quinta-feira, 29 de março de 2012

Amar!

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca
Amor
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!


Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!


Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada.

O Amor, Quando Se Revela
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.


Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…


Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!


Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!


Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

    Amiga
    Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
    A tua amiga só, já que não queres
    Que pelo teu amor seja a melhor
    A mais triste de todas as mulheres.


    Que só, de ti, me venha magoa e dor
    O que me importa a mim? O que quiseres
    É sempre um sonho bom! Seja o que for,
    Bendito sejas tu por mo dizeres!


    Beijá-me as mãos, Amor, devagarinho...
    Como se os dois nascessemos irmãos,
    Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...


    Beija-mas bem!... Que fantasia louca
    Guardar assim, fechados, nestas mãos,
    Os beijos que sonhei pra minha boca!

    Eu cantarei de amor tão docemente,
    Por uns termos em si tão concertados,
    Que dois mil acidentes namorados
    Faça sentir ao peito que não sente.


    Farei que amor a todos avivente,
    Pintando mil segredos delicados,
    Brandas iras, suspiros magoados,
    Temerosa ousadia e pena ausente.


    Também, Senhora, do desprezo honesto
    De vossa vista branda e rigorosa,
    Contentar-me-ei dizendo a menor parte.


    Porém, pera cantar de vosso gesto
    A composição alta e milagrosa
    Aqui falta saber, engenho e arte.
    Amor, que o gesto humano na alma escreve
    Amor, que o gesto humano na alma escreve,
    Vivas faíscas me mostrou um dia,
    Donde um puro cristal se derretia
    Por entre vivas rosas e alva neve.


    A vista, que em si mesma não se atreve,
    Por se certificar do que ali via,
    Foi convertida em fonte, que fazia
    A dor ao sofrimento doce e leve.


    Jura Amor que brandura de vontade
    Causa o primeiro efeito; o pensamento
    Endoidece, se cuida que é verdade.


    Olhai como Amor gera, num momento
    De lágrimas de honesta piedade,
    Lágrimas de imortal contentamento.

    O AMOR, quando se revela,
    Não se sabe revelar.
    Sabe bem olhar p'ra ela,
    Mas não lhe sabe falar.


    Quem quer dizer o que sente
    Não sabe o que há-de dizer.
    Fala: parece que mente...
    Cala: parece esquecer...


    Ah, mas se ela adivinhasse,
    Se pudesse ouvir o olhar,
    E se um olhar lhe bastasse
    P'ra saber que a estão a amar!


    Mas quem sente muito, cala;
    Quem quer dizer quanto sente
    Fica sem alma nem fala,
    Fica só, inteiramente!


    Mas se isto puder contar-lhe,
    O que não lhe ouso contar,
    Já não terei que falar-lhe
    Porque lhe estou a falar...

    ..."Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;
    É um não querer mais que bem querer;
    É solitário andar por entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É cuidar que se ganha em se perder;
    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata lealdade.
    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    Se tão contrário a si é o mesmo Amor?...

      Vencido está de amor
      Vencido está de amor Meu pensamento
      O mais que pode ser Vencida a vida,
      Sujeita a vos servir e Instituída,
      Oferecendo tudo A vosso intento.


      Contente deste bem, Louva o momento
      Outra vez renovar Tão bem perdida;
      A causa que me guia A tal ferida,
      Ou hora em que se viu Seu perdimento.


      Mil vezes desejando Está segura
      Com essa pretensão Nesta empresa,
      Tão estranha, tão doce, Honrosa e alta


      Voltando só por vós Outra ventura,
      Jurando não seguir Rara firmeza,
      Sem ser no vosso amor Achado em falta.

      Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

      Eu amo tudo o que foi
      Tudo o que já não é
      A dor que já não me dói
      A antiga e errônea fé
      O ontem que a dor deixou
      O que deixou alegria
      Só porque foi, e voou
      E hoje é já outro dia.

        Creio no mundo como num malmequer,
        Porque o vejo. Mas não penso nele
        Porque pensar é não compreender...


        O Mundo não se fez para pensarmos nele
        (Pensar é estar doente dos olhos)
        Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...


        Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
        Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
        Mas porque a amo, e amo-a por isso
        Porque quem ama nunca sabe o que ama
        Nem sabe por que ama, nem o que é amar...


        Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais.
        Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente e só o necessário para trás. Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.
        “E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha".

          Busque Amor novas artes, novo engenho,
          para matar me, e novas esquivanças;
          que não pode tirar me as esperanças,
          que mal me tirará o que eu não tenho.


          Olhai de que esperanças me mantenho!
          Vede que perigosas seguranças!
          Que não temo contrastes nem mudanças,
          andando em bravo mar, perdido o lenho.


          Mas, conquanto não pode haver desgosto
          onde esperança falta, lá me esconde
          Amor um mal, que mata e não se vê.


          Que dias há que n'alma me tem posto
          um não sei quê, que nasce não sei onde,
          vem não sei como, e dói não sei porquê.


            Sem remédio
            Aqueles que me têm muito amor
            Não sabem o que sinto e o que sou...
            Não sabem que passou, um dia, a Dor
            À minha porta e, nesse dia, entrou.


            E é desde então que eu sinto este pavor,
            Este frio que anda em mim, e que gelou
            O que de bom me deu Nosso Senhor!
            Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!


            Sinto os passos de Dor, essa cadência
            Que é já tortura infinda, que é demência!
            Que é já vontade doida de gritar!


            E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
            A mesma angústia funda, sem remédio,
            Andando atrás de mim, sem me largar!


            Poesias de FLORBELA  ESPANCA, ALVARES DE AZEVEDO, FERNANDO PESSOA e LUÍS DE CAMÕES
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            sexta-feira, 23 de março de 2012

            O namoro de Marta

            Miguel e Joana namoravam já há muito tempo, tendo em conta que desde miúdos se conheciam e que desde que deixaram o conservatório consolidaram o seu namoro e nunca mais se separaram. Ambos sonhavam, como todos os namorados, mil coisas diferentes para o seu futuro, que havia de começar no dia em que monetariamente Miguel que era o mais velho e adiantado nos estudos, terminasse o seu curso e começasse a trabalhar, visto que ambos desejavam ser independentes.
            Joana tinha a promessa da mãe que um dia o andar onde viviam seria para ela, e depois da morte do avô tinha isso como certo pois a mãe prometera-lhe que o libertaria quando ela precisasse e depois de lhe fazer alguns melhoramentos o colocaria no seu nome. Tendo em conta que no seu nome Joana tinha no banco intacto o valor que herdara da seguradora pela morte do pai e na qual já podia mexer, quando casasse com o Miguel haveriam de ter um bom começo de vida.
            Mas nem tudo é como parece e como gostaríamos que fosse.
            Depois de se esquivar à mãe de todas as conversas possíveis sobre o seu namoro, para evitar o que ele considerava fatal, que seria uma grande discussão com a mãe, um dia o inevitável aconteceu. Sílvia encontrou o filho numa explanada de um café, numa hora a que de facto não costumava passar por ali, pois era o horário do seu trabalho no colégio, mas que naquele dia por qualquer circunstância aconteceu colidir com a hora a que ambos estavam a lanchar. A sua conversa íntima deixava-os tão embebidos um com o outro que não viram a Sílvia nem ninguém que passava ou os rodeava. De facto Joana e Miguel amavam-se muito mas não imaginavam o que os esperava.

            Marta já há algum tempo sabia que a filha namorava mas ainda não conhecia o jovem. Joana mantinha em segredo tal como Miguel o que ambos tinham combinado. Mas Marta via a filha feliz e não se apoquentava nem criava atritos com essas questões. Era a sua vida e sabia que quando chegasse a hora a filha lhe havia de contar e apresentar o namorado, e isso por enquanto bastava-lhe.
            O mesmo não acontecia com Sílvia, que vivia atormentada com os homens que eram a sua vida. Filipe há muito que não era o mesmo. Esperava dizer-lhe definitivamente que iria sair de casa.

