quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sorrindo...MAS CARENTE


 


Mesmo carente,
quanto alegria vista
Mesmo triste,
quantos sorrisos soltos
Mesmo infeliz,
quanta ânsia e amor encobertos,
quantos abraços dados em ocultos,
abraços não recolhidos, 
nunca sentidos,
suspensos num ai imenso,
num viver atordoado,  
compulsivamente sofrido
de uma vida corrida, 
numa espera constante,
não aquela que desejei, 
que sonhei
mas que nunca encontrei
e decerto não será mais minha
porque não a mereço,
não serei digna de tal beneficio


Viver, e amar,
dar e receber de forma inteira e plena
Subir ao céu, voar pelas estrelas
Acordar e estar colada num abraço eterno
solido e sincero,a ti.
Um abraço que perdura
para além do tudo e tanto,
o tanto e tudo que eu queria imenso.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Outro tempo.....


Estou  cansada de tudo e nada,
 sei que estou cansada.
Que me importa sonhar mais,
 se os meus sonhos,
aqueles que mais queria e desejava,
o desvendar dos meus sentidos 
nunca ou pouco escutados,
a vontade forte que me invadia até ontem
de subir até ao final do horizonte,
por lá ficar a navegar, 
e espraiar sem medos ou vergonhas 
os meus ensejos mais secretos,
imaginar e sentir as emoções mais nobres e doces
o amor mais querido,
não só da alma, 
mas do corpo
me foram todos roubados,
arrancados do peito, 
da minha carne magoada,
levados por uma tempestade gigante
como nunca tinha visto outra antes.


Ninguém teve culpa, 
ou quem sabe, 
tenha sido eu a  maior culpada,
que antes, 
no antes de ser hoje,
mais cansada ainda, 
me neguei, 
quem sabe de correr atrás da sorte
desse amor desejada, mas ambicioso, 
e matreiro, desdenhoso


De repente, tudo se foi. 
Tudo parece que voou e se esfumou no tempo.
Hoje, amanhã, 
quem sabe porquê,
não posso desejar mais do que tenho hoje,
que agora pressinto, talvez seja pouco.
Sei que me amas, como eu a ti. 
Isso é ponto assente.
Isso é que importa.

Espero contudo,
  que o destino no futuro,
não tenha para mim, para ti, 
para nós ambos,
 desejado a pior sorte.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Onde estás Ó Deus



Onde estás ó Deus que não te vejo, 
não conheço, mas pressinto.
Quem és Tu que eu amo e sem ter rosto, 
sinto o mais perfeito?
Tu, que eu não escuto, mas a quem oro e peço ajuda nas horas mais aflitas, 
onde te encontras? 
Em todo o lado como dizem? 
Precisavas ser gigante, mas eu acredito.

Será Senhor Deus, que Tu me entendes e atendes?
Não Te ouço, não Te entendo, não Te conheço, mas adivinho-te.
Afinal sei bem, que tudo podia ser pior, sempre pior, mesmo que fosse só mais um pouco.

Dá-me um sinal, apenas um, 
coloca a Tua mão sobre o meu rosto, e eu corarei de vergonha,
e sentirei que a inocência existe.
Faz cair sobre mim uma luz que me irradie a alma e a mente, 
me faça sentir que não estou só, 
mesmo quando percorro perdida um deserto.



Tu existes, És, 
eu sei que És o mais perfeito e completo, 
a plenitude de todo o poder do Universo.
Sei-o, porque faço um esforço e acredito, 
mas queria tanto poder contemplar-te, 
sentir o teu calor como sinto o sol em pleno Verão aberto. 
Sou louca, 
pois se Tu és esse Verão, se És tudo que me rodeia, porque Te peço tanto?

Sei que sou irracional, pois se olhar o mar calmo ou revolto, 
as montanhas, os vales e desertos, 
o olhar dos tristes, a alegria dos contentes e tudo e todo o mundo que me rodeia e sei que existe, sei que em tudo e todos, 
colocastes o Teu Olhar a Tua Mão Divina.



