparece salpicando o ramo no sítio certo dando-lhe o contorno devido e realçano-lhe muito as flores que o compõem, transformam-no naquele que será decerto no dia do seu casamento, o mais bonito ramo de noiva que ela , a minha filha, podia ter escolhido.

O seu ramo em foram de boquet é perfeito.

Hoje escolhemos a decoração para as mesas e para o local da cerimónia, e não tenho dúvida que pela escolha feita, tudo  ficará excepcional.
As mesas cobertas de toalhas pretas serão adornadas no centro, por arranjos de flores brancas, iguais às do ramo, salpicados aquém e além por algumas folhas verdes. Esyes simples mas graciosos, colocados sobre espelhos ladeados de velas acesas que  darão ao arranjo mais brilho e distinção, transformarão cada mesas num local onde cada convifdado sentirá prazer em permanecer.

A sala vai ficar linda, perfeita, disso tenho a certeza.

Ainda faltam 10 dias, e muita coisa para fazer, mas tudo estará correcto naquele dia.
Confetis, saquinhos com flores, arranjo dos presente paras convidados..., cabelos, maquilhagem, tanta coisa que falta...pormenores que passam pelo arranjo da casa, minha e dela, mas tudo se fará a seu tempo, e o que importa é que os noivos estão felizes.

O bolo, será uma surpresa para todos, por vontade dos noivos.
Os marcadores dos convidados e o placard para os colocar também serão surpresa para todos incluindo eu,  mas decerto que tudo estará muito bonito no dia da cerimónia, incluindo o local da mesma que numa próxima ocasião descreverei.

A música, que é o tema do casamento preencherá o dia de alegria e momentos inesqueciveis para os convidados.


Estou ansiosa pela chegada daquele dia ....mas já sinto alguma pena e até nostalgia, pois sei que ele  chegará depressa, ao fim...Que parva sou!

É A VIDA, que desta vez me está a dar um belo presente, o casamento da minha princesa, a minha filha, que é e será sempre, a Lua da minha vida, porque me tranquiliza e acalma, me compreende e apoia, e vai com certeza ser muito feliz porque merece.


Agora não quero pensar mais nisto, porque ao mesmo tempo que me alegra também me entristece.
Mas que mãe sou EU?

 Serão todas como eu, tristes por perderem o luar que as visitava todos os dias?

Adoro-te minha filha, e desejo que sejas muito feliz , muito mais que eu, muito mais... , e olha que eu também vivi momentos de muita felicidade..um deles quando nasceste...
QUE LINDO QUE FOI ter-te tanto tempo no meu regaço.

MAS se precisares o meu REGAÇO estará sempre aqui para te acolher, como antes quando eras pequenina e te refugiavas nele.

 OBRIGADA FILHA, por me dares estes momentos de  felicidade.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os sonho de Nita

- Não deves ralar-te com o que as pessoas possam dizer do teu vestido, ou da casa para onde irás viver. A Celeste trabalha muito bem e se te fizer o vestido de noiva, fá-lo-á muito bem, tenho a certeza, e a tua casa mesmo simples quando a tiveres, será tua e o que precisas é que dentro dela não te falte paz e amor, porque penso que nem tu nem o Carlos são preguiçosos, portanto o pão de cada dia não vos faltará. O que precisas saber é se gostas do Carlos para viveres o resto tua vida e perderes um pedaço dessa tua presunção.


- Estás-me a chamar vaidosa, vaidade não custa dinheiro, cada um toma a que quer, ou não?
- Ai custa, custa, a tua custa que bem vejo, mas isso não vem agora ao caso. Tens é que conversar com o Carlos, entenderem-se um com o outro e teres a certeza se ele é o homem que te convém. Olha que beijos e abraços não sustentam barriga.

- Gosto dele sim mãe, mas ele às vezes bebe realmente um copo a mais. E se isso piorar e eu não o conseguir controlar? Sabes que não sei se sonhei se alguém me disse, que bebe desde pequeno porque o pai em vez da merenda lhe dava vinho, quando o levava para trabalhar.

- Raios, ó rapariga cala-te com esse sonho, e com esses ditos e mexericos, que já me estás a moer os ouvidos com tanta coisa. Pões-me aflita. Olha lá, pergunta-lhe se isso é verdade, e fica tudo esclarecido.

