terça-feira, 4 de setembro de 2012

Deixa-me...ASSIM



Deixem-me ficar assim parada, quieta, emudecida,
que assim parece-me que sou mais gente.
Que falta me faz a ausência do amor que nunca tive? 
Que falta me fez e fará sempre 
sentir o meu corpo vibrar de emoção
colado ao teu,
e sentir o teu perto de meu.
Que falta me faz partir contigo em longas 
e intermináveis caminhadas,
se me perco por ruelas, 
caminhos obscuros que desconheço mas habito,
de onde só saio porque aflita acordo e grito? 
Não se perde o que nunca se teve e não se tem,
por isso sofro, 
mas  resisto
viajo e viajarei sempre perdida por ruas e vielas, 
contigo até ao infinito.

Do teu corpo fugiu-me sempre o encantamento 
que precisava sentir no meu, 
mas que hei-de fazer,
se o meu, 
se afogou muito cedo na sede do desejo 
que tinha de te querer. 

Agora já partiu de mim essa vontade ardente de te desejar, 
de sentir que me queres possuir.
Agora deixei a minha vontade ficar quieta, 
desistindo de sonhar.

Sei que estou sedenta, 
mas não tenho nada que mate a minha sede.
A fonte de água pura 
há muito que secou e já não recordo ter bebido dela. 
Morro de sede.
Mas para quê beber agora de outra água se me faz mal,
se me dá mais sede ainda? 
Prefiro morrer de sede, quieta e sem vontade.
Sim, prefiro morrer de sede,
que inundar a minha alma na dor que me causa a água que me dás,
que me destrói de mansinho,
e devagar me seca ainda mais o corpo e a alma.

Mas pensando bem
faz-me ainda falta o teu amor e aconchego, 
o teu abraço e carinho imensos. 
Dá-me mesmo assim o teu amor 
desse teu jeito, 
e aquele que sonhei um dia  e não logrei, 
deixa-ao pr`a lá.  
Dá-me desse que tu tens, 
sempre me deste e agora me basta.

Sinto tanta falta do que nunca tive, 
sim eu sei que sinto!
Custa-me viver assim, 
perdida,
num fazer de conta constante, 
pois pressinto, 
que algo me arrasa 
e destrói cada segundo devagarinho. 
Mas se me deres ainda desse teu carinho,
quem sabe eu não morra 
pr`a vida tão depressa 
e viva contigo mais ainda?

Por isso permaneço no meu canto,
quieta e firme. 
Sem querer ver nem sentir, 
sem desejar mais do que tenho, 
quase sem viver como gostaria,
dizendo sim a tudo, 
mas sempre à tua espera,
pois sei que voltas sempre a ter comigo. 

Assim tudo se transforma 
parece mais fácil e mais doce 
neste meu entardecer, 
que sinto penoso, duro e vazio, 
me dá dor e faz sofrer, 
mas que vivido junto a ti 
me dará de quando em vez algum prazer e vida.


Fotos do Google

Sem comentários: