domingo, 30 de setembro de 2012

UM sonho diferente..PAI!



Partiste levando contigo tudo o que considerastes teu
e eu que estava ausente, 
quando cheguei  e vi tudo mais nu e vazio
soube que foi por minha causa que o fizeste
e por isso fiquei triste e chorei,
chorei muito,
 pois sei que já não me querias, 
como sempre imaginei que nunca me quiseste.

As prateleiras antes repletas não me lembro bem do quê,
estavam  vazias, 
desertas das lembranças de família.
As paredes sem quadros,
das fotos do passado que arrancaste dali
e levaste não sei para quê, 
quem sabe para limpar mais depressa as memórias do passado.
Não havia livros, 
só alguma loiça e umas quantas peças 
indefinidas sem interesse. 

Sonho estranho,
 pois do resto  nada mais ficou, 
a não ser alguém que na sala,
atenta e calma para acalentar a minha dor 
e pacientemente escutar os meus lamentos,
ficou atenta,  
triste e chorosa, mas ali permaneceu 
sentada à minha espera.


Não, 
sei bem que não foi  ela a culpada da tua partida brusca,
uma mãe mesmo que ausente, 
mesmo que peque e não faça, ou faça só o que lhe vai na mente, 
chora pelos filhos, roga por eles
e é sempre por eles perdoada.

Apareceste mais tarde, 
bem arranjado, 
composto, com ar fresco e alinhado
de camisa verde axadrezada, 
veste para ti desusada, coisa rara, 
mas que na altura te caía bem.
Numa das mãos um ramo de rosas desabrochadas,
vermelhas de veludo, muito abertas,
nem bonitas, nem feias, 
mas que tempos antes decerto 
deviam ter sido muito mais belas e encantadas
como tu devias ter sido comigo e eu contigo outrora. 


Quando as olhei senti-as belas, 
por serem as primeiras que me davas
e por serem únicas 
e me parecerem sinceras,
senti-as as mais formosas de todas 
e mais que tudo, 
verdadeiras.

Estendeste-me a mão com elas e nesse gesto 
procurei também aquele abraço, 
aquele abraço paterno 
que me negaste a vida inteira. 

E eu faminta por nunca mo teres dado, 
aceitei de bom grado 
as flores que me estendeste, 
desabrochadas como eu 
que acolhi ali com um sorriso aberto.
E com carinho mal lhes peguei
depressa me agarrei ao teu corpo
colando-me a ele de repente
como se essa fosse o última oportunidade de o fazer. 
E por momentos sinto o amor que nos temos e nos foge,
que me negas todos os dias constantemente
repudiando-me sempre, 
como se eu fosse algo mau que te destrói 
deixando para o lado, 
morrendo lentamente 
o amor que nos temos, que nos foge, 
mas eu sei e acredito 
que ainda existe vivo entre nós,
desde que nasci há muito tempo, 
até hoje, 
que como tu, já não sou jovem e podia até já ser avó.


A terra há-de devorar um dia os nossos corpos
que igualmente se transformarão em nada e pó, 
mas para a eternidade terás sido tu sempre o meu pai
e eu a filha que um dia fizeste e depois negaste
eu creio e acredito, 
por teimosia e só de voz. 

Afinal foste tu que mudaste e não eu, 
é o que penso,
nas minhas veias é também teu o sangue que as percorre.

Vem ter comigo, abre-me os teus braços, 
despe-te dessa frieza e crueldade que te mata
e a mim me destrói cada dia mais um pouco 
e nem que seja só uma vez, 
uma vez apenas,
por essa vez que seja, dá-me um abraço
quente e amigo, mas mais que tudo paternal, 
que eu quero sentir que não te vais e nem eu parto
sem saber o que é ter o amor do nosso pai vivo em nós, 
em mim aceso,
 sentir o aconchego terno do teu apoio e do teu regaço amigo 
e eu sei, tenho a certeza, 
sempre presente.




