segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Regresso

Camila e Neva abraçaram-se carinhosamente. Neva, sabia aquela história toda, do tempo em que Alberto se perdia pelos bares a beber mais um pouco que o habitual, porque perdera o seu grande amor. Toda a cidade sabia que ele tivera um grande desgosto de amor, mas ninguém podia imaginar que ele casara com uma mulher essencialmente porque a achara muito parecida com a essa mulher desaparecida, isso nem

Camila imaginava, e muito menos, sabiam que em casa ele mantinha fechado o quarto, que devia ser para ele na altura e para essa mulher, porque lhe tinha prometido antes de ela morrer no dia do acidente, o que no mínimo era aterrador. Esse quarto era o elo para o manter ligado a essa mulher que já não existia, e isso não podia acontecer.


Mas Neva também não sabia o monte de duvidas que ia na cabeça de Camila, que inclusive imaginava que essa mulher podia ainda existir algures e ser visitada ainda por Alberto.

Alberto devia ter contado a Camila todo o seu passado e não devia ter mantido esse quarto em casa, e muito menos ter passado horas a meditar fechado dentro dele. A vida de ambos estava um caos, porque não tinha havido qualquer diálogo na sua relação.

Camila dizia adeus a uma parte da sua vida e voltava para Múrcia definitivamente com a esperança que Alberto um dia se lembrasse de ir ter com ela para esclarecerem tudo finalmente. À medida que o tempo passava reconhecia que tinham assuntos comuns a tratar, mas teria que ser ele a dar o primeiro passo.

Pegou um avião com o espírito tomado de uma tristeza desconcertante, ao mesmo tempo que partia triste pelo que o marido lhe fizera, também sabia que fora ali que crescera como mulher e fora mãe. Consigo, levava o seu bem mais precioso, o filho, e esse não o daria a ninguém, nem permitiria que ninguém, alguma vez lho retirasse.

Um ultimo adeus quando entrou no avião e para trás ficaram as cenas de violência, o desamor e tudo o resto, pois nesta altura ela ainda não sabia que Alberto já reconhecera o seu enorme erro.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Camila sai de casa

Em casa de Diego, em completo silêncio, Camila tomou um pequeno-almoço que ele lhe arranjou, deu mama a Carlinhos, reorganizou as malas, e vestiu-se de outra forma.
Ainda não tinha conseguido parar de chorar, mas Diego que conhecia o passado de Alberto imaginou alguma cena na noite anterior, desconhecendo no entanto que Alberto mantinha um quarto fechado em casa, ainda se arriscou a dizer:

-Tem calma, mais tarde vocês conversam melhor e tudo isso tem solução.
- Não sabes o que estás a dizer, nunca conversamos nada não é agora que quero conversar sobre coisa nenhuma o que está mais que evidente. Também não foste muito meu amigo, mas também te entendo há coisa que são entre marido e mulher unicamente.

-Vês que que sabes. Então acalma-te que mais tarde depois de descansares um pouco virás tudo de outra forma.

-Se fores à rua compra-me uma papa para o Carlinhos, e passa pela loja de Neva a perguntar se precisa de uma empregada para a ajudar na loja. Só que tenho que levar comigo o meu pequenote, mas como é muito calmo não perturbará o meu trabalho. Preciso de pensar o que fazer à minha vida.

- Mas não vais voltar à quinta Camila?

-Não, nunca mais. Fui enganada.

-Como?

-Não é nada contigo, um dia poderemos falar, hoje não. Deves saber bem mais que eu, mas hoje quero e daqui pensar o que fazer da minha vida e preciso que ninguém saiba onde estou, entendes?

-Mas e Alberto?
-Morreu.
-Como?
-Pensei que eras mais inteligente, acabou.
Diego saiu a correr e foi fazer o que Camila lhe pediu.
Foi comprar a papa para o Carlinhos e passou pela loja de Neva a comentar com ela o sucedido, e a pedir-lhe emprego para Camila. Entediam ambos, que o casal devia ter conversado acerca da relação que Alberto tinha tido com uma jovem que realmente ele amara muito, mas que morrera de acidente algum tempo antes de ele ter conhecido Camila. Quando tempos atrás forçados por Camila, lhe tinham contado algumas do passado de Alberto. Diego quase escorregara a contar-lhe esta história, mas com a ajuda de Neva, ela tinha sido convertida na história de uma jovem que o tinha perseguido fixamente com o desejo de casar com ele dizendo que estava grávida.
 É que esta jovem não existiu, e por ela Alberto nunca esteve apaixonado. Na altura do acidente Alberto ficara um pouco transtornado, até desequilibrado, mas ninguém sabe o que vai dentro da mente humana. Desde que apareceu com Camila, parecia mais seguro e confiante e ninguém sabia se tinha ou não contado o seu passado à noiva, e muito menos que em sua casa tinha um quarto fechado.