Eu sei e acredito.
És a grandeza maior, que sinto eterna. 
És o bem que nos vigia e ao mundo, sempre atento.
Se não fosses Tu Senhor, porque haveria Primavera, nevaria nas montanhas, e das fonte cairia água que desliza até ao mar sem fundo.
O mar não se tornaria de manso a revolto, batendo na areia ininterruptamente.

Só não sei porque não acabas com as guerras, 
porque não castigas os gatunos, os malfeitores,
porque não te revoltas contra os assassinos, 
porque permites as catástrofes e tanto do tudo que vejo mal neste mundo, 
que se esmorece e perde a força e a vida cada dia que passa.

Mas sei, que a Teu modo o vais fazendo, sim, 
sei que o fazes a Teu modo,
por ser esse o melhor e mais devido.
Os Homens precisam de aprender a viver e a preservar com amor o que lhes deste.
Tudo o que criaste com amor, todos os bens que lhes ofereceste.



Obrigada Senhor,
que na verdade eu te confesso, estranho-te, mas acredito-te,
Eu sei bem, como sabes quanto busco em vão reconhecer-Te e aprender-Te, 
o quanto lamento não ter forma nítida de Te reconhecer, 
de te amar de forma digna como mereces, em todos os actos que pratico.

Meu Deus, meu tudo, Sei que estás comigo, preciso acreditar nisso e ACREDITO Senhor.
Amo-te, Tu sabes disso. 
Ajuda-me a aprender a reconhecer-te e a amar-te e a honrar-te sem limites
Meu DEUS, meu PAI, meu TUDO.





quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chorar ....chorar...


Chorar é o que me apetece, 
chorar muito e sempre, sem parar
Chorar para aliviar a pressão, o susto e a dor  
e não parar de o fazer por um momento

Tenho dentro de mim algo que não identifico e me devora
A tortura de horas vividas numa espera longa que não findava 
A expectativa de algo que ia acontecer, 
se desejava apressada
mas demorava a surgir, 
uma demora longa, desesperante, 
lenta e magoada.

Chorar, chorar e de repente olhar em toda a plenitude 
o tempo, 
senhor de si a toda a hora,
a rua, 
as casas da cidade iluminada,
a natureza viva, 
verde e linda que se agitava com o vento,
o fresco da chuva, 
os pingos de água pura que escorriam pela  janela
que se misturavam de fora para dentro 
com as lágrimas que caiam dos meus olhos
e imaginar 
que chorava por nada.
Tudo era um sonho passageiro, 
e o resto 
era a vida que girava.


Pensar que tudo parece perfeito, 
olhando cá de cima deste lado,
pensar que tudo é são e está correcto, 
é um engano ledo, 
pura fantasia, mas é o certo,
senão damos todos em doidos, 
loucos apavorados.
Os carros que deslizam acelerados nas avenidas
As pessoas que aqui do alto, 
apressadas, 
me parecessem perfeitas
tudo e todos me enganam e se enganam sem saber
Mas é assim que a vida passa 
e avança cada dia.


Sei bem por mim, 
que tudo  é pura fantasia
Muito do que gira à minha volta, à frente e atrás de mim
está imperfeito e doente,
todos corremos riscos que desconhecemos e não cremos, 
o risco de estar mal e não o saber até ao último instante.

Quantas vezes o mal entra sem bater à porta
instala-se de poltrona, 
avança e fica entre nós 
como se fosse coisa muito nossa e desejada,
faz-se mordomo, 
senhorio da nossa casa, 
e sem pedir licença, 
ali fica 
e se lhe apetecer se instala
 até nos destruir a mente o corpo 


Chorar é o que me apetece, 
chorar e assim ficar até aliviar...
chorar sempre.... Chora, chorar, chorar...

Que hei-de escrever aqui 
que me alivie a alma
Que hei-de dizer aqui, 
que me liberte destes pensamentos duros
que me magoam, 
me fazem doer a alma e o sentir do coração
me assustam, 
metem medo, 
me enchem a cabeça de um silencio permanente
mudo e inquieto,
uma inquietação calada e constante 
que me põe louca.