- Vou tentar falar com ele sobre este assunto, mas com cuidado para ele não desconfiar que penso que bebe demais. O Carlos é lindo e eu gosto dele. Sei lá se se vai chatear comigo, por lhe falar desta questão? Uma coisa que eu sei, é que ele é ciumento e desconfiado.

- O que também não é muito bom. Mas hoje não tens mais que fazer, não vais trabalhar? Vá, bebe o café, cala-te e vai-te vestir, senão perdes a camioneta.

Nita trabalhava em casa de uma senhora em Viseu, cujo marido era um médico de renome naquela cidade, e ia e vinha, todos os dias de camioneta para a cidade. Esperava que o marido da senhora, o senhor doutor, um dia lhe arranjasse um emprego nos serviços do posto médico onde trabalhava, como auxiliar fosse do que fosse, por isso nunca abandonaria os serviços daquela casa, além de que gostava muito da senhora.

Nas horas que tinha depois de sair da senhora e depois de chegar à aldeia, ganhava umas horas nesta e naquela casa, nalguma limpeza para que lhe falavam ou então a passar a ferro, o que fazia na perfeição. E desta forma ia ultimamente aos poucos arranjando o seu pé-de-meia.

A mãe de Nita, a Fernanda, levantava-se sempre cedo pois tinha que dar a ração e “lavagem” às galinhas que tinha na capoeira, à porca que tinha no curral e a duas cabritas que tinha presas noutro curral mesmo ao lado, que lhe davam algum dinheiro a ganhar. As galinhas serviam para a alimentação da família, a porca para fazer criação e as cabras também, ainda que de vez em quando, fosse uma festança lá em casa quando fazia a matança de um porco nascido da porca e que ela não vendia e criava para tal, ou de um cabrito que matava para alguma ocasião especial, como era a Páscoa ou o Natal.

Naquela manhã apesar de não ter referido isso à filha, ficou incomodada com a sua enorme preocupação pelo sonho intenso que tinha tido. Como qualquer mãe, não queria nada que a filha se casasse e viesse a ser infeliz. Aquela aflição da filha também a apoquentou.

E se o rapaz fosse mesmo mais pegado ao vinho, que a tudo o resto? Seria isso tudo verdade? Do que conhecia dele tudo lhe parecia possível, mas o que havia de fazer? Era o namorado da filha, estavam fartos de andar juntos e se se largasse a Nita iria ficar falada na aldeia.

Se se pudesse saber o futuro, mas sabia que a filha não podia nunca casar com um doutor, pois era simples e sem estudos, mas se isso acontecesse nada garantia que o seu futuro lhe fosse mais risonho.

A sorte não está na fortuna nem nos títulos, ainda que estes ajudem, mas no trabalho e na honestidade de cada um, e depois tem que se ter saúde, que o resto bem por arrasto. E era assim que a Fernanda, a mãe da Nita, pensava. O rapaz era bonitão e aparentava ser trabalhador e a Nita era muito jeitosa, e também não era preguiçosa, por isso parecia-lhe que estavam bem um para o outro.

Quem seria capaz de prever o futuro?
 Raios, aquilo tinha sido um sonho, mais nada. Todos os homens que conhecia na aldeiam bebiam e tinham as suas vidas.

A filha havia de ser feliz com aquele rapaz.



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domingo, 13 de novembro de 2011

O casamento da Nita

Ele era meigo e sedutor, e com meia dúzia de beijos e promessas de amor perpétuo, Nita esquecia sempre as pauladas, os encontrões, as negras que ele lhe fazia, e não lhe conseguia resistir, porque nestas ocasiões as suas mãos ficavam mais macias que a seda e conseguiam fazê-la sonhar e imaginar que estava no céu.


Ela pensava sempre que homem que é homem bebe, e portanto se o seu bebia não era nada de tão grave assim, e depois havia ocasiões em que ele até a fazia rir.

E um dia, como já era de prever, uma dessas reconciliações acabou numa cena louca de amor que a deixou grávida. Foi um deus nos acuda para contar à mãe e depois ao pai, aquela situação. Tanto ela como o namorado pensaram e discutiram muito sobre a gravidez, pois o Marques pensava que o melhor era ela fazer um aborto. Mas isso era muito caro, e nenhum deles tinha dinheiro para pagar tal coisa, e além disso proibido e Nita sabia que podia até ir presa se o fizesse e fosse descoberta, pois já o ouvira dizer a alguém.