Diego falou com a irmã da possibilidade de Camila se mudar para a loja pois realmente ao fundo existia um estúdio onde ela poderia ficar o tempo que quisesse até reorganizar a sua vida logo que não contasse ao marido para este não ir falar ao Alberto no trabalho, já que trabalhavam juntos.

Neva ficou feliz com a ideia, e foi tudo uma questão de tempo. Em breve Camila estava devidamente instalada no estúdio da loja com Neva. Precisava pensar, descansar e saber o que fazer da sua vida. Há muito tempo que não trabalhava, e tinha que repensar toda a sua vida novamente, mas naquele momento a maior ferida era a do seu amor magoado.
Estava tão triste que nada lhe interessava de verdade, perdera o seu amor, a sua vida não iria ter mais interesse. Tinha entregado aquele homem toda sua vida e afinal ele não era nada seu, nem conhecia nada dele. E estes pensamentos e outros semelhantes, mortificavam-na constantemente.


Olhava o filho com amor e ternura, e não conseguia evitar que as lágrimas lhe deixassem de cair dos olhos continuamente. Pelo menos o seu filho nascera de um acto de amor, de verdadeiro amor, pelo menos da sua parte, o maior amor do mundo.

 

Fotos do Goggle

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

As chaves

A forma como Camila foi recebida pelo marido não lhe foi muito agradável, e no amanhecer do dia seguinte acordou virada do avesso, como se o tempo lhe tivesse revirado as entralhas, a fizesse vomitar, lhe tivesse dado volta à cabeça, e lhe fizesse ver as coisas com mais clareza.
Parece que estava tudo muito claro. Só era preciso abrir a porta.


De um momento para o outro parecia ter perdido o medo de tudo e todos, o decoro, o receio fosse do que fosse, naquele dia como um vendaval, estava disposta a tudo, levaria à frente dela tudo o que lhe aparecesse pela frente, mas estava decidida a descobrir o que estava para lá daquela porta.

Estava determinada e havia de conseguir entrar dentro daquele quarto.

Depois do pequeno-almoço, cuidou do Carlinhos como era habitual e sem pedir informações a ninguém, começou a vasculhar em tudo quanto era gavetas e gavetões que encontrou acessíveis no salão das refeições, quando este ficou sem ninguém.
Precisava encontrar o que pretendia e não nada a dissuadiria desse propósito.

Numa pequena gaveta bem disfarçada de uma escrivaninha SEC.VXII, encontrou um molho de chaves que especialmente lhe chamou a atenção pois tinha um porta-chaves com a letra (A).


Guardou-o como uma relíquia valiosa na sua mão e sentiu-se tremer completamente como se um raio a tivesse percorrido e arrasado completamente.

Teve a nítida sensação que aquela era a chave do mistério.


Fotos da Goggle

Mensagens de NATAL

Feliz natal a todos vós

Camila

Camila vai para casa resolvida a tomar muitas resoluções. Precisa saber porque toma Alberto atitudes inconcebíveis.
Não a convida para sair, não conversa com ela de trabalho nem dos amigos nem do passado nem de nada, não vão ao cinema não voltaram a planear fazer férias. Camila estranha todos os comportamentos de Alberto, mas está curiosa para descobrir algumas coisas da sua vida passada.  Por outro lado, quando lhe sussurra ao ouvido ele transforma-se completamente e parece outro homem.

Mal chega a casa, resolve ir até á cidade fazer uma visita aos amigos. Telefona a Neva e combina com Diego a hora para se encontrarem na loja de Neva para marcarem os encontros no estúdio e começarem as sessões de pintura. Diego não falta ao encontro, acha que Camila está com um brilho diferente no rosto, mais resolvida, e que o trabalho vai resultar em pleno.

O primeiro encontro no estúdio resulta em pleno e tanto Carlinhos como Camila suportaram aquelas duas horas estoicamente.

No fim da sessão Camila estava feliz e Carlinhos com fome exigia mama. Camila antes de sair para casa deu-lhe peito. Aquela sim era, uma cena que Diego gostaria de pintar mas estava proibido.


Para evitar complicações Camila pede ao motorista que viesse busca-la à loja de Neva e passa a ser assim daí para a frente.



Fotos do Google

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nocturno

                                           Me sinto em mim um soluço
                                                 Pedadelo d`amargor
                                          O abismo eterno em que me debruço
                                                 É eternidade sem amor...»
                                           E assim, com um soluço
                                                 Esvai-se a voz de dor.

                                           
                                            Quando fores grande-- dorme!--
                                                  Este conto contarei...
                                             Por hora na noite enorme
                                                  Enquanto te embalarei
                                            Ignora tudo, criança, dorme, dorme,
                                                   Dorme que eu velarei....
                                                                                       
                                                                               
                                                                                        De :FERNANDO FESSOA
                                                                                       Poesia do EU

domingo, 12 de dezembro de 2010

Camila toma decisões

- Tardaste, já se ia fazendo tarde, mas sabia que virias mostrar-me o nosso menino. Onde está ele, quero vê-lo pois preciso descansar.