Não, 
de verdade não sei o que fazer, 
não consigo dizer nem pensar nada
Só sei e quero chorar,  
que só chorar alivia a minha ânsia,
me alivia o tremor que tenho em mim 
e vejo cada dia, que não passa.


Quero chorar, 

que lavar os olhos desta forma
talvez alivie a visão negra que me tortura
e inunda por dentro a alma e a carne que me segura



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O tamanho da felicidade




Foi já há alguns anos atrás.
Vi-a de manhã cedo, muito bem arranjada e penteada.
Bateu à porta de cozinha, da minha vizinha, que era sua cunhada e ouvi que lhe perguntou:
- Estou bonita, gostas?
- Está lindíssima. Agora vai para casa. Já é tarde. O arranjo que falta na sala, levo-o quando for e depois dou-te uma ajuda no vestido, não demoro. Vou só acabar de vestir a menina.

Era tão jovem, e estava mesmo linda, bem penteada e maquilhada, uma perfeição. Pronta para ser a noiva mais bonita das redondezas.
Ia casar e no seu coração construíra mil castelos de sonhos, para viver feliz, até ao fim da vida.

Esqueceu-se que a vida não é sempre linda e risonha. Que tem dores, sofrimento, tormentos e muitas lágrimas. Mas isso que lhe importava ali, naquele dia, naquele instante?

Casou, foi mãe, mulher, amante e esposa devotada. 
Trabalhou aqui ali, além, mas esforçou-se por ter e dar uma casa digna aos filhos, ao marido que eram os seus amores e de mais ninguém.



Pendurado nalgum armário bem guardado, deve permanecer o vestido que envergou naquele dia. O penteado, há muito que se desfez, como alguns dos sonhos que muito desejava e nunca concretizou. 
Mas o amor pela vida, parecia existir entre todos, era o que parecia.

Quem diz que ter dinheiro, uma casa nova bonita de tudo recheada, ter filhos belos e inteligentes, um trabalho dos melhores e bem remunerado, quem pensa que ter carro, viajar, enfim, quem avalia os outros só pelo que vê por fora nos seus rostos, nas palavras que dizem, e por isso julga e mede a felicidade que vivem e sentem, está errado, está muito enganado.



Ela parecia ter tudo para ser feliz, viver tranquila e desafogada, mas o marido e amante, o homem a quem ela queria bem, que lhe queria igualmente, que era o pai dos filhos que ambos queriam com o mesmo querer, não estava bem, não era feliz, e com a infelicidade dele, ela era infeliz também.  

Hoje foi a filha que deu com ele, inerte, ainda quente, mas sem sentidos, pendurado numa corda numa trave da dispensa.

Já ninguém chegou a tempo. 


O seu corpo quente arrefecia, a cada instante.
A filha chorava arrepiada, e o trauma de ver assim o pai, o homem que ela amava, ficará para sempre na sua jovem memória, ferida e magoada.
O filho distante no trabalho, na viagem que fará para se despedir do pai, virá decerto angustiado, uma viagem interminável como nunca mais fará nenhuma.



Mas a noiva que foi antes, a mulher que até hoje trabalhou, lutou por uma vida digna, gerou e deu à luz os filhos feitos por ambos com amor, está de luto na alma, nas vestes, e no pensamento. 

Vai continuar a lutar na vida , 
mas tudo será diferente para sempre. 

Na sua casa, a casa dela que era também dele, 
ficará para sempre a imagem daquele corpo inerte pendurado, 
a perder cor, a arrefecer, 
com o coração a ficar sereno para sempre.

Decerto nunca mais recordará o penteado lindo que lhe vi naquele dia, 
o sorriso puro e aberto daquele dia murchará para sempre, 
o vestido branco que usou no dia do casamento, 
que a fez sorrir e chorar de emoção e sentir mais alegria que nunca, 
ficará para sempre esquecido algures, 
num canto qualquer...mas isso que importa agora, se isso é passado, e este ele destruiu-o, manchando-o da pior forma 
quem sabe  definitivamente esquecido no armário das tristes recordações, quem sabe com traça, quem sabe como... 




Hoje só grita em lamentos, que penetram os poros de toda a gente a sua tristeza imensa.

