sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nada, nada...

  Hoje o dia nasceu frio e tenso para mim.
  Doi-me tudo, estou triste, desconsolada.
  Logo vais chegar como muitas vezes mais tarde ainda, quando o Sol já tiver partido
 e a Lua quem sabe, nem tiver aparecido.
  Como sempre a casa está vazia, ainda que lá fora o Sol brilhe e aqueça as flores orvalhadas do jardim.
 
  Dói-me tudo, e não tenho qualquer vontade!
  Não quero rir, não me apetece, até porque me esqueci de como se ri,
 mas também não vou chorar, ainda que a vontade seja enorme e lute contra ela mais que tudo.
  Chorar para quê, se por mais que grite tudo ficará eternamente como está ou pior ainda.
  Prefiro o silêncio que me aprisiona.
  Dá-me desconforto e dor, mas diz-me que estou viva porque o sinto.
  O tempo vive de mudança. Só se fala em mobilidade e falta de dinheiro.
  As guerras não param, os homens matam-se uns aos outros por desamor, ou porque amam em excesso mas destroem-se, como se isso fosse natural, curasse o mundo das suas penas.
  Isso também me destroi, porque essa mudança me levou tudo, tudo o que juntei.
 
  Dói-me tanto estar aqui sozinha, nesta casa grande. Parece um mundo, mas oco e frio.
  Eles já partiram há muito tempo. Foram viajar as suas vidas.
  Tu andas no teu percurso, que a tua vida não é a minha. Eu nem sei se tive vida.
  Vivi de facto e vivo, mas sempre num estado amorfo.Tudo passou tão depressa...
  Dizes-me sempre "não vás por aí" mas eu vou, pois foi a minha vida que passou e pouco ou nada me deixou.
  E se deixou, porque estou eu cega e não vejo essas lembranças que deviam alegrar-me e alimentar o meu ego?
  Só me chegam à memória as falhas, as ausências, as promessas não cumpridas, o amor negado, regeitado e mal amado, as noites mal dormidas, as lágrimas sofridas pela solidão das tuas longas ausências, o medo, um terrível pavor de te perder sem nunca te ter tido como sonhei ter, um constante e permanente medo que me fez fugir de tudo no tempo e do tempo, um medo que me obrigava a esconder de tudo, como ainda hoje faço, porque tudo, mesmo que fosse nada, era demasiado e me assustava.
 Com tudo isto o tempo passou, eles cresceram, e tu e eu ficámos velhos.
 Mas tu ainda lutas trabalhas, tens amigos, conversas, esqueces as coisas dificeis e mais importante que tudo, ainda sabes rir e ris. 
Ainda bem!

 Eu continuo aqui neste meu canto vazio e nu de tudo e aqui  neste meu canto inútil como eu, afinal não aprendi nada, nunca soube nada, fiquei sem nada, nada, nada....
Sei que nunca aprendi absolutamente nada, porque escondida num canto não se aprende nada

 Agora deste meu canto, só ouço o constante ecoar dos segundos do relógio...que não se cansa e não pára nunca para nada!

 Não te preocupes, eu sei esperar. Sei que vais voltar todos os dias ao teu lugar, mesmo que seja tarde,
tal como o Sol, a Lua, a chuva, o frio ou o calor voltam sempre sem avisar...

  Fotos do Google

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