Camila chegou-lhe Carlinhos bem perto dela, e baixinho, ela disse logo:

- Um menino forte e lindo como tu eras minha filha, tal como Geraldo sonhou ter, se estivesse aqui connosco. Estou cansada, cuida bem dele, e de ti minha filha.
E caiu num sono, que parecia profundo.
Dali Camila foi para casa da mãe.
-Pia não está. Júlio internou-a, pois desde que chegou há cerca de um mês de tua casa, os parâmetros e alguns exames não estão bem. Ela não queria, mas a semana passada antes de saber que virias assim tão rapidamente, Júlio resolveu interna-la, para conjuntamente com o cardiologista confrontarem todos os exames, e com ela em repouso absoluto, ver a que conclusão chegam. Pensam que seria melhor Pia ser operada em Madrid, mas querem também ouvir a tua opinião, além de ouvirem a da tua mãe naturalmente.

-Nem sei que te diga. Mas far-se-á tudo o que for melhor para ela ficar boa. Quero que a minha mãe fique bem dentro do possível, para poder ver crescer o Carlinhos.
E Camila dizia isto, triste como nunca imaginara poder estar, numa circunstância semelhante, pois nunca imaginara a mãe uma mulher doente, muito menos em risco de vida. Sentir que podia perder a mãe, agora que também era mãe, tinha uma dimensão que até ali ela nunca supusera ser possível viver.
Entretanto Giullia não voltou a acordar, parecia que esperara mesmo pelos seus meninos, pois adormecera e não reagira muito mais a outros estímulos, e nos restantes dias que viveu, foi alimentada a soro.
Tinha cumprido a sua missão de protectora, irmã, conciliadora, amiga, mãe, porque Giullia, na terra enquanto viveu foi tudo um pouco e não só empregada daquela família. Agora descansaria em paz, mas para Pia era como se ainda estivesse a descansar no lar. Para a poupar desse desgosto não lhe disseram da sua morte e guardaram para mais tarde, dar-lhe essa notícia.

Como era de esperar Alberto não tivera disponibilidade para vir ao funeral de Giullia, e os amigos mais chegados de Camila notaram a sua ausência, mas Camila com muita diplomacia desculpou muito bem a sua ausência, mas estes acontecimentos deixaram-na muito abatida.

Eram demasiados acontecimentos negativos para suportar sozinha. Só Carlinhos na sua tenra idade, lhe dava uma força enorme que mesmo ela desconhecia ainda em si.

-Com todos estes acontecimentos e sem Alberto por perto, não tenho qualquer vontade de fazer nenhuma festa com os nossos meninos.

-Tens razão minha amiga, o teu marido não te dá apoio nenhum. Não te quero pôr contra ele, mas custava ter vindo aqui agora que morreu Giullia que ele conhecia tão bem, não custava nada?

-Disse-lhe, mas não lhe pedi. Agora vou resolver tudo de outra forma. Se as coisas não andarem como penso, digo-te a ti que és minha amiga sincera, venho-me embora de vez. Separo-me dele.

- Como? Já chegaste a esse ponto? E essa paixão que sentes por ele, esse amor quando estão juntos, como fica?

-Muito bem, acaba, tem que acabar, porque me destrói, e eu hei-de ser capaz de suportar essa dor que não há-de ser maior que todas as dores que ele me faz passar desde que casámos. Sofro desde do dia que saí de casa da minha mãe casada com ele, ou por uma coisa ou por outra.

-Mas, estás então resolvida. Eu no teu lugar não te censuro, pois já o teria feito há muito tempo. Conheces-me bem e sabes que não lhe aturava metade do que já lhe aturaste.

-Digo-te, que a primeira coisa que farei é tentar saber o que está dentro daquela divisão fechada à chave a que me foi barrada a entrada. Quando chegar a casa vou rebentar com a porta daquela divisão trancada, que me intriga desde o início, onde ninguém pode entrar, ou pelo menos eu não posso entrar, e saber o que está lá dentro. Se aquilo era um escritório com livros do avô do Alberto e outros documentos antigos, precisa ser muito arejado, senão vai ficar tudo danificado, não concordas? Porque não se abre nunca aquela maldita porta?

-Mas vais mesmo rebentar aquela porta?

-Claro que vou, ou não me chame Camila. Algo me diz que a minha felicidade passa por aquela porta, e há muito que decidi fazê-lo, mesmo antes de Carlos Geraldinho nascer. O meu filho devia chamar-se Geraldo, que era o nome do meu falecido pai, mas teve de chamar-se Carlos por vontade expressa de Alberto. Se permiti isso, vou poder fazer o que quiser do quarto do bisavô, que deu o nome ao meu filho.