Nita não conhecia amiga nenhuma que alguma vez o tivesse feito, e não podia chegar ao médico e dizer que não queria aquele filho, só porque era solteira e o namorado também não o queria. Além disso, a ideia de fazer um aborto incomodava-a e dava-lhe medo, por ser algo que bem no fundo desejava não fazer, pois amava o namorado e o que mais queria era casar com ele. E assim um dia o Marques confessou-lhe que queria esse filho e queria casar com ela. Gostava dela e apesar de pobres haviam de sobreviver e de ter ainda mais filhos. Esse dia foi um dos mais felizes dias na vida da rapariga que nunca ouvira o seu namorado falar-lhe daquele jeito.

O que mais assustava Nita era lembrar-se da vergonha e aflição que passaria para dizer ao pai que estava grávida, mas tinha que o fazer. Ela tinha o seu orgulho, sempre com a mania de saber fazer tudo perfeito, meio mandona e autoritária, e como naquela situação falhara, sentia-se comprometida. Mas tinha que o fazer, mesmo que o pai lhe dissesse o que ela não queria ouvir e lhe desse alguma paulada, a não ser que conseguisse convencer a mãe a fazê-lo por ela. Assim, pensando melhor resolveu contar primeiro à mãe que ficou alarmadíssima e ralhou com ela como se o mundo fosse acabar, dizendo-lhe depois de acalmar um pouco:

- Já sabia que de ti não podia esperar outra coisa. Tanto namoro e apertão, tanta saída sei lá eu para onde, não podia dar coisa melhor. Não és a primeira a casar de barriga, e não serás a última, mas o rapaz será que te irá fazer feliz, não vês as cenas que faz quando bebe? Que falta de tino, tu, que tinhas a mania de ser tão esperta olha como te deixaste levar.

- Mas não vês como gosto dele, mãe? É dele que gosto, de mais ninguém. E depois que me importa estar grávida, já estávamos a pensar em casar, sabias, não sabias? Pronto, assim já vai o trabalho feito.

- Tu e as tuas respostas descaradas e sempre na ponta da língua. Anda, vai lá dizer isso ao teu pai e ouve o que ele te diz.

- Ao meu pai dizes-lhe tu. Olha, sabes que mais, podíamos nem lhe contar, tratávamos do casamento, antes da minha barriga crescer e pronto, estava o caso resolvido. Sabes, já tenho andado a comprar umas coisas para o meu enxoval e também não é preciso muito.

- Tu, e as tuas ideias malucas, mas parece que pelo menos, estás a fazer algo acertado, pensando no enxoval, pois bem que te vejo a trazer algumas coisas para casa. O que te posso dar não é muito, pois o dinheiro é escasso e para fazer o casamento à pressa. Acho mesmo que o melhor será casares, que se não for com este será com outro, e se ele te tratar mal não será por não saberes e não teres sido avisada. Pelo menos já sabes o que levas. Vê se o consegues endireitar.

- Sendo assim, não te esqueças de falar ao pai que eu e o Carlos estamos a pensar casar, ouviste? Depois ele passa por aqui e começamos a preparar tudo. E tu, mãe, vais comprar-me também umas coisitas que preciso que o meu dinheiro é curto.

- Tu e as tuas ideias. Julgas que não me preocupa essa tua pressa...

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Menino de Ninguém 1

O casamento


Ambas as famílias consideravam que o melhor era casá-los. Naquela altura parecia ser o mais acertado a fazer, para a tranquilidade e felicidade de todos.

A rapariga, bonita e até algo prendada em casa, muito cedo desistira de estudar. Ficara unicamente com a quarta classe, garantido aos pais que não precisava, nem queria saber mais do que suspeitava ser o suficiente para ela. Estudar era uma estopada, e para que havia ela de saber outras coisas, se queria era começar a trabalhar o mais rápido possível para comprar roupas novas, botas, sapatos e carteiras, como via as artistas usarem nas revistas que lia. Aprender mais do que já sabia, o que era manifestamente pouco, e que aos seus olhos era já demasiado, não era o seu objectivo, interessando-se mais pelos bailes, festas e namoricos.