Sonho maldito aquele que vivi, 
e não entendo
em que te vi partir 
e contudo 
regressar diferente, 
com rosas vermelhas nas mãos,
não murchas, 
mas desabrochadas e cadentes.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

As crianças...o futuro!


Rosto lindo de boneca,
pele macia de cetim, 
olhos perfeitos na cor, 
no seu delinear belo, pestanudo e escorreito, 
no seu olhar cândido, virginal  e puro.

Do seu corpo tenro e belo
pressente-se o cheiro de flores primaveris 
das mais belas e formosas, 
e do sorriso 
que os seus lábios 
feitos pétalas macias de rosas castas e puras libertam 
e nos oferece,
sentimos que a natureza é divina e perfeita. 


O acenar das suas mãos pequenas 
e por isso também mais que perfeitas,
faz-nos, só de as olhar, 
sorrir e acreditar
que são estrelas cintilantes, 
porque brilham como elas
e são como o luar
pois nos acalmam e deleitam, 
nos alumiam como o sol,
dizendo-nos que a  felicidade existe,
que o amanhã vem lá
 e tudo será possível,
se acreditarmos como elas.



Tudo isto 
vimos e sentimos
em cada gesto vivido,  
alegre e incontido 
no sentir, 
no sorrir e querer de uma criança.

Tudo isto 
nos ajuda a creditar 
que  o futuro também é amanhã 
e existe, 
e não desvanecerá no nosso peito 
nem no delas.
  

Inês Maomé

Fotos do Google

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Se eu fosse Poeta



Se eu fosse poeta,
e tivesse comigo a todas as horas o dom da escrita 
e todas as palavras que existem, 
gritaria ao mudo o que sinto
e sei que com isso ficaria mais livre e mais solta.

Se pelo menos uma vez 
eu conseguisse colocar no papel 
o que a minha alma aflita sente, 
o que o meu coração pressente,
e o que o meu corpo cansado grita.  

Se eu fosse capaz de dizer 
o que nos meus sonhos vivo  
quando durmo, 
o quanto me atormentam
e consomem e destroem  lentamente.


Se eu fosse capaz 
de rasgar e arrancar de mim 
esta amargura de sonhar constantemente, 
que não sei nada,
que nada tenho, 
que nada posso, 
que sou uma pobre enjeitada mal amada,
que ninguém me quer ou ama,
que sou uma impura, 
desgraçada,
que sou estúpida, burra e acanhada,
que vivo só, isolada, 
triste e amargurada, 
que um mar de água imunda 
me inunda e afunda
e me empurra para a lama,
que não tenho nada, 
nem corpo, nem alma,
talvez eu conseguisse dar paz aos meus sentidos,
e gritando ao mundo todos os meus tormentos,
arrancar de vez de mim o que são os meus lamentos,
e quem sabe,
dormir depois mais calma,
descansar, respira em paz 
e tranquilamente 
julgar-me por vezes feliz.

Quem sabe se os sonhos ruins que tenho 
e me ensombram 
me abandonassem,
partissem de vez para além das nuvens, 
eu aqui na terra 
ficasse com algum sossego e paz,
algum tempo 
para sonhar que sou gente contente,
que posso sorrir e não ter medo 
descansar e viver com calma,
e serena e tranquila aprendesse a sorrir,
pensando que os sonhos são mentiras, 
mas mesmo sendo verdades,
não matam, só molestam
e por vezes acalentam as nossas almas, 
lhes dão vida, 
são a chama que alumia cada dia nosso,
mais um dia...lentamente, 
como se fossem flores cheirosas, coloridas e frescas 
a enfeitar e dar cor à nossa vida ...
quantas vezes, 
muitas vezes triste, 
falsa e apenas de mentira...







Mas não tenho palavras,
não as conheço...
e deixo-me ficar 
com os sonhos que me perturbam 
que me inquietam,
que aos poucos me destroem...
e me matam,
mas que eu 
apesar de aflita e assustada, 
aceito, 
porque são mais fortes, 
muito mais poderosos do que eu...
e cada dia me vencem e dominam
e fazem parte de mim como um todo 
e por completo.