            Mas ia deixando correr o tempo vivendo com Sílvia debaixo do mesmo tecto mas não partilhando com ela a intimidade que era devida a um casal em união perfeita.
            A paixão e o fogo que sentia por ela quando se amavam, tinha terminado e Sílvia contribuíra para esse final. Saturara-se de tanta coisa que ouviu dela, de tanta acusação infundada baseada nos ciúmes, e ia deixando passar o tempo um pouco por comodismo, primeiro para não lhe dizer abertamente que queria o divórcio e depois por pena dela, o que para ele também era um castigo, mas fazia-o para acompanhar o filho até final do seu curso.
            Depois esperava que também ela se saturasse do relativo abandono a que fora posta e lhe pedisse para sair da sua vida, o que não era provável. Filipe ultimamente preocupava-se muito mais com o trabalho do que com o que Sílvia dizia, pensava ou fazia e era assim que viviam até àquele dia em que Sílvia viu o filho com a jovem que bem conhecia.

            - Então Miguel, tudo bem meu filho? Hoje vi-te.
            - Então porque não foste ter comigo, não te vi.
            - Estavas de namorico com aquela miúda que sempre te disse que não gostava para ti. Foi a mãe dela que estragou a minha relação com o teu pai.

            - Mãe calma. Estás a confundir tudo. Nem a Joana tem culpa do que te acontece com o pai, nem a mãe dela teve nada a ver com isso. Não vês que foste tu com esse teu feitio que lentamente destruíste a tua relação com o meu pai, que apesar de tudo permanece aqui, está junto de ti, quem sabe por piedade?

            - Marta, a mãe dessa rapariga, afastou o teu pai de mim. Isso é o que sei com toda a certeza. Sabes que ela é viúva, jovem bonita e que o enfeitiçou. Essa filha dela não deve valer grande coisa.
            - Vês o que dizes, reparaste bem no que acabaste de afirmar? Como podes avaliar uma pessoa só porque é jovem, viúva e amiga ou conhecida do meu pai? Pensa mãe, pensa, pois estás completamente errada.
            - Mato-me se continuares com essa rapariga cuja mãe afastou o teu pai de mim, ouviste o que disse?
            - Só podes estar louca. Não podes chantagear-me dessa forma, tens esse direito. Estás a interferir numa parte da minha vida que é só minha. Esqueces-te que sou teu filho, e que devias querer ver-me feliz?
            - Serás mais feliz com outra rapariga, tua colega. Digo-te que me mato, e faço-o, pois não suporto perder os homens da minha vida para essas mulherzinhas.
            - Não sei que te diga, deixas-me aterrado e confuso. Estás completamente alterada. Sei apenas que meteste loucuras na tua cabeça, infernizastes a vida do meu pai a ponto de ele se querer libertar de ti para ter um pouco de paz e agora fazes isto comigo. Julgas que não sei o que se passa entre vós apesar de tu o tentares disfarçar? Porque julgas que nunca te falei do meu namoro? Porque sabia que irias reagir mal, mas nunca desta maneira. Mãe, tens que ir ao médico.
            - Tens-me andado a enganar este tempo todo mantendo essa relação, e não queres que esteja neste estado?

            terça-feira, 20 de março de 2012

            O Saco de Nozes: Bom dia...boa tarde...boa noite!!

            O Saco de Nozes: Bom dia...boa tarde...boa noite!!

            Bom dia...boa tarde...boa noite!!

             PARA MIM,  PARECE-me SEMPRE QUE NADA É BOM, nada é fácil, nem perfeito...e não acredito, não reconheço verdade no que está escrito acima. Para mim a felicidade não existe...vive-se em pequenos momentos que depressa nos fogem...e temos que correr atrás dela...e EU JÁ ESTOU VELHA , PERDI A FORÇA ...já não corro como antes !!!!!!

