terça-feira, 30 de outubro de 2012

Morro depressa....





Sei que um  dia quando chegar a hora, 
a minha, 
vou morrer e ficar nesta terra 
que não gosto, 
não é minha, 
que nunca tive como certa, 
onde desconheço tudo e todos 
as ruas e vielas, 
os jardins, 
as paredes das casas 
e as janelas 
as pessoas que moram dentro delas
e que por mim passam na rua
me dizem adeus com um aceno 
ou palavras definidas sempre iguais, 
mas que não gosto, 
não me dizem mais do que são
palavras repetidas sem sentido
ocas e vazias de sentimento e vida 

Pessoas que desconheço por dentro 
me mostram um sorriso que lamento 
pois sei que é de ocasião 
não é sincero, 
nem puro, mas o mais oportuno.



E eu que sou honesta esmoreço
e queria fugir daqui 
abalar para outro sítio,
mas não sei para onde
por isso fico, 
fico sempre
sabendo que quando chegar a hora, 
a minha,
irei para onde todos vão
nesta terra que não gosto, 
onde ninguém me conhece,
mas me invejam 
onde ninguém me aceita,
 ou me quer bem,
onde não conheço ninguém,
onde morro devagar 
mas depressa  me afundo 
e nela desapareço 

fotos do Google

O meu livro "MULHERES SINGULARES"




     Lançamento do meu segundo livro "Mulheres Singulares"


"Mulheres Singulares" 
uma obra dedicada a todas as mulheres, 
mas que os homens devem ler


No lançamento do meu segundo livro 

"Mulheres Singulares"


Os meus dois livros já à venda


LIVRARIAS ONDE PODEM SER ADQUIRIDOS

Ambas as minhas obras foram disponibilizadas nos seguintes locais:

Livraria Les Enfants Terribles-Rua Bulhão Pato, n.º 1
1700-081 Lisboa

Livraria Nun’Álvares-Rua 5 de Outubro, n.º 59
7300-133 Portalegre

Livraria Papelaria 115-Praça 8 de Maio, n.º 29
3000-300 Coimbra

Livraria Branco-Rua Dr. Roque Silveira, n.º 95
5000-630 Vila Real

Livraria Caminho-Rua Pedro Santarém, n.º 41
2000-223 Santarém

Representações Online-Praça do Comércio, n.º 108
4720-337 Ferreiros AMR

Livraria BrincoLivro-Rua Alexandre Herculano, 301
3510 – 038 Viseu
Livraria Avenida-Rua António Sardinha, 11 R/C
7800-447 Beja

Livros da Ria Formosa-Avenida dos Descobrimentos, 43I, Loja L
8600-645 Lagos

Livraria de José Alves -Rua da Fábrica, n.º 74
4050-246 Porto

Livraria Esperança -Rua dos Ferreiros, 119
9000-082 Funchal

Nazareth e Filho-Praça do Giraldo, 46
7000-406 Évora

Livraria Graça-Rua da Junqueira, n.º 46
4490-519 Póvoa do Varzim

Aliete S Clara Brito-Avenida 25 de Abril, lote 24 R/C
8500-511 Portimão

Culturminho-Rua Dr. Francisco Duarte, n.º 319
4715-017 Braga

Culturminho – Guimarães-Praça Heróis da Fundação, 436
4810-242 Guimarães

Book.it Chaves-Zona Industrial, Estrada do Outeiro Seco
Edifício Modelo
5400-570 Chaves

Book.it Marco Canaveses- Edifício Sonae
Lugar do Cotovio, Tuias
4630-205 Marco de Canaveses

Book.it Valongo-Centro Comercial Continente
Avenida do Conhecimento, n.º 75
4440-837 Valongo

Book.it Rio Tinto-Edifício Modelo
Avenida Dr. Domingos Gonçalves de Sá
4435-213 Rio Tinto 

Book.it Ovar - Edifício Modelo
Rua Dr. Mário Sacramento
3880-783 Ovar

Book.it Tomar – Edifício Modelo
Lugar de Palhavã,
Santa Maria dos Olivais
2300-410 Tomar

Book.it Abrantes – Edifício Modelo
Rua da Esperança, Samarra
2200-210 Abrantes

Book.it Olhão- Ria Shopping
Sítio de Brancanes
8700-240 Olhão

Book.it Tavira- Centro Comercial Tavira Gran Plaza
Rua Vale do Caranguejo
8800-318 Tavira

Book.it Torres Novas – Edifício Modelo
Santo António Chás, Santa Maria
2350-537 Torres Novas

Book.it Paços de Ferreira – Edifício Modelo
Lugar de São Domingos, Carvalhosa
4590-186 Paços de Ferreira

Book.it Maia Vivaci- Centro Comercial Maia Vivaci
Estrada real, n.º 5
4470-274 Maia

Book.it Bragança-Bragança Shopping
Avenida Sá Carneiro
5300-252 Bragança

Book.it Viana Estação-Viana Shopping
Avenida General Humberto Delgado, n.º 101
4900-317 Viana do Castelo

Book.it Barcelos – Galeria Modelo
Rua do Passal, Freguesia de Vila Frescainha, S. Pedro
4750-804 Barcelos

Book.it Ferreira Borges- Rua Ferreira Borges, n.º 82
1350-135 Lisboa

Book.it de Sintra- Fórum Sintra
IC 19, Alto Forte
2635-018 Rio de Mouro

Na FNAC a obra  pode ser ENCOMENDADA 

em qualquer balcão.

Online estão disponíveis no  site da Chiado, o Wook, 

e na Bertrand Online também se pode encontrar 
e fazer a respectiva encomenda.

Palavras ditas, escritas, sempre iguais...



Estou cansada de palavras ditas e escritas
vazias, ocas, 
falsas e repetidas
atiradas ao vento e à vida,
por todos que as inventam,
como se fossem a cura dos males da alma
declamadas e repartidas
e aos gritos feitas loucas varridas,    
danadas e descrentes, 
não deveras amadas
repletas de medo, 
sem conteúdo verdadeiro por dentro.


Palavras que parecem dizer tudo,
mas são mentirosas, 
vãs, repetidas,
 banais e sem cor,
sem o brilho 
que alimenta a alma deveras,
por serem sempre iguais,
sem verdadeiro sentimento
ou sentido 
por serem ditas e reditas,
depois rescritas.
Palavras que saem da caneta
como água da fonte que depressa seca,
não da alma, 
do coração,
só da mente
Palavras escritas ou ditas
que saem daquele que diz ser poeta,
umas a seguir às outras,
sempre vulgares,
 iguais
e banais 
nos caminhos que percorrem
perdendo-se neles,
não aliviam as dores
não curam, não tratam,
não cuidam,
não matam a sede da dor,
 nem do amor,
nem das perdas,
só nos fazem pensar,
sofrer mais e mais
e lentamente fazem-nos  morrer 
de desgosto, 
de lamentos 
de pena e de dor


Fotos do Google

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Um amor eterno!



Passei por lá há pouco 
e tudo estava vazio,
e frio, e cheirava a abandono.
A casa antes iluminada, respirava silêncio
e na janelinha onde sempre raiava uma luz
nada vi, além do nada.
Tudo estava negro, escuro, 
e apesar do luar o jardim não tinha brilho,
dele não brotava o colorido das rosas,
das hortenses, das margaridas,
das begónias, das flores diversas 
que o enfeitavam e que ela e tu,
tanto estimavam.


Todas as flores murcharam, 
secaram pela vossa ausência
e apesar do sol e da chuva
e da terra fértil 
que tu lavraste mais de mil vezes, 
as flores não mais brotaram, 
morreram de saudades 
dos vossos cuidados. 

As luzes do corredor apagadas
disseram-me o que já eu sabia 
que depois de tu te partires, 
ela se perdeu na dor 
e do pranto dorido
da saudade de não te ter mais com ela
fez a ponte que depressa a levou,
foi secando de dor 
como o fizeram as flores do jardim. 


Não queria estar mais aqui, 
não sem ti, 
sem as tuas palavras, 
o teu sorriso quente
o aconchego que lhe davas.
Até  das lágrimas que no final do teu tempo 
choravas por tudo e por nada,
ela sentiu falta, 
e uma tristeza tão grande 
maior que o negrume intenso
que vi hoje envolver  a vossa casa, 
tomou conta dela, dominou-a 
e forrou-a todo de preto.
Sonhava todos os dias 
que a chamavas
que a  querias a teu lado
e desse sonho fez a sua realidade.


Um  dia 
depois do seu corpo magoado esquecer a dor, 
partiu para ti
foi-se sem receios, 
nem cuidados
certa que depois desse dia chegado
iria estar para sempre feliz 
a teu lado. 
Não se importou com a casa, 
há pouco caiada de branco, 
nem sei para quê
com o quintal antes sempre cuidado,
deixou o jardim já seco e deserto,
os vasos de flores raras que amava
sem os cuidados a que as habituara
e partiu, sem avisar, 
mas decerto contente. 

Acredito que  hoje onde estão,
estarão com um sorriso eterno nos lábios 
um raiar de luz delicado mas brilhante no olhar, 
e para sempre entrelaçados nas mãos, 
no corpo, e na alma.


     
Fotos do Google 

domingo, 28 de outubro de 2012

Rosas para ti!