Inês Maomé

Fotos Google

O nosso Futuro


Deitas-te a meu lado,
e eu sinto-te tranquilo e contento-me 
com o calor do teu corpo,
o teu respirar lento,
porque isso me acalma
adoça o meu espírito revolto 
e a minha alma sempre triste e descontente.

A vontade de te ter ali 
sempre assim, 
quente, quieto e mudo,
dormitando a meu lado
e com o teu braço forte
 abraçares o meu corpo já flácido
que tão bem conheces 
 e sabes bem 
sempre carente,
faz-me bem, ajuda-me a viver 
a ter vontade de contigo seguir em frente.


Amar também é isso, 
é sentir o desejo invadir a nosso corpo e a nossa mente,
mas ficarmos contidos,
porque o corpo não responde mais aos íntimos desejos sentidos.
É aceitar que vivemos outro tempo,
um tempo em que um mar de ânsias nos invade 
mas se some de repente, 
desaparece num instante 
e do imenso areal onde antes rolávamos felizes e contentes 
como crianças alegres, puras 
mas por certo inconscientes, 
 pouco resta 
e o que ficou é curto, 
é pouco 
e quase se apaga 
ao menor toque de um  vento mais ardente.


Ficou a certeza de que 
nos queremos e amamos como antes 
apesar desse amor ter outra cor, 
outro brilho, outro sentido.
De que, ainda que só de vez em quando 
surge a certeza de um consolo caloroso, 
mais apaixonado,
o prazer desmedido e incontido de me dares o que desejas
 AMOR que eu aceito 
e retribuiu como sei,  
como posso e sinto de verdade. 

Precisamos acreditar que o amanhã existe e será o nosso futuro. 
Aceitar que  lá tudo será  mais duro e muito diferente
mais negro, mais pesado e ardiloso,
mas que unidos, 
com o nosso amor
e sempre de mãos dadas 
chegaremos num dia não marcado ao final dessa jornada.
Nesse dia 
custe o que custar 
o tempo gritará ao mundo inteiro 
que mesmo assustados,
rotos, velhos, moídos, desgraçados,
nós lutámos 
e  juntos vencemos 
porque fomos sempre puros e nos amámos. 

Inês Maomé



Fotos do Google

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Nua e hirta !


Hoje não sou capaz de escrever,
estou triste demais 
secaram-se na minha alma
as palavras que dariam sentido ao que sinto.
Dentro de mim existe um vazio 
que clama piedade
um eco abafado 
que pressinto surdo e mudo 
que me aperta e estrangula os sentimentos,
uma aflição infinita que não quero
 mas se colou a mim como uma pele que me recobre 
e de mim não foge nunca.

Hoje estou assim, 
perturbada, 
esgotada de sofrer pelos que amo,
que me falam e escutam,
mas sofrem em silêncio dores ocultas,
que devagar  me destroem, me torturam
e devagar me matam.  


Não tenho forma de me despejar 
desta mágoa que me inunda
deste mau estar que me consome 
e gasta a cada instante
queria gritar, 
dizer a todos, a este, àquele 
e ao mundo inteiro 
que não estou bem
que muitos sofrem sem ter culpa
que morro devagar porque me matam,
mas engulo o grito, 
sufoco de angustia
e no silêncio frio existo, 
e permaneço quieta e  mais que muda,
 nua e hirta.

Inês Maomé


Fotos do Google

Tu e o teu carinho


Deitas-te a meu lado 
e aqueces o meu corpo em silêncio.
Não sabem os mais jovens 
que os corpos mais velhos também se amam

De mil formas diferentes, 
 aquecem-se no silêncio da noite 
por estarem juntos, 
como só eles sabem
 colados em seus corpos, 
e muitas vezes unidos unicamente pela mente.