             Falta-me sempre algo, alguém, alguma coisa para fazer, algo que não fiz mas já não sei como fazer..MAS sinto sempre que o tempo passa e nada faço, nada fiz , nada mais tenho para fazer.
             Sinto que só drogada ( e não falo de químicos) de amor, de amigos sinceros e presentes, de muita compreensão,  de carinho e muita companhia o mundo me poderia ser  risonho mesmo nos dias de chuva, sombrios. Se isso fosse possível então tudo  valeria a pena.
             De facto drogas não são unicamente os químicos que se ingerem e nos ajudam, mal ou bem, a superar as dificuldades, a levar em frente situações que muitas vezes são fúteis, banais, sem interesse algum para muitos, mas que para  quem as sente, lhes parecem maiores que um autentico tornado, um maremoto, o mundo a acabar naquele instante determinado .

             A solidão no meio da multidão, a solidão do isolamento, de se sentir exactamente só, porque não se tem ninguém à nossa volta...
             Situações bem diferentes mas complexas que trazem muito sofrimento a quem as sente.

             Estou só, sinto-me sempre muito só mesmo quando estou com gente à minha volta.
             Troçam de mim, riem-se, fazem troça e não me entendem.
             Sou mal amada, mas também se nunca fui amada como posso sentir tal estado.
             Mas eu amo a minha gente.
             Mesmo que se riam, que se divirtam  do que digo e faço, amo o que julgo ser meu, ainda que nenhum deles me entenda. E depois sofro porque sei que decerto têm razão e que afinal nada valho!

              E o tempo passa, e eu parada sem viver refugiada no meu canto, á espera nem sei do quê???

              Mas mesmo assim escrevi o meu primeiro livro, e o segundo e o terceiro, estes dois últimos (um deles) à espera de poder vir a ser publicado pela minha Editora a Chiado Editora, que está a preparar neste momento a 2ª edição do meu primeiro livro que esgotou nas livrarias onde foi colocada a vender. " AQUI VAI O LENÇO", um pouco de mim, da minha vida, dos meus sentimentos, do que compilei da memória longínqua, do meu fazer de outrora do meu sentir e pensar, dos meus sonhos desfeitos e outros concretizados (poucos), mas que tirei do meu baú de lembranças e ali escrevi...É ler para crer, SENTIR, acreditar e pensar que o mudou mudou apesar de tudo, mas muitas coisas continuam na mesma :((( 

            Quando escrevo não estou tão só. Entro noutro mundo, noutra esfera, onde eu comando tudo, sou dona de tudo o que me rodeia e transformo o mundo a meu belo prazer  e a meu jeito.

              Nestes momentos nem sei se há Sol, se chove, se o telefone toca ou se o estômago reclama.

              Ali sou diferente, procuro ser livre e matar as mágoas que me corroem, e faço-o convicta, mesmo sabendo que muito, quase tudo o que escrevo nunca virá a ser lido.
            Rosa Maria

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            sexta-feira, 16 de março de 2012

            Idade de ser feliz

            A Idade de Ser Feliz

            Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
            somente uma época na vida de cada pessoa
            em que é possível sonhar e fazer planos
            e ter energia bastante para realizá-las
            a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
            Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
            e desfrutar tudo com toda intensidade
            sem medo, nem culpa de sentir prazer.
            Fase dourada em que a gente pode criar
            e recriar a vida,
            a nossa própria imagem e semelhança
            e vestir-se com todas as cores
            e experimentar todos os sabores
            e entregar-se a todos os amores
            sem preconceito nem pudor.

            Tempo de entusiasmo e coragem
            em que todo o desafio é mais um convite à luta
            que a gente enfrenta com toda disposição
            de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
            e quantas vezes for preciso.

            Essa idade tão fugaz na vida da gente
            chama-se PRESENTE
            e tem a duração do instante que passa

            De desconhecido

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            Viver

            A VIDA
            Poema lírico-juvenil
            Emile Brontë

            A vida, acredita, não é um sonho
            Tão negro quanto os sábios dizem ser.
            Frequentemente uma manhã cinzenta
            Prenuncia uma tarde agradável e soalhenta.
            Às vezes há nuvens sombrias
            Mas é apenas em certos dias;

            Se a chuvada faz as rosas florir
            Ó porquê lamentar e não sorrir?
            Rapidamente, alegremente
            As soalhentas horas da vida vão passando
            Agradecidamente, animadamente
            Goza-as enquanto vão voando.