Bastava-lhe para ser feliz o aconchego que tinha em casa, onde era tratada pelos pais como queria, pois conseguia dar-lhes sempre as voltas conseguindo sempre atingir tudo o que desejava pois tinha a mãe sempre do seu lado, vá se lá saber porquê. Não valia de nada as tias dizerem muitas vezes à Fernanda, mãe da Nita, como lhe chamavam todos:

- Ainda vais acabar, por estragar a tua filha. Não há nada que ela não queira que não consiga obter. Nem a deixas perceber como a vida custa é difícil. Prece que vive nas nuvens. Um dia vais arrepender-te e será tarde. Deus queira que a gente se engane…

Mas a mãe da Nita, a Ana para muitos, nunca deixou de ser a sua filha única, uma menina loira de olhos azuis, bem-feita, de contornos arredondados mas perfeitos e com uma maneira de ser muito própria, que Fernanda adorava acima de tudo, e talvez por isso lhe fazia todas as vontades e a protegia de todas as suas acções menos corretas encobrindo-as do pai.

Assim, logo que começou a trabalhar, para senhoras que a contratavam à volta da sua aldeia, indo inclusive de camioneta até Viseu, a cidade mais próxima, onde arranjou trabalho nalgumas casas, aplicava-se com aprumo ao trabalho fazendo tudo com correcção, pois a mãe nesta área, tinha sido para ela uma óptima mestra.

Nita, começou assim muito cedo a ganhar algum dinheiro mas tudo o que ganhava, gastava para se arrumar e enfeitar como entendia, e por mais que a mãe a aconselhasse a guardar algum dinheiro para o seu futuro, pois não era pobre, ela tinha sempre algo mais para comprar. Muito cedo se habituou a não dar muita importância ao dinheiro, a não valorizar a sua importância apesar de ser resultado do seu trabalho. Depois as saídas com as amigas que pensavam como ela, os bailes e festas ou simples saídas até um bar ou café, os namoros com um e com outro faziam-na feliz, e pensava que não precisava de nada mais para ser feliz, até que conheceu aquele rapaz.

Bonito a valer, o Carlos, até era trabalhador afincado, pintor desde miúdo pois aprendera com o pai, mas mais que isso aos olhos de Guida era simpático, de cabelos escuros, encaracolados, alto e vistoso, com os seus olhos negros e pestanas longas que pareciam querer chegar à lua, os lábios carnudos e bem delineados que lhe davam um ar de artista, de galã de televisão, mais parecendo um desses moçoilos capazes de ser modelo de qualquer marca afamada, o que encantava a rapariga.

Mas Carlos, o Marques como os amigos lhe chamavam, tal como ela, a Nita, e todo o ser humano, tinha alguns defeitos e o mais grave de todos era gostar de beber. Ele não tinha conseguido fazer mais que a terceira classe do ensino básico, muito pouco, tendo em conta que vivia nessa altura no início da década 70 onde o analfabetismo em Portugal tinha diminuído bastante e o 6º ano era obrigatório. Mas o Marques tinha que ajudar o pai a pintar nas obras que tinha para acabar. Desde muito pequeno era um mestre. Com um pincel muito fino, contornava ombreiras de portas e janelas com mil cuidados, ou contornava da mesma forma e com igual cuidado e perfeição as paredes de cada divisão a pintar, em toda a volta, e essa era uma ajuda que o pai não dispensava.
 O pior é que havia alturas que para matar a fome dos longos dias de trabalho, o miúdo a mandado do pai que fazia o mesmo, enganava o estomago com um copo de vinho, muitas vezes pouco depois seguido de outro e por isso se foi habituando. Para o pai isso não representava mal nenhum, pois se o miúdo tinha fome e ele tinha o vinho que a ele lhe parecia dar força, dava-o a beber também ao Marques que ia bebendo e trabalhando, chegando a casa à noite meio trôpego. Depois de comer algo, deitava-se e dormia sem vontade nenhuma ao acordar no dia seguinte, de sair e ir à escola, pois tinha sempre muito sono e nunca percebia nada de nada do que a professora dizia. E foi assim que o Carlos só fez a 3ª classe.

Mesmo assim a Guida não conseguiu fugir aos seus encantos e beleza, e pouco depois de se conhecerem, da Nita saber que ele era pobre, mas era pintor, o resto não lhe importou, e o namoro de ambos começou e passado algum tempo estava mais que certo daria em casamento.

Nita estava apaixonada, e apesar das cenas contínuas que Marques fazia quando num baile ou noutro bebia mais que a conta, ou até numa simples reunião familiar, quando ele se embriagava à mesa, pois acabava sempre por beber mais que comer, e fazia com que todo o ambiente se voltasse às avessas, transtornado tudo e todos, pis passou na adolescência a ser violento. Nita não queria mais largá-lo mais, apesar de tudo, dizendo sempre que um dia quando casassem ele mudaria, pois quando o Marques voltava a si era o jovem mais apaixonado e ardente que alguma vez Nita tinha conhecido.