-Estás com garra, estou a gostar de te ver. Força, e o teu trabalho e o carro, já pensaste nisso?


- Vem a seguir. Primeiro o carro para me libertar do motorista e depois o trabalho. Juro que apesar de ter prometido o contrário a Alberto voltarei a trabalhar.
Afinal também ele não tem nada a ver com o homem com quem casei.


-Não auguro, nada de bom na vossa relação, mas tu lá sabes.


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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O bebé de Camila

Passados quinze dias do nascimento de Rafaela, nasceu o bebé de Camila, e Pia não se enganou, foi um menino que Camila teve. Alberto estava louco de alegria. Os pais dele também. Não tendo mais nenhum filho, viam com o nascimento daquele neto, aumentada assim a sua família.

-Alberto, gostava que o nosso filho tivesse o nome do meu pai, Geraldo, gostava muito, e a minha mãe também. O sonho dele era ter um neto.

-Amor, o primeiro nome do nosso filho será Carlos que era o nome do meu avô.  O meu pai ficaria revoltado, furioso se ele não fosse Carlos. O nosso segundo filho será Geraldo, porque vamos ter muitos filhos, lembras-te?

- Não, não, então será Carlos Geraldo, porque não sei se terei mais filhos homens, nem sei se terei mais filhos. Agora só quero cuidar deste muito bem.
Camila, não tentou contrariar Alberto, sabia que não resultaria.


- Teremos muitos filhos lindos como o Carlos e como tu.

O nosso filho é lindo como tu.

Estou muito feliz, amor.

 Obrigada.(E beijou-a na testa com imensa ternura).





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O amigo Diego

Depois que soubera do passado de Alberto estava mais arisca, mais destemida, quase que lhe apetecia constantemente provocar o marido para ver qual a sua reacção. Um dia ainda haveria de descobrir porque a escolhera a ela para casar, se seria mesmo só por amor.
Não conseguia tirar isso da cabeça.


Num desses encontros, Diego segredou-lhe, que sem saber muito bem como, visto que Marta se cuidava ao máximo, ia ser pai, e se ao princípio ela ficou um pouco aborrecida pelas horas que isso lhe ia roubar ao trabalho, passado algum tempo começou a adorar a ideia de ir ser mãe. Diego estava feliz, pois há muito desejava ser pai.

Se Alberto sonhasse destes encontros, Camila teria a vida feita num inferno. Sem saber porquê, gostava de falar com Diego porque junto dele ria livremente, dizia disparates ou coisa sérias, tudo o que lhe vinha à cabeça lhe era permitido, falava da mãe, contava sobre as suas consultas no médico e sobre o bebé, ou então estavam em silêncio, ouvindo música ou lendo, tudo na loja de Neva.

Diego gostava muito de Camila, e já lhe dissera, que se depois do bebé nascer, se Marta continuasse sem lhe prestar atenção, pensaria se se divorciava ou não dela. Ficava com o filho e ela iria à sua vida. Encontrar-se-iam para tratar das coisas do filho e nada mais.
Melhor que passar a vida a discutir. Eram grandes amigos e haviam de chegar a um acordo, dizia sempre a Camila que detestaria passar uma vida de solidão ou pior ainda, de discórdia e desentendimentos.

Camila que tinha imensas desavenças com Alberto concordava com Diego, mas sentia-se incapaz de viver sem o amor do marido. Ele amava-a de uma forma apaixonante, e quando se entregava a ela, fazia-o de uma forma que também ela deixava de existir no seu corpo e era como se os dois passassem num certo momento a ser um só.



 Ela não tinha a certeza de ser capaz algum dia de sentir isso por mais alguém.

 Com Alberto estava totalmente entregue, porque o amava em toda a plenitude.



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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Camila visita Pia

 O que lhe importava era que a filha fosse feliz. Mas se verificasse que não era, teria que interferir.

No dia seguinte Camila constatou que Giullia estava muito fraca. Estava com 86 anos, muito lucida, mas muito débil. Quando esta a viu chorou muito, e foi difícil fazer com que deixasse de chorar. Ao contrário do que era de esperar, quando Pia lhe falou, um pouco mais tarde do menino que Camila lhes ia dar, sorriu de felicidade comentando:

-Era do que estava à espera, agora já posso ir, ohm não, primeiro quero ver o nosso menino.
Camila comoveu-se, afagou-a, beijou-a na testa, e disse-lhe:

-Tens que fazer tudo o que Júlio te manda, para isso acontecer, e saíres daqui depressa e boa. Quero que cuides do nosso “menino “.

Deixaram Giullia a descansar e foram fazer os exames de Pia.
Júlio foi incansável, toda à tarde.

