segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Para ti não é tarde!



Há muito que os nossos corpos não se envolvem como outrora.
Perdeste o jeito de lhe tocar, 
de o seduzir e envolver como eu sonhava.
Um jeito que nunca foi  muito teu,
não me ensinaste a ter 
nem a encontrar forma  de o sentir, 
de aprender contigo como fazer.
Uma necessidade porque lutei a vida inteira, 
mas cuja falta aceitei como uma verdade crua, 
dolorosa, unicamente nossa, 
mas que me faz sofrer ainda hoje, 
como ontem,
mas eu sei que não tem volta.

Lutei por essa paixão ardente, 
envolvente e pura, 
que senti por ti mas não concretizei a vida inteira 
e que  agora com mais calma, 
aceito assim pois estou cansada e velha, 
e sei que unidos e amigos 
hoje vivemos outro tempo, 
outras quimeras.  

Agora  aceito o que nos resta 
e basta de sofrer.
O que seria meu, sempre almejei e nunca alcancei,
quem sabe porque não o merecia ter,
tento esquecer, 
ainda que no corpo sinta ainda 
a dor dessa imensa ausência.

Fico com os sonhos e pesadelos 
que me atormentam sempre, constantemente,
mas não têm solução nem volta, 
que o tempo voa, e tudo, tudo passa, 
e o passado passou e já não conta.

Deitas-te a meu lado cansado, 
e as nossas mãos, 
os nossos dedos entrelaçados
falam uns  com os outros, 
passeando-se como sempre, 
numa conversa doce e macia 
que me acalma e deleita.

Em silêncio as nossas mãos 
transmitem uma à outra mil verdades 
alegrias e frustrações vividas, 
e quem saberá se dizem entre elas 
falando só para elas 
os seus desejos impossíveis
os caminhos não percorridos, 
feitos por elas  não realizados.

E ficamos em silêncio, 
deitados lado a lado, 
sonhando como seria bom voltar a sentir de novo o êxtase do prazer 
que tu reclamas agora 
e eu poucas vezes senti, 
mas acredita sempre desejei sentir contigo 
como sendo um presente merecido que a vida me negou 
mas devia ter ofertado.

Para ti não é tarde, 
mas para mim é como se tudo tivesse terminado. 
O amor e a amizade não, 
mas a paixão foi-se de vez, 
fugiu do meu corpo, abandonando-o para sempre.

Ficou connosco o nosso amor calmo, 
a companhia que me dás e eu te ofereço em troca 
se a quiseres a ela e a mim assim,
a amizade que construímos e nos faz sentir 
mais seguros estando lado a lado,
Essa amizade que  será o alicerce da vida que nos espera no futuro.

Mas que posso fazer se sinto saudades do que não fizemos, 
do amor que os nossos corpos não sentiram, 
julgando que o tempo não teria fim?

Preciso do teu carinho cada dia,
para avançar e não desistir de lutar 
de estar sempre a teu lado 
e não querer fugir nem partir para um outro lugar...
onde não sinta dor, nem pena, 
nem mágoa ou qualquer outro pesar.

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