            E quando por vezes a Morte aparece
            E consigo o que de Melhor temos desaparece?
            E quando a dor se aprofunda
            E a esperança vencida se afunda?
            Oh, mesmo então a esperança há-de renascer,
            Inconquistável, sem nunca morrer.

            Alegre com a sua asa dourada
            Suficientemente forte para nos fazer sentir bem
            Corajosamente, sem medo de nada

            Enfrenta o dia do julgamento que vem.
            Porque gloriosamente, vitoriosamente
            Pode a coragem o desespero vencer.
            Emile Bronte, 1818-48, escritora inglês, Life


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            quinta-feira, 15 de março de 2012

            Os SINOS TOCARAM

            Hoje bem cedo os sinos tocaram.
            Não gosto daquele toque, aquele som tem o cheiro de morte e arrepia-me.

            Não sei quem morreu, mas alguém não está mais entre nós e permanece inerte naquela caixa  enfeitada de rendas, repleta de flores, com gente que a envolve, triste ou não, porque estar ali é mais uma função, uma obrigação da sociedade que nada mais.


            A família sofre, mas sofrerá de facto? Sim, acredito que muitas vezes sofre.
            A perda de um filho, de um jovem ou de uma criança.  A perda do marido, a paixão de uma vida, a perda de um amigo, o confidente de sempre, a perda dos que morrem nas guerras que alguém inventa, tantas perdas... Estas e outras perdas semelhantes dão dor e padecimento aos que ficam, fazem dilacerar os seus corações deixando sulcos feridas, marcas que nunca desaparecem.
            Mas quem parte leva saudades, sei que leva!
            A não ser que tenha tido tempo e capacidade, de neste mundo se despedir de tudo e todos, aceitando com toda a crença e de coração aberto a hora da sua partida deste mundo de emoções, cheiros, desejos e convicções, guerras amargas, sorrisos ardentes, amores e desamores, de tantas fraquezas e de outras coisas infindáveis, boas ou não, que nos prendem e nos fazem desejar ficar mais um bocadinho sobre a terra.
            Quem parte leva sempre saudades, mas quem fica também as tem. Que parva que é a morte, ou não?
            De manhã ouvi o toque do sino a falar-me de morte, e não gostei, nunca gosto.

            Nem gosto de falar nela, porque me soa mal. É uma palavra fria, distante, errada, mas ao mesmo tempo certa,  porque existe em cada canto à nossa espera, escondida, matreira e por isso não gosto dela.

            Quando eu morrer, queria estar cega e surda e muda e louca e não me lembrar de nada.
            Queria, sei lá o que queria se agora que posso querer, não posso querer nada.

            Mas se pudesse queria adormecer, sonhar que a vida é linda e bela, que no mundo não há guerras, queria sonhar que tenho muitos amigos, brincar de roda com eles como se fosse criança, sorrir, chorar de contente, rir às gargalhadas e com eles, depois de muito brincar sossri e pular, cansada queria adormecer profundamente e mais nada.
            Ficar-me com esse sonho lindom pronta para recomeçar noutro mundo.

            Pois quando eu morrer que me importarão as rendas, as flores as pessoas à volta da caixa onde gelada hei-de estar deitada.
            NÃO VEJO, NÃO SINTO MAIS NADA.
            Já não sou gente, e aqueles que me rodeiam não são meus amigos, não me são nada.
            Sei que  não o são, porque que se são, onde estão eles agora?

            AMIGOS, onde estão eles? NÃO os tenho, nunca os tive. Vivo só, e tenho medo, muito medo.
            De quê? Não sei! De tudo..talvez do nada! 

            Os sinos tocaram hoje a anunciar a morte e eu não gostei, nunca vou gostar.

            Mas sei, que um dia quando tocarem por mim não os ouvirei e por hoje isso me basta!

            Fotos Do Google