Enquanto Pia e Júlio estavam nesses exames , Camila aproveitou e comentou com Reina tudo o que soube acerca de Alberto do tempo de solteiro, que Diego lhe tinha contado:

“De ele ser namoradeiro (coisa que não a admirou nadinha), e muito apaixonado, tão mandão e possuidor e com um feitio esquisito que teve várias namoradas e nenhuma ficou com ele por não o suportar.
E a ultima, que teve uma grande paixão por uma mulher, que morreu de acidente.
Camila contou a Reina que desconfiava que aquele quarto fechado na sua, casa devia conter coisas dessa mulher, e que desde que soubera desse caso só queria esquecer, ter o filho em paz, mas depois havia de descobrir o que estava naquele quarto”. Dizia ela:

-Agora quase  percebo porque não conduz a mãe e não me deixa conduzir a mim. Mas será que sou parecida com ela? Será que me ama mesmo? Será que é nela que pensa quando faz amor comigo? Diego disse-me que ela foi uma grande paixão dele.

-Não penses nisso. Claro que te ama. Ele adora-te, mas se te voltar a fazer mal, possuído seja pelo que for, se te violar ou violentar fisicamente, tens que o chamar à razão e dizer-lhe que não pode ser assim.
Se for preciso, não to disse na tua casa, mas aqui vou dizer-to com franqueza, vens-te embora.
Deixas a casa dele, e a ele que te maltrata. Mas creio que isso não voltará a acontecer. Vais manter-me informada que dar-te-ei todo o meu apoio.

- Não sei se serei capaz de viver sem esse homem. Pensar que teve outras mulheres na vida antes de mim, que pode ter desejado e amado alguém mais que a mim, é um sofrimento que custo a suportar.
Pensei que as suas mãos ao tocarem o meu corpo, não tinham termo de comparação, como as minhas que nunca se afundarem nem se perderam por mais ninguém.
Como fui terrivelmente ingénua minha amiga.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A minha vida

Nestes três metros quadrados, tenho que aprender a gerir as minhas emoções,
 a calar a dor do coração, os pensamentos crueis com que a mente me perturba.
Afinal que faço eu aqui?
Simplesmente espero por ti, porque sem ti não valho nada, não presto,
sou simplesmente um pequeno e insignificante estorvo.
Eles já partiram há muito tempo,
Estão livres, adultos, cresceram e eu nem dei conta.
Mas eu não consigo arrancá-los do meu peito.
Vivem comigo, como quando eram meninos.
Povoam o meu pensamento, permacem em mim como uma doença.
Para eles já não sou nada.
Mas fazem-me falta, sinto-lhes a ausência, ainda lhes chamo "meus"

Que saudades tenho desse tempo, quando vinham para casa....
Quando eram os meus "meninos"
Agora, neste quarto espero por ti, porque na casa grande estou só,
e tenho medo, e frio, e medo, muito frio e medo.
E aqui?
Aqui  tudo é um diferente, quase horrivel!
Quase tudo já me aconteceu.
Afinal onde é maior a minha solidão?
Estou sempre só, aqui e lá, e em toda a parte.
Sem eles, sem ti, nunca mais serei como fui antigamente.
Estarei sempre só, mesmo quando estou com muita gente.
Não sei que me aconteceu.
Foram tantas perdas, tantas, que lhe perdi a conta.
Até a mim me fui perdendo devagar, até que cheguei aqui, a este ponto.
Se não falar contigo, pouco mais tenho com quem falar....
Porque tudo o que os outros dizem é mentira.
E eu vivo muito de fazer de conta.
O que queria mesmo, era  ter força como antes,  não ter dores, que eles viessem  mais a casa,
Que a mim me desse vontade de fazer o jantar, o almoço e tudo o resto...
Que estivesses em casa como os velhos, como eu...
mas só eu sou velha..

Agora, neste quarto minusculo de três metros quadrados, aguardo por ti,
E os meus olhos choram, porque o vazio que sinto é tão grande
como o espaço que eles deixaram  dentro de mim.
 É um vazio imenso E infinito.
E tenho  medo do que sinto, porque não tem limite.
Parece que tudo me acontece e aos poucos a minha vida se degrada, e caminha para um fim.
Afinal que me irá acontecer depois de tudo isto.

O ultimo espaço que nos espera é bem mais pequeno  do que este.
Vou imaginar, que estou no céu, preciso de acalmar com isso.
Estou aqui também por eles,  para que aqueles que sairam de mim estejam bem.
Mas não é fácil pensar, que a vida passa, que tudo passa, e que amanhã quando voltares de vez para junto de mim já não terei, talvez, força para te ouvir, para te ver, para te falar, quem sabe até, se ainda estarei por aqui nalgum quarto, nalgum espaço, à tua espera como agora.
A vida é muito ingrata.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Camila visita a mãe

Alberto tinha sido muito namoradeiro, muito exigente, tirano mesmo, e por isso ninguém o aturou, tudo isto depois de uma grande paixão que teve, mas que morreu de acidente.

-Mas nenhuma te chegava aos pés.
 Disse Diego, que olhava Camila sempre com muito carinho.
- Cuidado, sou casada, e bem,  tens a tua mulher, não quero criar-te problemas, nem os quero para mim, só quero conhecer melhor o passado do meu marido, só isso.

Mas no coração de Camila estava instalada uma grande dor, um vazio, um sentimento que naquele instante não conseguia explicar, que nem sabia se era dor, mágoa, despeito.
Mas Diego continuou:

-Marta nunca tem tempo para mim, não me liga nenhuma. Anda sempre em congressos, palestras, ou simplesmente nas aulas, mas não tem tempo para mim. Nunca me visita no estúdio.
Já não somos o casal que éramos há quatro anos, quando casamos. Nunca está disponível para mim, percebes? Somos bons amigos, não discutimos, até nos damos bem, mas só isso, e um casamento não pode ser só isso.

-Mas porque não lhe dizes?
-É o que faço sempre que estamos juntos, mas a carreira dela é muito importante para ela, não tem tempo para nós, para termos um filho, eu por outro lado penso fazer uma exposição algures e como ela nunca pode ir comigo, desanimo, desisto sempre. Ultimamente penso mesmo, que o melhor é separarmo-nos.
-Dizes-me que te vais separar? Se o Alberto sabe disso, nunca mais nos podemos encontrar. E riu-se muito.
-E ele tem razão.
-Que dizes?
-Nada, nada, que gosto muito de conversar contigo e gostaria de pintar o teu rosto. Apanhar esse azul dos teus olhos, que me lembram o mar ou o céu, não sei, depende da luz do dia, mas gostava de te pintar.
-Pareces o Alberto a falar. Não sei se ele permitiria, tenho de lhe falar.
- Não falas nada, assim não tem graça, pinto-te e depois fazes-lhe uma surpresa, fazendo-lhe a oferta da tela, que tal?
-Vou pensar, depois digo-te algo, está bem.
-Fico a aguardar.

Diego acabou por sair e deixou-a embaraçada e intrigada. Acabou por comentar com Neva, primeiro que não tinha jeito nenhum para posar e decerto não faria nada daquilo que Diego lhe estava a propor, mas principalmente que estava deveras intrigada com o passado do marido. Neva, não acrescentou nada ao que Diego dissera, limitando-se a encolher os ombros e a dizer-lhe que não desse importância ao que o irmão lhe estivera a contar.

Nenhum deles sabia, contudo, como era realmente a vida de Camila com o marido, pois esta vivia em silêncio dentro da sua casa e do seu quarto e guardava só para si, todas as reacções menos próprias que o marido tinha para com ela, magoando-a, massacrando-a, de amor ou de ciúme, mas sempre com os seus exageros de poder, domínio e alguma violência sobre, ela como se fosse seu dono ou senhor.

Até aquela altura, fora incapaz de comentar com alguém, além de Reina, a sua vida intima com Alberto, um pouco por medo, um pouco por despeito, um pouco por vergonha, até porque esperava que tudo aquilo passasse, senão antes, pelo menos quando o filho nascesse. E depois ele amava-a tanto, fazia amor com ela como ela nunca imaginou ser possível alguma vez algum homem fazer. Sentia que não seria capaz de viver sem Alberto, alguma vez na vida, ao mesmo tempo que ele a magoava, ela desejava-o intenssamente.
 Estava presa aquele homem para sempre. Mas que o passado de Alberto estava a influenciar a sua vida, agora ela quase tinha a certeza. Podia ser feitio, mas também algum desgosto no passado. Mas ela que culpa tinha?

Com estes pensamentos Alberto apareceu a buscar Camila, que saía da loja um pouco confusa com todos estes pensamentos, mas mais conhecedora do passado do marido, se é que isso viria ajudar em alguma coisa a resolver a sua vida, a entender o seu futuro.
Ao sair da loja o que mais desejava agora era chegar junto da mãe.
Mais que nunca queria chegar a Múrcia, estar só sem Alberto por perto e voltar a falar com Reina. A vida dela estava a ficar uma confusão, e naquele momento queria paz. Depois de ver a mãe e regressar a casa queria encontrar paz junto de Alberto tentar compreendê-lo, amá-lo, deixar-se amar e viver a sua gravidez.
Depois do filho nascer, conforme as atitudes do marido nesse tempo, procuraria saber mais sobre o seu passado.
Gostaria também de se informar de algo mais concreto, em relação aquele quarto que estava sempre fechado à chave e que de certa forma a intrigava.


Mas naquele momento o que lhe importava além do estado do filho que era óptimo, segundo o médico, era a viagem que faria no dia seguinte até Múrcia.


No dia seguinte no aeroporto, quem visse os dois a despedir-se, parecia que ela ia viajar por meses ou anos, tal era o rol de recomendações que Alberto lhe fazia.

