quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O amor de Sílvia e Filipe

Filipe andava stressado do trabalho e não queria Sílvia magoada com ele pois sabia ser um marido ausente e conhecia a ansiedade da mulher que tinha. Fazer amor com a esposa era para ele sempre um enorme prazer porque ela correspondia a cada gesto seu, seguindo-o docilmente e com tanta ternura que fazia dele naqueles instantes um homem feliz e autêntico. Tinha a certeza que não podia ter uma mulher mais fogosa do que a sua, na cama, e o facto de a saber a ela igualmente realizada nesse campo, tranquilizava-o, ainda que por vezes quando ela o questionava acerca dos seus atrasos e situações semelhantes ele pensasse que tamanho prazer um dia podia acabar, pois podia ser essa relação de ambos tão certa e colossal que a levava a ser demasiado possuidora e ciumenta, uma coisa que ele não gostava nela.


Claro que todo o desânimo e ansiedade com que Sílvia começou o dia se dissiparam, e depois daquele acto de amor, invulgar apesar de tudo, ela adormeceu como um anjo encostada ao abraço de Filipe que deu consigo a pensar na jovem que lhe vendera o lenço. Devia estar a sonhar, como podia ele pensar que o que acabara de fazer podia ter sido com aquela jovem e não com a sua mulher? Seria possível que o seu inconsciente pensara nela quando se entregara daquela forma a fazer amor com Sílvia? Esta era uma boa amante, além disso a sua esposa, que mais queria ele? Mas aquela jovem doce e atenta, muito simpática que o atendera naquela loja no final da tarde não lhe saía da cabeça, e foi com estes pensamentos que adormeceu. De manhã quando acordou, Sílvia estava de robe, em pé junto à cómoda, já de banho tomado, com o lenço nas mãos passando-o ao de leve no seu rosto.

- Já acordaste, e já estás de pé? Gostas do lenço que te ofereci?

- Gosto sim, mas muito mais do amor que me deste ontem. Vou querer-te sempre assim, está bem amor? Doce e macio como este lenço que me ofereceste - e rebolou para cima da cama beijando o marido com ternura.

- Sim Sílvia, faremos amor sempre assim como dizes: “amor doce e macio como este lenço de seda” – e beijou-a correspondendo aos seus beijos - mas agora temos que ir trabalhar- e despegando-se dela com carinho, levantou-se de um pulo. Temos todo o tempo do mundo para nos amarmos “docemente” como dizes, mas agora é a hora da labuta.

- Vamos então que remédio. Adoro-te Filipe.

- Também eu, pois não vês? Mas temos uma casa para governar, um filho para criar, alunos e doentes à espera.

- É a vida, e o Miguel já deve estar lá em baixo à minha espera, vamos.

- Olha, não te esqueças que logo saio mais tarde!

E Sílvia franziu o sobrolho, mas que havia de fazer se tinha um marido medico? Naquela noite sentira-o de uma forma diferente, completamente entregue, como se nunca tivessem feito amor ou já não o fizessem há muito tempo. Preocupara-se com ela cada instante, tocara o seu corpo como sempre fazia, mas os seus dedos pareciam escaldantes e mais apaixonados que nunca. Naquela noite ela desprendera-se como sempre, por completo, mas tinha sido muito mais sua que nunca e pressentira o seu marido diferente sem saber porquê, mas pouco lhe importava pois tinha tido com ele uma noite de amor inesquecível. Ele amava-a.

Fotos do Google

Sem comentários: