quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O pó é o que resta!

Escrever,
Gosto de escrever porque me alivia,
mas muitas vezes, tantas vezes, o penso é tão duro e denso
que não tenho palavras que consigam aliviar o que sinto.
As palavras são parcas e neste momento dizem pouco.
O coração rebenta de tanta pena e desilusão.
Sei que não tenho culpa, ninguém tem culpa.
NÃO, eu sei que quem faz girar o mundo, é o culpado.Será?
Mas alguém saberá o que me  acontece a mim?
Sou tão ínfima, tão minúscula,
neste mundo imenso onde todos os  dias morre gente e ninguém se vira para olhar e perguntar porquê!

Tudo parecia decorrer com perfeição..e afinal, NÃO.
Mas então porque está triste, amorfo e amargurado tudo o que sente o meu coração?
Serei decerto a culpada de tudo.
Decerto fiz muito pouco, eu sei que fiz pouco, quase nada.
Mas eu não comando o mundo.
Nem o deles, nem o meu, mas sei que tenho a culpa.
Alguém tem que ser culpado, e eu que estou aqui só e a reclamar, só posso ser eu a causadora.
Estava tudo construído e encostado num canto,
naquele canto onde tudo parecia correcto, protegido de qualquer mal.

Ali o meu barco ancorado parecia seguro e abrigado.
De longe conseguia ver que tudo estava quase perfeito, imaculado,
mas de facto só ao longe os meus olhos conseguiam ver assim, aquilo que já era um amontoado.
Os ventos que surgiram à minha volta, na minha vida,
querem derrubar o que sobra da minha construção.
E eu não tenho força, não tenho mais nada para a suster.
Sei que tudo irá cair, vejo-o, sinto-o e não sei o que fazer.
Depois não sei o que virá,
mas alguma coisa menos boa será.
Algo que não prevejo bom, mas terei que suportar.
Por muito que escreva não consigo aliviar o peso do fim,
de algo que construí e se está lentamente a desmoronar.


Tudo vai cair a meus pés sem que eu consiga fazer nada para o evitar.
Que pena, que dor enorme,

VER cair a meus pés, e eu  inerte, impotente, sem  forças para segurar o que construí numa vida.

Mas que foi que construí, se tudo passará a pó??????

Nada, absolutamente nada.
E no futuro muito breve se verá...


Fotos do Google

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Para ti não é tarde!



Há muito que os nossos corpos não se envolvem como outrora.
Perdeste o jeito de lhe tocar, 
de o seduzir e envolver como eu sonhava.
Um jeito que nunca foi  muito teu,
não me ensinaste a ter 
nem a encontrar forma  de o sentir, 
de aprender contigo como fazer.
Uma necessidade porque lutei a vida inteira, 
mas cuja falta aceitei como uma verdade crua, 
dolorosa, unicamente nossa, 
mas que me faz sofrer ainda hoje, 
como ontem,
mas eu sei que não tem volta.

Lutei por essa paixão ardente, 
envolvente e pura, 
que senti por ti mas não concretizei a vida inteira 
e que  agora com mais calma, 
aceito assim pois estou cansada e velha, 
e sei que unidos e amigos 
hoje vivemos outro tempo, 
outras quimeras.  

Agora  aceito o que nos resta 
e basta de sofrer.
O que seria meu, sempre almejei e nunca alcancei,
quem sabe porque não o merecia ter,
tento esquecer, 
ainda que no corpo sinta ainda 
a dor dessa imensa ausência.

Fico com os sonhos e pesadelos 
que me atormentam sempre, constantemente,
mas não têm solução nem volta, 
que o tempo voa, e tudo, tudo passa, 
e o passado passou e já não conta.

Deitas-te a meu lado cansado, 
e as nossas mãos, 
os nossos dedos entrelaçados
falam uns  com os outros, 
passeando-se como sempre, 
numa conversa doce e macia 
que me acalma e deleita.

Em silêncio as nossas mãos 
transmitem uma à outra mil verdades 
alegrias e frustrações vividas, 
e quem saberá se dizem entre elas 
falando só para elas 
os seus desejos impossíveis
os caminhos não percorridos, 
feitos por elas  não realizados.

E ficamos em silêncio, 
deitados lado a lado, 
sonhando como seria bom voltar a sentir de novo o êxtase do prazer 
que tu reclamas agora 
e eu poucas vezes senti, 
mas acredita sempre desejei sentir contigo 
como sendo um presente merecido que a vida me negou 
mas devia ter ofertado.

Para ti não é tarde, 
mas para mim é como se tudo tivesse terminado. 
O amor e a amizade não, 
mas a paixão foi-se de vez, 
fugiu do meu corpo, abandonando-o para sempre.

Ficou connosco o nosso amor calmo, 
a companhia que me dás e eu te ofereço em troca 
se a quiseres a ela e a mim assim,
a amizade que construímos e nos faz sentir 
mais seguros estando lado a lado,
Essa amizade que  será o alicerce da vida que nos espera no futuro.

Mas que posso fazer se sinto saudades do que não fizemos, 
do amor que os nossos corpos não sentiram, 
julgando que o tempo não teria fim?

Preciso do teu carinho cada dia,
para avançar e não desistir de lutar 
de estar sempre a teu lado 
e não querer fugir nem partir para um outro lugar...
onde não sinta dor, nem pena, 
nem mágoa ou qualquer outro pesar.

HÁ UM TEMPO PARA TUDO

Há sempre um tempo para tudo.
Um tempo para nascer, viver e outro para morrer.
Um tempo para amar e outro para detestar.
Amar tudo e todos, e depois pensar se valeu a pena amar tanto assim.
Um tempo de sonhar e imaginar que a vida é bela.
que o mundo é uma bola de sabão que conseguimos apanhar e segurar eternamente na nossa mão…, imaginem uma bola de sabão na nossa mão!!!!!

Há um tempo para detestar com razão ou sem ela, as pessoas,
tudo o que nos rodeia, os valores, as guerras, a passividade, os grandes amores e desamores,
pois o mundo é cruel rouba-nos sem o sabermos e tira da nossa vida tudo o que queremos e buscamos dela…
Sumindo-se tudo por entre os dedos das nossas mãos como grãos finos de areia,
Há um tempo que nos faz sentir o desamor, a solidão, o vazio e a ingratidão.
Este é o tempo do desespero e da desilusão.
Pois há  um tempo para construir e outro para destruir.
Em cada dia vive-se sempre um tempo desigual
Um tempo de viver o bem, sentir prazer, sorrir, sonhar, festejar,pensar que tudo vale a pena, que somos fortes valentes, capazes de vencer.
Como o  tempo de se ser criança e brincar, sonhar, pedir e desejar, ganhando sempre o amor de toda a gente.
Um tempo de ver crescer, florir, desejar e sentir a paixão,
como forma única de sobreviver na vida
Um tempo de saber esperar e de acalmia.
Um tempo de acreditar na verdade, sinceridade, de acreditar que a amizade existe.
Um tempo de ser feliz e desejar a felicidade como único pilar.
Mas espera-nos sempre um tempo de perder, de chorar, de pedir sem receber
Um tempo de impotência e incapacidade permanentes.


Um tempo de querer fugir, sumir para não mais voltar.
Um tempo de desilusão, de esquecimento total
Tanto das lembranças doces como das outras que nos adoçaram a mente muito tempo...mas se esfumaram.
Um tempo de pensar, para descobrir se tudo valeu a pena.
Há sempre um tempo para tudo…
e também um tempo de esperança em cada dia,
Ainda que muitas vezes, mesmo sem o sabermos,
estejamos já no final da linha…
No nosso ponto final, no tempo de pôr fim a tudo.


Fotos do Google

Se fosse possível! HOJE seria assim

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nada, nada...

  Hoje o dia nasceu frio e tenso para mim.
  Doi-me tudo, estou triste, desconsolada.
  Logo vais chegar como muitas vezes mais tarde ainda, quando o Sol já tiver partido
 e a Lua quem sabe, nem tiver aparecido.
  Como sempre a casa está vazia, ainda que lá fora o Sol brilhe e aqueça as flores orvalhadas do jardim.
 
  Dói-me tudo, e não tenho qualquer vontade!
  Não quero rir, não me apetece, até porque me esqueci de como se ri,
 mas também não vou chorar, ainda que a vontade seja enorme e lute contra ela mais que tudo.
  Chorar para quê, se por mais que grite tudo ficará eternamente como está ou pior ainda.
  Prefiro o silêncio que me aprisiona.
  Dá-me desconforto e dor, mas diz-me que estou viva porque o sinto.
  O tempo vive de mudança. Só se fala em mobilidade e falta de dinheiro.
  As guerras não param, os homens matam-se uns aos outros por desamor, ou porque amam em excesso mas destroem-se, como se isso fosse natural, curasse o mundo das suas penas.
  Isso também me destroi, porque essa mudança me levou tudo, tudo o que juntei.
 