Fotos do Google

A visita de Reina

Camila tinha que ser forte, e tentar resistir-lhe, ele precisava saber que ela não era um objecto, ou uma coisa para ele usar quando lhe apetecesse, mas uma pessoa, uma mulher com vontade própria que ele tinha que respeitar, como ela a ele. Não podia tê-la em casa só para se servir dela a seu belo prazer, ainda que de certa forma ela tivesse sido conivente com esse trato.

Ele era muito apaixonado, amante e fogoso, sedutor, mas provavelmente em demasia. Era preciso que deixasse espaço para que Camila respirasse, fizesse coisas diferentes, que lhe dessem vida e alegria, para que quando chegasse o fim do dia e ele regressasse a casa, ambos estivessem desejosos de se reencontrar. Todos os dias deveriam saber a um novo reencontro cheio de ternura.

Reina, estava admirada e não tinha como comentar a violência de Alberto, mas deu força à amiga e convenceu-a de que podia ser tudo do início do casamento. Ambos se amavam e desejavam muito, e na verdade Alberto gostava demais de Camila.



Podia ser excesso de tudo, tinham que aprender a dominar os seus instintos.

Talvez com o tempo e depois com o nascimento do filho, as coisas tomassem outro rumo.

Não havia outra forma de ver o assunto.


Fotos do Google

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A gravidez

Gradualmente Camila pensa fazer algumas alterações na sua nova casa, esperando apoio e ajuda do marido para fazer escolha de alguns móveis novos, cortinados e peças decorativas, mas o apoio que encontra é muito pouco ou nulo. Alberto demasiado ocupado com o seu trabalho nos vinhedos, deixa esse trabalho para ela e dois empregados, que ordena a acompanhem para o que for necessário. Camila, sem o apoio de Alberto desmotiva e poucas alterações faz na casa. Naquela casa Camila sente que não será feliz. Prece que o Sol nunca lá entrará. A casa tal como ela está cada vez mais triste e negra.
É numa dessas suas idas a Logroño, que Camila consulta um médico e confirma a sua gravidez. Este estado que tempos atrás a teria deixado radiosa de felicidade, naquele dia deixou-a feliz, mas apreensiva. Um dia tinha sonhado quando soubesse que ia ser mãe ter Alberto a seu lado, e naquela altura nem sabia quando estaria com ele para lhe dizer. Desde que começara a trabalhar, Alberto chegava sempre muito tarde a casa.

Precisava cada vez mais, conversar com Reina.

-Preciso urgentemente de falar contigo. Gostava que viesses a minha casa. Queria contar-te da minha lua-de-mel. Aqui não tenho amigas e tenho saudades das nossas longas conversas nocturnas. Preciso que me fales da minha mãe. Tenho novidades para ti. Convence o Júlio e venham os dois, daqui a uns dois meses irei eu aí, mas primeiro preciso que venhas aqui….

E tanto pediu, que convenceu Reina a visitá-la um fim-de-semana prolongado. A mãe de Alberto iria fazer anos, e combinaram para essa altura a sua visita. Júlio ficaria em Múrcia, por questões de trabalho, e Reina viria até Rioja, no fim-de-semana seguinte.

Cada dia que passava Camila ia conhecendo melhor Aberto. Desde que fora ao médico em Logroño, ainda não tivera oportunidade de falar com o marido. Uns dias por um motivo, outros por outro, chegava sempre muito tarde a casa, e depois com aquela paixão avassaladora que tinha por ela, quando estavam a sós, quase não pensava em mais nada senão em se envolver freneticamente com Camila, não a deixando quase falar. Era um homem apaixonado, sensual mas ela ainda não sabia até que ponto ele era dominador e autoritário. Enquanto namoraram, foi calmo, terno, meigo, carinhoso, delicado, esperou por ela o tempo que foi preciso e nunca tentou ou propôs nada sexualmente, senão quando ambos o desejaram muito.

Trabalhos relacionados com pessoal, diagnósticos diversos, formações várias, congressos, serviços de qualidade, adaptação aos tempos modernos, para que a rentabilização nos vinhedos fosse excelente, e as vendas das castas e vinhos, cada ano, superassem o anterior, ocupavam muito o tempo de Alberto deixando Camila muito só na sua casa, distante da cidade, num local onde ainda não tinha amigos e não conhecia bem.

Camila não se identificava com aquele ambiente, era uma jovem citadina e portanto aquela quinta ainda que muito bonita, tornava-a mais triste ainda. Ainda que os pais e empregados da casa a tratassem muito bem, desde que casara Camila era outra mulher. Mais triste e só com saudades da mãe e de Giullia, não esquecia a sua cidade. Estava aborrecida de passear pelo jardim sozinha, de estar em casa sozinha, de visitar a cidade sozinha, de ir às compras sozinhas. Havia uma coisa que ela tinha a certeza, tinha saudades do Alberto que conhecera. Amava muito o seu marido, e precisava estar com ele muito mais tempo.