Serves-me o pequeno-almoço 

e eu agradeço esse teu gesto meigo e atento,
com ternura 
e um sorriso de amor crente.
Gosto desse gesto de carinho 
e depois ficar na cama, 
preguiçosa, 
deixando que me invada um cansaço infinito, 
que a cama que é nossa e ainda quente de ti,
 amansa-me e queda-me de mansinho,
e eu gosto.


Ali, 
onde dormes deitado a meu lado, 

onde aqueces cada dia com o teu corpo quente 
o meu sempre mais frio e engelhado 
é onde mais me deleito e consolo,
onde me sinto tranquila e não me sinto velha.

E que bem me sabe sentir-me assim àquela hora, 
de manhã, tomando o café 
que me serves com carinho.
Um gesto teu que me fala de amor
como outros que me dás, 
que eu aprecio e me encanta 
e não quero perder
porque me faz sentir de novo uma criança.

Inês Maomé

Fotos de Google

AMOR...meu ar.








Fotos do Google

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Se eu pudesse


   
Se eu pudesse 
queria ser sempre menina, 

Usar bibe, 
ir à escola de sacola, 

Ter trabalhos de casa para fazer. 

Ter colegas de carteira, 

amigos sinceros, verdadeiros. 

Brincar no baloiço, 

e andar de bicicleta. 

Pular, brincar à malha, às escondidas, 

jogar à bola e brincar atarefada 
com muitas bonecas. 

Fazer de médica, professora ou cozinheira, 

fazer de qualquer coisa, tanto me faria, 
mas brincar muito e feliz

Andar de sapatinhos, 
calçar sempre peúgas 

e usar trancinhas muito bem feitas. 


Nas horas vagas aprender música, 

ballet e talvez inglês. 

Ser uma menina prendada, 
inteligente. 

De pele macia, 
acetinada, mas um pouco corada, 
ler muito correcto o português. 

Ser uma menina feliz, 
uma menina contente, 
sem medos nem receios. 

Alegre e risonha 
Simpática, 
com o colo da mãe sempre constante 
e a atenção do pai sempre presente, 
correr para um ou outro lado, 
indiferentemente 
e sempre satisfeita. 


Queria ser sempre menina e não ter medo do escuro, 
dos gritos, 
das vozes altas alteradas, 
da tez pálida do pai 
que furioso ralha sem ela saber porquê. 

Queria ser menina agora e sempre, 
ou então 
só mais uma vez,
por um segundo apenas, 
e tentar ser feliz 
mesmo que fosse só nesse momento.

Inês Maomé


Fotos do google

Sei-te triste, mas tudo passa





Não sei de ti, 
mas isso não importa. 

Não sei se o que sentes agora 

e o que se espelha no teu rosto, 

é a verdade do que te vai no coração, 

e isso sim, 
é o que me monta. 


Sei-te sofrida, 

triste, amargurada, 

porque fizeram contigo 

o que alguém que ama 

não faz nunca a ninguém 

sobretudo se esse alguém 

é o amor que se tem e se deseja. 


Amor ingrato, pérfido, 

travesso, cruel e duro. 

Amor que magoa e fere 

que faz chorar os olhos continuamente. 

Amor que faz sofrer 

Que tira o sono, e a fome, 

que faz preferir a morte à vida, 

à ausência cruel de um abandono 

sem razão e injustificado. 

Pois que mal fez quem ama 

e simplesmente espera ser amado de igual forma. 


Mas pressinto-te mais segura. 
Sinto que estás mais forte 
que as lágrimas que choraste 
te ajudaram a crescer, 
a ser outra pessoa 
mais valente e corajosa, 
pronta para dizer sim ou “não”, 
e aceitar esse “não”
se ele for para ti, 
que ele pouco importa,
a única e melhor resposta. 







sábado, 15 de setembro de 2012

MÃE




Mãe
  
Penso tantas vezes em ti
mãe,
mas tu estás longe,
não me ouves
e deixas-te ficar no teu descanso .
Esperas que te visite amiúde,
mas tu
mãe,
sabes que isso me dói,
e também tu
nunca mais me procuraste no meu canto.