Os pais de Carlos estavam convencidos que sim, que o casamento lhe faria bem, e que mais tarde responsável por uma família ganharia juízo e aquele seu hábito de beber abrandaria.

Fotos do Google

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O inicio de uma vida

Quando Isabel e Pedro chegaram àquela aldeia, não conheciam ninguém, como ninguém os conhecia a eles. Levavam consigo uma mala com alguma roupa, pouca, e o coração cheio de esperança de conseguir concretizar muitos sonhos. A casa que os esperava, muito pequena, com uma minúscula janela que dava para a rua principal, tinha sido arranjada anteriormente pelos pais dela e enfeitada por ela, com o indispensável para os dois se sentirem no mínimo confortáveis.


Uma divisão muito simples, a que chamaram quarto, com o mobiliário que conseguiram adquirir, bem diferente daquele que Isabel idealizara, mas com o suficiente para conseguirem começar uma vida juntos, seria o seu refúgio de amor. Nas paredes uns cortinados brancos, ocultavam um pouco a rudeza das paredes, dando ao quarto, um ar mais nobre e aconchegado, o mesmo encanto com que procurava enfeitar os seus dias. Deste passava-se para a cozinha, onde uma mesa redonda, feita pelo avô Francisco, tinha lugar de honra, rodeada por quatro cadeiras, que ficariam para a história, compradas a propósito. No início, na sala só havia no espaço que parecia amplo, a tábua de passar a roupa.
Nem sofás, nem cadeiras, nem mesa, nem móvel, nem nada para lá colocarem, além deles próprios, que muitas vezes se rebolaram e menearam nesse chão, fazendo dele seu enxergão, e nele se amaram, enrolando-se sem cansaço, contando-lhe mil e um segredos, nesse tempo em que Isabel e Pedro, como todos os jovens amantes e enamorados, idealizavam que o amanhã será sempre como aquele instante, risonho e fácil.

Uma casa de banho, onde a água caía do chuveiro, liberta como do céu, podendo molhar-se à vontade as paredes e o chão, escorrendo depois livre para a rua. Mais adiante a porta de saída para o quintal, com um pequeno e minúsculo canteiro de flores. Junto à porta, um tanque onde Isabel lavaria a roupa à mão.

Tudo feito a propósito para os noivos viverem bem, e não se sentirem mal acomodados, porque tudo, era manifestamente pouco, ainda que para início de vida, a Isabel, tudo parecesse muito e grandioso. Ali, naquela casa, começava a sua vida com Pedro, uma vida que ela aspirava ser de liberdade, de muito amor, paz e muita felicidade. Ao princípio, ali, Isabel quase se sentiu uma rainha, e digo sentiu, porque mais tarde me confessou, que passados uns tempos começou a aspirar ter uma casa maior, com mais algum conforto, um melhor quarto, com uma janela que pudesse abrir e lhe permitisse arejar a casa e todo o lar. ~
Uma porta que desse para a rua, mesmo que não tivesse sala de entrada, por onde pudesse entrar e sair quando quisesse, já que a entrada desta sua pequena casa, era feita pelo quintal das traseiras.

Este tanque de lavar a roupa, trazia-lhe à mente recordações menos agradáveis da infância. A mãe passava o dia de volta da roupa da família, e também ela ali, tinha que lavar toda a roupa, atá aos tapetes do chão, o que não a incomodava, porque tinha a esperança de um dia mudar, mas que a arrastava e puxava a ficar presa ao passado com pensamentos contínuos que não a largavam. ~
Que sonho tão simples era o de Isabel, o de um dia sacudir o pano de limpar o pó da casa, numa janela frondosa, porque nesta altura ainda não lhe passava pela cabeça a ideia de comprar uma máquina de lavar roupa, engenho muito dispendioso.

Era uma casa interior, muito pequena, junto ao local de trabalho de Isabel, uma casa daquelas onde o Sol nunca entra, nem pede para penetrar, e para ele se poder olhar, tem que se vir à rua, onde é de todos e não vive a paredes meias com ninguém, nem pede licença para entrar.

 
 
Isabel pretendia inúmeras coisas, e a primeira de todas era poder conviver com o Sol, vê-lo todos os dias a sorrir-lhe, e umas atrás das outras, as realidades que naquela altura não conseguia alcançar, poder um dia segurá-las nas suas mãos.
 
