quinta-feira, 10 de junho de 2010

Paz, quero paz!

Imagino que não devo ser normal.

Ninguém pode estar permanentemente aflito, perturbado, ansioso, vivendo um desassossego oculto, mas inquieto e agitado, como se daí a segundos o mundo fosse desabar, algo terrível fosse acontecer, prevendo a cada instante uma enorme catástrofe, como se a terra de repente nos fosse engolir e naquele segundo exacto, algo absolutamente catastrófico fosse acontecer!
Pensa-se sempre o improvável!

Não consigo encontrar paz, e tudo o que queria era isso, PAZ, queria conseguir viver em paz comigo, encontrar tranquilidade interior para viver em paz com o mundo. Acordar de manhã e sentir-me inundada em PAZ.
Não deve existir melhor condutor da vida, que a capacidade de sentir paz interna. Só essa sensação nos deve dar força para continuar a viver e suportar as dificuldades da vida.

Sem paz, não tenho essa força…
Sem paz, não consigo sentir prazer, nem nas coisas grandiosas e formidáveis, nem nas pequenas e mínimas.
Todas se tornam fúteis e insignificantes, representando todas um emaranhado confuso de situações que suporto com dificuldade, porque fazem parte da vida que vivo. Perco da vida, a oportunidade de apreciar a beleza das coisas simples e puras ….
Queria sentir paz em meu redor, por dentro, por fora, na alma, no corpo, na mente, uma paz tranquila que me inundasse o espírito, me lavasse a alma toda, me envolvesse de luz e calma, e me deixasse viver sem fobias…
Enfrentar as banalidades do dia a dia, as pequenas coisas comuns que todos fazem, como passear num jardim, caminhar numa rua, ver montras, viajar de autocarro, comprar umas flores, um livro ou uns sapatos, consultar um médico, visitar um amigo, ir ao supermercado….,queria eu fazê-las como todos, como tarefas normais, sem sentir aquele frenesim constante que me acompanha, uma sombra permanente, um aperto na garganta e no peito que me sufoca, um mal estar que me assusta e não sei explicar ao certo como, mas me domina completamente, como um castigo permanente que carrego, tal qual fosse um castigo merecido…

Pequenas coisas simples, que me confundem, me assustam, me afastam do mundo, me complicam a vida , me transformam os dias num verdadeiro suplicio.
Não é fácil viver com medo. Não é fácil compreender porque se tem medo . Faz-nos sentir fracos, indefesos, incapazes, incompreendidos.
O coração dispara, parece que nos vai sair do peito, a boca seca, o corpo treme todo, faltam-nos as forças nas pernas, a visão fica turva, a respiração aumenta, parece que nos falta o ar, e de um momento para o outro parece que o nosso corpo vai rebentar ou então cair inanimado. É sempre difícil descrever o que acontece, porque são minutos que parecem horas de angustia e sofrimento. A vontade é sair “dali” o mais depressa possível e fugir, e o melhor refugio possível é sempre a nossa casa.

Viver assim diariamente, não é fácil. Diria mesmo que é muito difícil. Viver assim e ocultar das pessoas, dos amigos este lado negro é como viver em risco permanente.

Nunca saberei como tudo começou, lembro-me de ter medo de tudo em pequena e quando cresci, tudo se complicou…
Nunca serei como aquelas pessoas com quem me cruzo diariamente que me parecem sempre todas irritantemente tranquilas . Vejo-as calmas, e eu sinto-me sempre estranhamente agitada, ansiosa, perturbada, vivendo dias de permanente luta e conflitos internos, como se eu fosse a única pessoa ansiosa a viver no mundo de hoje…

Pergunto-me porquê, porque sou eu assim, e não encontro resposta alguma que me satisfaça.
Vivo dias de plena insatisfação, repletos de ansiedade, fobias, receios, e insegurança.
 Haverá algo pior que viver constantemente na incerteza e no escuro?

Que seria de nós se fosse sempre noite, se o sol nunca brilhasse, se a chuva nunca deixasse de cair, se os jardins não florissem, se o mar não acalmasse …?

…. toda a vida seria diferente, como a minha!…

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