Custa-me tanto viver este martírio,
estar assim fugida,
afastada de ti
 marginalizada sem razão,
escondida por algo que não fiz,
não entendo,
só porque alguém cometeu um erro louco
me apontou o dedo,
me chamou ingrata,
me escondeu de si a sua mão
e o coração,
me roubou o colo e o aconchego da casa onde moras
que também foi a minha casa
quando moça.

Custa-me saber-te aí todos os dias
e eu triste e só,
aqui sem te ver e visitar,
sem te ouvir,
sem te falar,
sem ver os teus olhos verdes,
que mal vêm já os meus,
mas que eu gosto de olhar.
Sem te poder dizer tudo o que sinto,
e ouvir dizer de ti mesmo sendo mentira:
"filha estás bonita".

Preciso que me digas
coisas que aliviem o meu pesar,
que me ouças,
me deixes falar,
que entendas o que vivo,
que sejas minha  mãe de alma e corpo inteiro,
enquanto ainda é tempo de estares comigo
e eu contigo
partilhando tudo o que podemos e temos para nos dar.

Vamos,
vem também tu ter comigo,
perde o medo e vem estar a meu lado
pelo menos um dia,
uma tarde,
um momento único 
e ambas  vamos juntas conversar.

Mas tu não sabes nem entendes o que sinto,
pois se nunca percebeste bem o teu lugar,
como podes agora,
que fui posta de lado,
 reagir,
se nunca deixaste de falar,
falar muito,
mas permaneces em silêncio
logo que alguém de voz grave te manda silenciar?


Mas  mãe
levanta essa cabeça,
vem-me visitar pelo menos
só mais uma vez,
antes que alguém te leve e tu não possas,
mesmo que queiras,
sentir e olhar mais o meu rosto,
chamar-me “filha linda”, 
como eu gosto
e bem juntinha e unida a mim
ficar como sei que gostarias de estar.


Sabes mãe,
amanhã
ou quem sabe ainda hoje
irei eu bater-te à porta e entrar,
dar-te um beijo e um abraço,
dizer-te que estou bem,
muito bem,
e iremos conversar.
Depois vou voltar mais animada para o meu canto,
aquele canto onde me refugio,
e penso em ti, e em todo o mundo.
Aquele canto que é o meu lar
onde ainda espero que um dia me procures,
aquele canto onde moro,
onde magoada e triste
há tempo demais não te vejo a ti entrar!

Inês Maomé

Fotos do Google

É ASSIM QUE EXISTO


Na escrita me encontro, me escondo, me deleito e amo escondida.
Na escrita, eu amo e me leio .

Na dança sou feliz, valsando me desgasto, me canso e me alegro. Mas se me foge a magia, choro de desencanto.

O rosto e o corpo marcados pelo tempo, perderam a cor e o brilho de sempre,
e eu que sou gente comum,
sei que perdi o fascínio de outrora.

No amor eu sinto o desejo do enlace,
eu sonho o beijo, sonho o abraço,
e em sonhos vividos ou não,
revivo cada suspiro gemido, contido...contido...mas sempre querido.

Em tudo enfim eu pressinto dor, desamor, mas também o encanto e por isso VIVO!

UMA VIDA!


Inês Maomé

O meu próximo livro "Mulheres Singulares"



O lançamento do meu próximo livro é já em Outubro. 

ESTÃO TODOS CONVIDADOS:)

Mais uma história de vida que escrevi com todo o amor para todos os que a quiserem ler.

A vida de uma mulher vinda do nada, com uma força e coragem sem limites, capaz de enfrentar e ultrapassar todas as barreiras que lhe aparecem pela frente.

Mas tal como na vida real nem tudo são sorrisos e alegrias. As tristezas, as mágoas, as perdas e outros  problemas sérios existem...



  Leia, que ler é um acto de amor,  preenche a alma de prazer e faz-nos viver melhor e mais felizes.
                 
  Experimente,
 quem sabe não vá consiguir mudar a sua vida para melhor.
                                                     
                                               Um livro é um amigo!




Os meus livros, um pouco de mim, a minha vida no que mais gosto de fazer, 
escrever palavras com amor, porque gosto de escrever, 
para quem gostar de me ler 
ou quiser experimentar se gosta de o fazer.
Ler, simplesmente é bom, 
porque é aprender, é crescer, é ser livre é VIVER!

"COM OS MEUS LIVROS, AS MINHAS PALAVRAS ESCRITAS, EU VIVO E EXISTO"

Rosa Maria  (a mulher comum)  / 

/ INÊS MAOMÉ (a escritora)

AQUELE AMOR...


Não consigo entender aquele amor
nem sei dizer se ainda existe.

Amar é confiar, partilhar o bom e o mau,
sorrir com ele na alegria,
sofrer e chorar juntos na dor e na desgraça.
É dar sem receber,
não esperar para ver o troco,
não pedinchar, nem mendigar,
mas aceitar o que se tem por troca,
que essa é sempre bonita e a melhor parte.

Amar é aceitar as fragilidades,
as carências do nosso amor,
e ele as nossas,
a sua abundância e destreza,
todas as virtudes e defeitos,
ajudar a alinhar o que está incerto,
apoiar nas quedas, 
nos tropeções da vida,
nos caminhos mais difíceis
com um braço e abraço amigo e forte,
um olhar e um sorriso querido e sempre atento,
sorrir e ser feliz com ele até nas incertezas.
É ter a  certeza que ser quer aquele amor e só aquele,
tanto na saúde como na dor,
na presença ou na distancia,
na fartura ou abundância, 
mas também na perda e na desgraça 
que se quer aquele e não outro...



Amar é ter a garantia que nunca se está só
mesmo estando ausente,
que a alma sente
o calor desse amor que de longe nos acalenta a aquece a solidão.

Amar é ter na alma o sentimento de que se está seguro
que tudo pode ser,
existir ou acontecer.
É tudo aceitar, compreender
e nada  recear.
É não ter medo de ganhar ou de perder,
que o que é nosso,
é nosso para sempre, 
por inteiro e completo.

É acreditar que se  preenche com a nossa vida,
e o nosso amor inteiro, sincero e puro,
o outro que nos pertence,
sem sermos o seu dono nem ele o nosso,
pois ninguém é de ninguém,
mas no amor os corpos e as almas unem-se,
formando um ser único distinto e verdadeiro
e partilham como seres eternos
a vida que na terra é curta,
mas que o amor sincero e puro
transforma em eterno
durando muito e sempre 
para além da morte.



Por isto 
não sei 
se aquele amor 
que parecia forte e intenso
ainda existe
se é puro e verdadeiro...



Inês Maomé

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um pouco da história de LAURA



- Laura tu aqui, agora, hoje?

E as pessoas foram-se retirando uma a uma, algumas para a rua, duas ou três para o terraço onde estavam os jovens.

- Laura, soubeste, mas como?

- Não Jorge, não soube nada. Vim para casa. Morria de saudades dos nossos filhos, da casa, da minha ilha. Vim, pois morria de saudades, e também precisava de te ver, de saber como estás.

- Estou triste, pois perdi a minha mãe e desde que te foste embora pensei que te tinha perdido a ti.

- Pobre da tua mãe, ainda não estava velha. Foi algo rápido, um acidente?

- Andava cansada e resistiu quanto pode, pois julgava que era da idade e do trabalho. Mas tive mesmo que a obrigar a ir ao médico. Estava com uma doença hematológica, que bem deves saber melhor que o que isso é. O cansaço, a perda de peso e outros sintomas que apresentava eram todos derivados do mesmo. Deixou-se andar muito tempo sem me dizer nada. Ao princípio nem sabiam ao certo o que tinha, tal era a confusão das suas análises. Mas parece que tinha um linfoma que lhe atingiu o tecido linfóide do baço e apesar de alguma quimioterapia que fez não resistiu. Preferiu estar em casa até quanto pude tê-la aqui, mas anteontem tive que a levar para o hospital pois não conseguia respirar. Faleceu hoje e o funeral é amanhã de manhã.