- Porque fizeste isto? 
  Porque não me disseste o que tinhas? 
  Porque me deixaste assim e a eles, que sei tanto amavas e te queriam tanto bem. 
  Porquê, porque não me contaste o que se passava contigo? 
  Eu desconfiava, mas não sabia mais nada…..
  Que será de mim agora. Sem ti não serei ninguém...
  Ouve...ouve, volta para mim..., que sem ti amor como hei-de viver?

Repete, e repetirá enquanto se lembrar estas  lamurias, e outras tantas, que não o trarão de volta, mas que ela tem que gritar senão rebenta…

Vai em PAZ, DESCANSA AGORA E PARA SEMPRE!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sonhos...Sonhos...




Adormeci sem hora e acordei aflita
sem fôlego e abalada
envolvendo-me uma angústia que conheço há muito.
Sentia que não estava bem,
e nem parecia  que ali estava 
porque a dormir nunca estou calma e parada,
mexo-me, contorço-me no pensamento,
pareço outra pessoa, 
não sei para onde vou, de onde venho,
vivo uma outra vida, é o que me parece.  

A minha cabeça percorre caminhos que estranho,
cantos, estradas, rumos 
e muitos lugares onde me vejo
onde corro ofegante, 
desejo e penso amando,
onde  sofro e choro porque me rejeitam
lugares  que desconheço, 
que nunca vi antes
que me atormentam a alma, 
o coração e a mente.


Sempre que adormeço 
e me envolvo sonhos dentro
quando acordo como ontem 
ou agora,
sinto-me como se o mundo 
parasse de repente,
como se aterrasse doutra aurora,
num cais que nunca foi meu, 
que não existe
e depois disso 
paro assustada,
muitas vezes julgando-me doente.

Depois olho para mim 
e sei-me aqui,
aos poucos relaxo 
e acredito que foi tudo sonhado
que dormi 
e acordei de mais um duro pesadelo.

Durmo, 
e sonho sempre, 
vivendo em turbilhão
outras vidas que não são minhas,
mas me pertencem,
são sonhos nítidos, contagiantes
que me fazem sofrer, 
ter medo,
me assustam e nunca por nunca ser
me fazem sorrir ou acordar contente.

Inundam-me constantemente o meu descanso
angustias que não domino,
que se apoderam de mim e não me largam
desgastando-me, 
deixando-me aflita e perturbada:
casas velhas, feias, inundadas de água,
móveis velhos, com bolor e trapos,
escadas, muitas escadas de mil formas, 
soltas no ar, 
bambaleando sem corrimão, 
sem ter fundo, 
largas, estreitas, profundas,
difíceis, impossíveis de subir ou de descer,
de onde me vejo cair solta sem saber onde vou ter,
e quando largas de pedra mal esculpida,
cheias de musgo e ervas
onde colocando os pés caio de seguida
tentando em vão segurar-me  com as mãos, 
e´um susto, uma aflição imensa,
e nessas horas penso mesmo que vou morrer.

O coração bate a mais de cem à hora.
Acordo assustada, suada, 
com o bater do coração acelerado
e só então reparo que estou no meu colchão
na minha cama, que não saí dali, 
que tenho os pés no chão.

Salas velhas, mal arrumadas
com malas escancaradas pelo chão,
roupas negras, estranhas, por todo o lado
camas desarrumadas,
portas e janelas antigas, nada ensolaradas
gentes de rostos desconhecidos ou por vezes não,
Velhos e novos que se amam ou batem, 
que se esfregam, não distingo bem,
amantes  de face apagada
que me interrogam, me afiglem pelos gritos
abraçando-se entre berros, 
incompletos, não sei se sendo felizes ou não,
mas me angustiam, me devoram de noite, 
me assustam em vão.

Crianças de bibe, tristes, mal cuidadas,
carentes de colo, de mimo, de outros mil cuidados,
crianças com medo de nada e de tudo
como eu, crianças que vivem, vivenciando tudo aquilo
cobertas de medo, querendo regaço e mimo de mãe

Chorando assustadas, gritam pedindo ajuda
querem como eu quero, sair dali para longe,
mas deixadas no mundo, sozinhas sem ter nada
vivem ali presas, 
em silêncio encurraladas
sentindo tudo e vendo o que não querem ver
angustiadas só pedem clemencia e paz.
Eu como elas, parada e muda 
fico mais queda ainda e nada faço,
pois que posso fazer?