  Dói-me tanto estar aqui sozinha, nesta casa grande. Parece um mundo, mas oco e frio.
  Eles já partiram há muito tempo. Foram viajar as suas vidas.
  Tu andas no teu percurso, que a tua vida não é a minha. Eu nem sei se tive vida.
  Vivi de facto e vivo, mas sempre num estado amorfo.Tudo passou tão depressa...
  Dizes-me sempre "não vás por aí" mas eu vou, pois foi a minha vida que passou e pouco ou nada me deixou.
  E se deixou, porque estou eu cega e não vejo essas lembranças que deviam alegrar-me e alimentar o meu ego?
  Só me chegam à memória as falhas, as ausências, as promessas não cumpridas, o amor negado, regeitado e mal amado, as noites mal dormidas, as lágrimas sofridas pela solidão das tuas longas ausências, o medo, um terrível pavor de te perder sem nunca te ter tido como sonhei ter, um constante e permanente medo que me fez fugir de tudo no tempo e do tempo, um medo que me obrigava a esconder de tudo, como ainda hoje faço, porque tudo, mesmo que fosse nada, era demasiado e me assustava.
 Com tudo isto o tempo passou, eles cresceram, e tu e eu ficámos velhos.
 Mas tu ainda lutas trabalhas, tens amigos, conversas, esqueces as coisas dificeis e mais importante que tudo, ainda sabes rir e ris. 
Ainda bem!

 Eu continuo aqui neste meu canto vazio e nu de tudo e aqui  neste meu canto inútil como eu, afinal não aprendi nada, nunca soube nada, fiquei sem nada, nada, nada....
Sei que nunca aprendi absolutamente nada, porque escondida num canto não se aprende nada

 Agora deste meu canto, só ouço o constante ecoar dos segundos do relógio...que não se cansa e não pára nunca para nada!

 Não te preocupes, eu sei esperar. Sei que vais voltar todos os dias ao teu lugar, mesmo que seja tarde,
tal como o Sol, a Lua, a chuva, o frio ou o calor voltam sempre sem avisar...

  Fotos do Google

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O amor de Sílvia e Filipe

Filipe andava stressado do trabalho e não queria Sílvia magoada com ele pois sabia ser um marido ausente e conhecia a ansiedade da mulher que tinha. Fazer amor com a esposa era para ele sempre um enorme prazer porque ela correspondia a cada gesto seu, seguindo-o docilmente e com tanta ternura que fazia dele naqueles instantes um homem feliz e autêntico. Tinha a certeza que não podia ter uma mulher mais fogosa do que a sua, na cama, e o facto de a saber a ela igualmente realizada nesse campo, tranquilizava-o, ainda que por vezes quando ela o questionava acerca dos seus atrasos e situações semelhantes ele pensasse que tamanho prazer um dia podia acabar, pois podia ser essa relação de ambos tão certa e colossal que a levava a ser demasiado possuidora e ciumenta, uma coisa que ele não gostava nela.


Claro que todo o desânimo e ansiedade com que Sílvia começou o dia se dissiparam, e depois daquele acto de amor, invulgar apesar de tudo, ela adormeceu como um anjo encostada ao abraço de Filipe que deu consigo a pensar na jovem que lhe vendera o lenço. Devia estar a sonhar, como podia ele pensar que o que acabara de fazer podia ter sido com aquela jovem e não com a sua mulher? Seria possível que o seu inconsciente pensara nela quando se entregara daquela forma a fazer amor com Sílvia? Esta era uma boa amante, além disso a sua esposa, que mais queria ele? Mas aquela jovem doce e atenta, muito simpática que o atendera naquela loja no final da tarde não lhe saía da cabeça, e foi com estes pensamentos que adormeceu. De manhã quando acordou, Sílvia estava de robe, em pé junto à cómoda, já de banho tomado, com o lenço nas mãos passando-o ao de leve no seu rosto.

- Já acordaste, e já estás de pé? Gostas do lenço que te ofereci?

- Gosto sim, mas muito mais do amor que me deste ontem. Vou querer-te sempre assim, está bem amor? Doce e macio como este lenço que me ofereceste - e rebolou para cima da cama beijando o marido com ternura.

- Sim Sílvia, faremos amor sempre assim como dizes: “amor doce e macio como este lenço de seda” – e beijou-a correspondendo aos seus beijos - mas agora temos que ir trabalhar- e despegando-se dela com carinho, levantou-se de um pulo. Temos todo o tempo do mundo para nos amarmos “docemente” como dizes, mas agora é a hora da labuta.

- Vamos então que remédio. Adoro-te Filipe.

- Também eu, pois não vês? Mas temos uma casa para governar, um filho para criar, alunos e doentes à espera.

- É a vida, e o Miguel já deve estar lá em baixo à minha espera, vamos.

- Olha, não te esqueças que logo saio mais tarde!

E Sílvia franziu o sobrolho, mas que havia de fazer se tinha um marido medico? Naquela noite sentira-o de uma forma diferente, completamente entregue, como se nunca tivessem feito amor ou já não o fizessem há muito tempo. Preocupara-se com ela cada instante, tocara o seu corpo como sempre fazia, mas os seus dedos pareciam escaldantes e mais apaixonados que nunca. Naquela noite ela desprendera-se como sempre, por completo, mas tinha sido muito mais sua que nunca e pressentira o seu marido diferente sem saber porquê, mas pouco lhe importava pois tinha tido com ele uma noite de amor inesquecível. Ele amava-a.

Fotos do Google