quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Marta

Depois de deixar a Joana em casa da amiga, metia-se no autocarro e descia sempre na mesma paragem para depois caminhar percorrendo a pé a distância que a separava da paragem até ao seu local do seu trabalho, uma loja elegante na baixa da cidade do Funchal. A forma como caminhava indiciava a qualquer um que a conhecia ou não, que ela era especial e não uma pessoa vulgar. Caminhava de um jeito seguro, pleno de elegância e beleza. Quem não a conhecia, pois a ilha está sempre cheia de turistas, ao vê-la passar olhavam quase sempre para trás, porque o seu porte esbelto e firme era de uma graciosidade que apetecia olhar.


Vestia sempre um tailleur de saia bem justa até ao joelho, o fato preto que lhe era exigido usar pela empresa mas que lhe assentava como a ninguém. O casaco vincava-lhe a cintura, e a sua cor preta favorecia-lhe ainda mais a silhueta. Por baixo, uma blusa branca, sempre impecavelmente branca, davam-lhe um ar distinto. Junto ao pescoço um fio de ouro branco muito fino com um pingente com a letra “L”, e no dedo anelar da mão esquerda a aliança que Luís lhe colocara no dia do casamento e que ela nunca deixou de usar. No Inverno, que na ilha nunca é muito rigoroso na temperatura, colocava muitas vezes um lenço no pescoço de forma que só ela sabia usar. Sobre o fato usava um casaco comprido também cintado, preto ou azul-escuro. Nos pés, sempre uns sapatos pretos de salto alto, formais mas elegantes o suficiente para transformar o seu porte ao andar no mais gracioso de todos.


Que fosse visível na rua, nunca mais vestiu cores claras além das suas camisas brancas, mas tudo o que vestia assentava-lhe tão bem que seria erro mudar. E depois o seu pisar na calçada, a sua passada certa e segura, tendo em conta que usava sempre aqueles sapatos com um tacão que lhe favoreciam as formas, era de tal forma elegante e belo, que tudo junto faziam de Marta uma mulher linda, diferente e muito especial. Resolvera vestir-se sempre como se o Luís estivesse ao seu lado a acompanhá-la e isso dava-lhe energia para continuar. Seria difícil arranjar um homem como o Luís para colocar no seu lugar, e apesar dos elogios e rodeios que de vez em quando lhe dirigiam alguns colegas ou amigos, estava segura que estava muito bem assim. Não queria mais homem nenhum na sua vida.

Laura que tinha três filhos e tinha uma relação um tanto estremecida com o marido pois apesar de muito amigos e unidos, Laura queixava-se a Marta de se sentir e saber mal-amada, dizia-lhe sempre:

- Deixa-te estar assim, que se já te acostumaste é assim que estás bem. Não tens que prestar contas a ninguém. Controlas o teu tempo e a tua vida como queres. É que casadas nem sempre tudo corre bem, e tu isso não podes avaliar pois infelizmente estiveste casada pouco tempo. Olha o que eu passo com o meu marido por ser ciumento, e depois comigo na cama ser um egoísta. Inventa-me namoros, e tudo o resto que sabe que não tenho, mas mói-me com isso, como te tenho contado. Sou uma mal-amada. Um sacrifício! Mas que hei-de fazer se gosto dele é o pai dos meus filhos, e até é meu amigo.
 
Fotos do Google

Mirrar nunca!

Self-disclosure   de: João vasco coelho

Dito-dito.


morro por viver
vivo morto
o ar imenso
esqueço ardo


morro por viver
num esmero
de entoação da fala


vivo
ainda por aqui danço
ainda aqui estou por morrer
ainda aqui estou por mirrar


um tubérculo ínfimo
feito das coisas que se permitem


morro por viver
por não saber
o que poderia ter feito mais


acabo sempre por ficar
sempre quase
sempre quase

Do blog Starjamming by João Coelho  

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sonho-te

    Sonho-te

   Estavas ali deitado a meu lado,
   Vi o teu corpo, rodeei-te com os meus braços,
   e tu abraçavas-me como sempre sonhei que o fizesses.
   Eu desesperada, prendia-te forte e não queria deixar-te partir.
   Alguém te puxava de mim, e tu querias fugir, partir dali do meu abraço,
   do meu colo sedento de carinho e do teu apoio.
   Faz-me tanta falta o teu abraço, o teu consolo.
   Tenho saudades dos teus abraços, do calor do teu corpo.
  O teu cheiro permanece em mim mas vejo-te sempre partir
  e o que resta da força que pressinto dos teus braços,
  é muito pouco para saciar o meu desejo.
  Tens sempre tanta pressa, tanto cansaço!
  Fazes-me falta...pára um pouco, atende ao meu apelo,
  e fica calmo junto de mim mais um pouco
 olha-me no rosto e depois em silêncio, mesmo sem saber,
  toscamente e como desejares, aquece-me nesse abraço quente.
  Deixa-te ficar, aperta-me, beija-me, sufoca-me de carinhos
  que eu gosto..
  Preciso tanto que o faças...
  Ama-me como sabes,
  que mesmo assim é esse amor que tens que eu desejo tanto!
  Mas era tudo um sonho...
  Vê se voltas...