Que angustia, que aflição a minha.
De repente suada, acordo  e choro, choro muito.
Uma criança só, uma delas eu sei que pareço eu,
o resto: o desarrumo, a água, o bolor, a casa velha,
as escadas enroladas de degraus curtos, 
as malas escancaradas,
isso se me diz algo, eu quero esquecer.



São tudo sonhos que tenho quando durmo
Quero esquecê-los quando vivo acordada
Sinto-me mal amada, não querida, não desejada.

Despertar é para mim sempre um outro dia,
que sei pode ser duro,
mas tenho que o viver de olhos abertos, 
escancarados
para tudo preparada
pois sei, que esses sonhos danados de estranhos
vão sempre voltar,
quer eu esteja a dormir, 
quem sabe um dia, estando acordada. 


fotos do Google

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Gosto de ti



Não acredites,
se pensas que não te quis algum momento,
tira isso da cabeça
 isso é mentira,
tu sabes bem.
Tu sabes que te quero hoje tudo e sempre.

Não gosto de amoras,
não gosto do frio gelado, 
nem das noites de lua cheia
nem gosto de voar alto,
mas gosto de lamber gelados
e só não o faço mais vezes
porque me lambuzam os dedos
me engordam, 
me põem baleia 
e de mm gorda sei que não gostas.



Gosto de ti, 
amo-te
adoro ter-te comigo
deitado para sempre à minha beira.

Não gosto de mim,
nem daquele,
nem de ninguém por aqui
nem de castanhas assadas,
nem do verde do jardim.
Nem do mar,
nem deste terra onde moro,
nem do Brasil,
nem de sonhar coisas boas,
nem de beijos,
nem de abraços
de passear descalça na areia.


E agora, achas que menti?

Menti, tu sabes bem.
Pois muito do que falei não gostar
tu sabes que gosto, tanto como te quero a ti,
 um querer imenso, intenso
maior que o tamanho do mundo e até do Universo.
Mas, vê se não me enganei
e se me conheces bem,
 vê se sabes mesmo do que mais gosto.

Gosto do ronronar do gato,
mas não do seu miar assustado,
não gosto de cócegas, 

do frio gelado,
da chuva que cai e não passa mais,
dos dias enevoadas
desses não gosto nada, 
não gosto
dos gritos apavorados que ouço dentro de mim
não, disso não gosto,
mas gosto do café quente que de manhã
me dás na cama 
mesmo que  não te peça ou fale.



Gosto de não gostar
do que põe em tormento.
Gosto de não gostar
 para não gostarem de mim,
é assim que agora penso,
porque gostar me custa,
me dói
e nem sabes como o lamento
quando não gostam de mim, 
mas de ti eu gosto sempre.

Não sou como tu, 
que lês o jornal
bebes leite frio ou quente
e ouves com gosto
os outros falar sem te importares com o que dizem,
porque o som das suas vozes
passa-te ao lado sem um lamento.

Não gosto de gente chata,
de gente que faz de conta
Não gosto de mim,
já disse,
não como gostei antigamente,
mas de ti, gosto agora
como gostei sempre

Gosto de andar descalça na areia,
mas não posso
porque esta me faz alergia nos dedos,
me faz doer as costas caminhar no areal inclinado
e os peixes que dão à  costa
picam-me e eu tenho medo.
Sabias ou não?



Sim,
 sei que sabes há muito 
que tenho medo de tudo e nada 
e que não gosto disto e daquilo,
deste sentimento que me agonia e mata.
Mas sabes, 
tenho a certeza,
que de ti e deles (dos nossos filhos) gosto e gostarei sempre
 até ao final do meu, 
do teu,
 do nosso mundo 
que sei um dia será diferente
mas onde no meu coração viverás 
mesmo que só preso por um fio 
eternamente.
Amo-te, eu sei que sabes
que te amarei para sempre.