- Santo Deus, como lamento, gostava tanto da tua mãe.

E impulsivamente abraçou Jorge, num abraço forte e muito sentido, talvez como nunca lhe tivesse dado outro igual. E ele comovido, abraçou-a de igual forma, mas com mais força ainda, mais emoção, e um grande sofrimento. Jorge estava triste, chorava e não parecia o mesmo.

- Laura perdoa-me. Só mais tarde te entendi. Fizeste-nos a todos tanta falta, mas eu sofri tanto sem te ter comigo. Perdoa o meu egoísmo, e obrigada por teres vindo hoje.

- Foi um acaso, mas ainda bem que vim, ainda bem. E não tenho que te perdoar nada. Vamos ter muito tempo para conversar, e tudo se resolverá de vez.

- Perdoa-me, foi por ser como era que tu partiste, mas já sou outro juro que sou.

- Eu sei, vejo-o e sinto-o. Não te preocupes a gora com isso.

E Jorge abraçado a Laura, beijou-a primeiro com uma doçura desconhecida para ela mas tão subtil e terna que a fez estremecer inteiramente, e depois no mesmo abraço, beijou-a sofregamente, como faminto de algo que não tinha há muito tempo mas era seu e lhe pertencia por completo. Jorge amava Laura, ela tinha a certeza disso, assim como sabia com aquele beijo, que ele não a tinha trocado por outra. Estava feliz no meio da infelicidade da morte da sogra. 

Mas estava feliz, pois pressentia que Jorge tinha mudado, e isso era tudo o que mais queria. Se não estivesse ali gente, se aquele não fosse um dia marcante pela tristeza, ambos não teriam resistido a fazer aquele amor que Laura sonhava fazer com Jorge desde sempre. Mas outros dias viriam, haviam de conversar sobre tudo o que se passara até ali, e se tivesse que acontecer esse acto de amor surgiria naturalmente, repleto de ternura e emoção para ambos.


Foto do Googe








quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Aquele dia!




Tenho acordado cedo,
adormeço tarde,
tenho pesadelos,
sonho com eles, 
vejo-os, bonitos e risonhos,
elegantes, muito apaixonados e presentes, 
e a ela eternamente como se fosse uma flor desperta,
a minha princesa, mais que perfeita e sempre bela.

Nada do que penso pode ser verdade.
É  cedo para terminar um sonho e uma vida 
que ainda agora começou 
e todos querem que dure eternamente.

Ainda sinto o rasto do cheiro das flores 
que coloquei no corrimão,
a harmonia dos laços e arranjos da entrada,
das  tulipas e margaridas brancas e amarelas. 
Ainda sinto a frescura do branco que envolvia 
entre rendas, sedas e cetim o seu corpo lindo
e a transformaram a meus olhos e aos do mundo, 
na visão mais bela de toda uma vida de rainha.

Vou lutar para não a ver mais chorar, 
nem  a ver sofrer por ela amar 
e poder estar esquecida 
desse que ela ama e quer,
a quem entregou o seu corpo e alma, 
e simplesmente anda perdido,
a vaguear, e não sabe se lhe quer agora como ontem.


Mas um dia vai voltar
pedir perdão e amar,
amar mais que nunca a mulher da sua vida, 
pedir-lhe perdão por ontem e hoje,
e amá-la mais que nunca, 
estimá-la, querer-lhe bem
como jurou naquele dia,
como deve e tem que ser para todo o sempre,
sem quaisquer restrições ou dúvidas..


Se assim não for ele parte, vai embora, 
e eu, mas mais ela ainda,
temos que esquecer aquele dia,
o cheiro das flores, os arranjos, as sedas e o cetim, 
e ficar na memoria só com a chuva 
que nesse dia caiu sem cessar.
"casamento molhado ..abençoado"
Mentira, tudo mentira!


Inês Maomé

Fotos do Google