Ainda não conhecia nenhum amigo de Alberto, mas naquele dia à noite iam finalmente jantar com um grupo de amigos dele, e ela estava entusiasmada.

-Amor, vamos jantar com um grupo de amigos, vais gostar deles, disse Alberto.
-Óptimo, estou desejosa de fazer amigos qui. Sinto-me tão só.
E aproximando-se de Alberto, tocando-lhe no peito, disse-lhe quase em tom de segredo:
-Sabes o que te queria dizer no outro dia:-vamos ser pais, fui ao médico em Logroño, e tenho a certeza, vamos ser pais, por isso tenho andado tão enjoada. Estás feliz como eu?
- Claro que estou minha querida, muito feliz.
E agarrou-a, beijou-a, andou com ela ao colo, rodopiou e dançou com ela, e com carinho colocando-a na cama envolvendo-a como de costume, amou-a ali plenamente como se ela fosse coisa sua, ainda que Camila lhe tenha dito, “agora não Alberto”.

Saíram para jantar, e iam aparentemente felizes. Daí a sete meses iriam ser pais, não tinham motivos para estar tristes ou preocupados.
O grupo de amigos encontrou-se num restaurante de tapas, uma tapería, perto do centro da cidade de Logoño, onde experimentaram várias meias doses e provaram vários vinhos. A noite passou-se muito agradavelmente. Alberto contou a todos o facto de ir ser pai e toda a noite se mostrou atencioso para Camila. Todos estavam presentados. Três casais, Neva e Eduardo, Manoela e Gustavo, Diego e Marta, todos muito simpáticos, simpatizaram logo com Camila, que também se sentiu encantada por todos eles. Eduardo e Gustavo eram colaboradores de Alberto, Diego era pintor e irmão de Neva que tinha uma loja de roupa e acessórios na capital, Logo-ño. Manoela não trabalhava fora, limitava-se a cuidar dos folhos e da casa, tal como Alberto combinara com Camila que seria o que ela faria no futuro, e Marta a esposa de Diego, era professora de línguas estrangeiras na universidade.

Conversaram muito e depois do jantar passearam um pouco pela Plaza del Mercado, junto da Catedral Redonda pois nessa noite tinha lugar aí uma festa nocturna da cidade. Camila sentiu uma empatia maior por Diego, e foi com ele que conversou mais algum tempo. Com todos ficou combinado que sempre que ela fosse a Logoño, telefonasse para se encontrarem e saírem juntos. Um deles haveria de estar disponível. Manoela ou Diego teriam sempre tempo para estar com Camila, e na loja de Neva haveria sempre um cafezinho e um sofá para juntas conversarem um bocadinho.

A noite tinha corrido muito bem, mas Camila estava cansada queria regressar. Despediram-se, e em breve chegaram a casa.

Mal entrou em casa e se dirigiram para o quarto, Alberto perguntou:
- Conversaste muito com Diego, um pouco demais até, gostaste dele?
- Gostei, é simpático…

E não disse mais nada, atirou-a para cima da cama, e como se estivesse meio sôfrego, meio louco, ia-lhe dizendo:

-Mas tu és minha, entendes, minha, nada de olhinhos, para cima desses amigos…
-Mas é teu amigo, casado, e eu estou contigo, amo-te, e só estivemos a conversar. Alberto, por favor, porquê isso agora.
- Porque vi os teus olhos e os dele, e tu és minha, entendes, minha?

E Alberto, como que para mostrar esse poder de posse, puxa com violência a roupa de Camila, e sem um acto de carinho ou nada que fizesse prever o que ia acontecer, possui-a por completo como nunca o tinha feito antes.
- Agora não Alberto, estou cansada, por favor, não, assim não, não.
Mas ele não ouvia nada, só estava atento ao que o seu desejo lhe ordenava, e continuava como um lobo faminto.
-És minha, as vezes que eu quiser, quantas vezes eu quiser, como eu quiser, minha, só minha.
- Não Alberto por favor, não, não quero isso assim, agora não...
Mas não adiantou. Alberto estava surdo e meio elouquecido.
Cerrou os olhos com força. Alberto provou-lhe ali que ela era pertença dele.
Camila não queria acreditar, sentia-se violada, desrespeitada. Depois dormia ali a seu lado como se nada tivesse acontecido. Camila não sabia o que estava a acontecer.
Será que teria sido  pouco o tempo de convivio com Alberto? Estar só com Alberto ao fim-de-semana, pensando melhor pode ter sido  pouco para  o ter conhecido correctamente. Estaria certa a sua mãe?

Queria tanto naquele momento ter ali a  mãe, falar com ela, pedir-lhe um conselho, ter o seu apoio, receber dela um carinho. Que saudades tinha de Pia. Mas tinha prometido a si mesma não dizer nada à mãe. Estava desejosa de a abraçar e beijar. De ouvir a sua voz. Nesse momento, pelo menos isso, seria para ela um mimo, um consolo!