 
Fotos do Google

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

POR DETRÁS DE CADA FLOR!!!



Poema da flor proibida
Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.

Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colocado
exactamente por detrás da flor.
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.

Abro as narinas para respirar
o perfume da flor,
não de repente
(é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de coco.

Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor.
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo,
ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.

Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar.



António Gedeão
João Sá da Costa

Retirado do Google
2001

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Saber AMAR

Por vezes sinto-me tão insignificante como um grão de areia. MAS MUITOS JUNTOS é que fazem um areal, e tantas coisas infidávies que se fazem com a areia...
O pequeno grão que sou, não faz parte do areal....deve andar perdido, negro, escuro, encostado nalgum buraco de valeta...

MAS TENHO A CERTEZA QUE SE TODOS FOSSEM COMO EU, NO MUNDO HAVERIA PAZ...QUE PENA EU ANDAR PERDIDA...

Nunca fiz nada, não sei fazer nada, e todos os dias, algo me empurra mais um bocadinho nos ombros para me enterrar...

E eu continuo a fazer de conta que está tudo bem, eu que não sei nada, não valho nada, não presto para nada. Vida ridicula e sem jeito nenhum, esta que levo....

Se pelo menos eu soubesse AMAR !!!




Fotos do Google

sábado, 15 de outubro de 2011

Querida NÉ

PARA A MINHA QUERIDA AMIGA NÉ

Ainda no sábado passado estava feliz, ou fazia por isso, pois estranhamente não sentia qulaquer nervosismo, ou tensão fora do habitual, por imaginar que há tarde iria ser o lançamento do meu primeiro livro, no café Santa Cruz em Coimbra.
Decerto, estava um pouco na expectativa para saber se iria ter muita ou pouca gente a presenciar esse meu acto, mas nada disso transpôs para o meu corpo ou espirito, alguma inquietude capaz de me agitar em demasia.
Em contrapartida neste dia, como em tantos que viveste nos ultimos anos da tua vida, tu já estarias decerto em intenso sofrimento

Hoje, que gostaria de descrever aqui, essa minha tarde animada e feliz, ao abrir o jornal, reparo que tu Né, minha doce amiga, que conheci por acaso num ginásio e te tornaste minha amiga porque aos poucos fomos conversando as nossas vidas e preocupações, e assim nos fomos unindo, tinhas partido para uma longa viagem. Essa doença que há muito te devorava dia a dia um pedacinho, venceu-te, apesar de a cada instante teres tentado sempre como poucos guerreiros, levar-lhe a dianteira. Finalmente levou-te a viajar até ao descanço eterno.
Partiste sem dizer nada como tinhamos combinado, mas sei que o teu final deve ter sido tão penoso, que finalmente te esqueceste dos outros e te entregaste ao teu sofrimento, pois as tuas forças devem ter chegado finalmente ao limite. Foi sempre este o final dos grandes guerreiros que ficaram na história.

Atravessado no teu coração levaste o teu filho Afonso, aquele menino que era a tua vida e te segurou a ela todo este tempo, que foram anos de luta e intenso sofrimento. Afonso, fica com muitas saudades tuas, tantas quantas tu levaste dele, mas fica com o exemplo de uma mãe corajosa e valente como nenhuma outra, porque ele sabe que a sua mãe, TU, foste sempre incomparávelmente a melhor mãe, que ele poderia ter tido neste mundo, que não o abandonou nunca e ficará sempre com ele a vigiar e guardar todos os seus passos. Foste e serás sempre a sua mãe coragem, exemplo de força e valentia, mãe atenta e dedicada com um tão grande amor por ele, que perdurará para além da existência carnal. Tenho a certeza que estás e ficarás para sempre a olhá-lo e a protegê-lo, cada dia e em cada instante.

Onde estás, repousa agora em PAZ, mas não te esqueças de olhar também por nós, que todos precisamos da tua ajuda, da tua força. Orienta-nos para sermos como tu, orienta-nos a resistir até ao limite das nossas forças, pois tu foste capaz de as ultrapassar. E pede a Deus, agora que estás junto Dele, que faça com que o mundo melhor, pois a nossa vida por aqui é uma mera passagem.
Obrigada minha querida amiga, pela tua tão nobre passagem neste mundo, que a todos ensinou como devemos viver, aceitando com um sorriso o que Deus te ofereceu de bom e de mau.

Um dia ainda havemos de nos encontrar e conversar muito.
Beijinhos querida NÉ :)