  Fotos do Google 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Adeus

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio.

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,

... gastámos as mãos à força de as apertarmos,

gastámos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas:

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,

era no tempo em que os meus olhos

eram realmente peixes verdes.


Hoje são apenas os meus olhos.

É pouco, mas é verdade,

uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.

Quando agora digo: meu amor,

já se não passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certeza

que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.



Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”

Tema(s): Amor Ler outros poemas de Eugénio de Andrade //
 
Fotos do Google

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Estou só!

Estou só. Não sei por andam os que me amam, todos fugiram de mim! E não me peçam para não sentir mais do que isto, pois não sou capaz!

Mas eu estou aqui, só que estou só, vazia, cada vez mais só e sem ter nada. No meu pensamento brotam manchas negras que não são as realidades que gostaria de pensar, de sonhar, mas brotam de mim duras e cruéis cada vez com mais intensidade.

Tudo e todos me fogem, é o que sinto. Não tenho mais nada, e o que me resta também irá embora. Mas será que alguma vez tive alguma coisa?

A casa é grande e está maior ainda desde cada dia que passa. Dentro dela sinto-me uma gigante amedrontada de frio, alma gelada, amedrontada de não saber nem entender nada. Estou congelada do medo da solidão, do vazio que sinto à minha volta na minha alma, no coração, nas minhas mãos...

Tiraram-me tudo, dia a dia vão-me levando tudo. Mas tudo o quê se nunca tive nada?

Sinto-me vazia, oca, perdida, sem um apoio afeiçoado para descansar, um colo quente e fofo, umas mãos macias carinhosas, aquelas que tristemente não recordo, mas acalento em mim como uma falta que nestas horas me animaria, no aconchego de um regaço delicado.

Como estou só, e como o lamento!

Despeço-me aos poucos do que imaginei ser meu, mas decerto nunca foi. Perco-me em sonhos, com a ideia de poder ainda viver o que o tempo já consumiu e me roubou, se por um acaso chegou a ser meu.

Nem sei que faça. Se pare ou continue.
Mas parar é morrer para sempre, desaparecer e nunca mais ver os que retenho no coração. O amor que lhes tenho, esse, ninguém mo vai levar nem mesmo a morte.
Mas continuar, é viver num desespero de sossego preocupado e constante, num vazio que eu sinto gelado, sem nada, sem nada nem ninguém com quem falar, estar ou partilhar.

É estar oco, vagueando olhando o céu, sentir a chuva, o sol ou o luar e pensar que bom é viver, mas não ter nada, estar preso áquele lugar e não conseguir sorrir ou sonhar, apenas chorar e querer fugir dali, procurar qualquer coisa algures noutro lugar, mas não ter pernas para fugir e caminhar.

Eu não tenho nada, já não tenho mais nada e não quero isso, mas mesmo sem o desejar, nem saber como fazer para sobreviver, quero viver, quero sentir-me uma vez, mesmo que seja só mais uma vez amada por todos os que amo e se esquecem de mo dizer agora enquanto penso e sinto, agora que estou só e triste e tudo me foge e eu fico sem nada.

Afinal dizer, "eu amo-te" não custa nada!

E eu amo-vos muito, ouviram???? Amar-vos-ei sempre, mesmo para além do tempo do já não ter nem ser nada!!!!

AMIGOS !

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Descobri o " CAMTICA" !

Este Natal muitas coisas diferentes me aconteceram, um amigo meu ficou muito doente, mas para me compensar desta tristeza, a minha filha casou e correu tudo lindamente.

Tive mais dificuldades em adquirir as prendas que desejava oferecer aos meus amigos e familiares, por falta de variadas coisas, mas tantas voltas dei à cabeça que penso ter conseguido satisfazer as minhas necessidades nesse campo, e os ter deixado a todos contentes naquela noite!

Ofereci a cada um algo que os fez sorrir!

Sim neste NATAL, todos ficaram felizes!
E eu também!

Com as tantas buscas que fiz  descobri o CAMTICA.
Muito útil para criar videos com toda a facilidade e perfeição, gravar e promover produtos para cliente em diversas áreas.
Criar videos que possam responder a clientes, a dúvidas e outras questões  que eventualmente estes possam ter.
E tem tantas outras possibilidades de utilização!
Produz ficheiros em formato standart AVI e WMV.

EXPERIMENTE-O, mas não deixe de o fazer!

Veja neste link:"http://jiteco.com/screen_recorder_software.html

Fotos do Google