Quero dar-te uma rosa, 
branca, vermelha ou amarela, 
mas orvalhada, 
colhida numa manhã de primavera.
Só uma,  
 fresca e formosa 
de todas a mais bela
 que só uma  basta
 para dizer que te amo
 que te quero bem 
o melhor bem do mundo

Mas olha, vê bem, 
se olhares o meu regaço 
verás nele agora 
dezenas delas assim
coloridas, frescas e belas,
todas iguais à primeira
colhidas por mim
que a roseira do jardim floriu 
e deu-as todas para ti


Fotos do Google

O Amor é cego !

 Uma página em branco, 
e outra e outra ainda
 que mais quero para me libertar 
e nelas, com letras seguidas unidas  
escrever e limpar da alma
 com palavras doridas, eu sei,
mas directas 
cruas, soltas, e sempre sinceras 
o que me fizeste,
 o pesadelo onde me enfiaste,
a mágoa que vivo,
que tu inventaste 
em que mal acredito
mas é real, concreto, 
um absurdo total
que preciso entender, aceitar depressa,
senão morro de angústia e de pena.
  
Mas folhas brancas são  pouco
para limpar tanta mágoa,
que o que fizeste é demais 
e nelas não cabe a raiva 
a dor, a pena que tenho agora de te conhecido
de ter permitido que invadisses a minha vida 
de ter acreditado em ti, 
de te ter amado e respeitado.
 Com elas e nelas, apesar de puras,
 não limpo
o nada que deste, 
tudo o que me tiraste 
a mágoa que sinto 
por não te ter sabido antes como te sei agora 
o ter gostado de ti, 
ter-te respeitado sem que o merecesse


As razões que apresentas
que são vagas e fúteis, 
não merecem ser escritas, 
ficar gravadas em folhas brancas puras, distintas 
 apenas merecem ser esquecidas, 
esquecidas 
para sempre esquecidas

Fugiram-me as palavras...


Fugiram-me as palavras, 
secou-se-me o pensamento
pela tortura do que vivo.
Assim como me sinto estou nua, 
rota, rasgada por dentro de tudo, 
não penso, não consigo caminhar em frente 
que por ele, que não o merece,
  a minha mente bloqueou, 
os meus sentidos secaram 
fundindo-se com a dor.  
Entrou em mim um silencio profundo,
doloroso e triste,
que me penetrou toda 
se instalou em mim
transformando-me por completo 
em alguém que desconheço
e não quero. 
Uma força agreste que pode mais que eu,
comanda o meu corpo, 
toda eu,
mantendo-se a meu lado
fundindo-se em mim
pior que um emplastro, 
uma sombra negra, 
avassaladora,
fazendo de mim uma mulher diferente 
cada dia mais amarga e desolada.


Coloco-me de lado
e num último grito assisto a tudo como espectadora,
que sendo assim 
é mais fácil não sucumbir a tamanha tortura, 
a esta amargura, 
que me desespera
mas só sem alento
incapaz de fazer o que quer que seja 
deixo-me dominar por esta dor amarga 
que me arranha a alma
me mata e quer engolir viva.

Do vazio das minhas mãos frias e nuas,  
ergueu-se um castelo de raiva 
e eu que o amava, 
que lhe queria bem,
hoje só sinto pena, 
mágoa e desdém.
Quero esquecer a dor que me ofereceu 
sem lha pedir ou merecer,
quero esquecer que existe,
que o amei, 
lhe quis um dia bem.


Quero que desapareça de mim
me deixe de novo sorrir, 
quero esquecer que algures por aí , 
mas bem longe ainda existe, 
mas nunca por mim passou,
 nunca o conheci,
 nunca me fez sofrer
 nem a ela
que menos que eu ainda  
porventura o merecia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sonho ou pesadelo



Hoje não quero que colhas para mim flores,
nem que me ofereças rosas, 
margaridas ou violetas,
não quero que coloques na mesa o pão nem o vinho
nem que prepares o suco divino que me alimenta a vida
não quero que o sol ilumine o meu quarto
nem o meu corpo, 
nem a minha e a nossa vida 
que se rasgue do céu entre as nuvens e desça até mim
me aqueça a alma, 
me acalme o desgaste da vida, me faça sorrir de novo

Hoje não quero sonhar, 
não quero pensar que existo
não quero ter que saber que como ontem
hoje chove demais no meu peito
que a chuva me encharca a alma de dor e de pranto
me consome inteira por dentro, 
como num lamento mesquinho, doloroso e frio
que os teus olhos antes brilhantes, 
alegres e sorridentes
estão tristes, magoados e choram como nunca os vi antes
que a tua alma sentida, está só e ferida 
  
Hoje não quero nada da vida 
nem calor, nem frio, nem sol, nem chuva,
nem o alimento divino que cura e sacia  
nem de noite quero que o luar me ilumine 
me transforme e alegre o sentir 
magoado e ferido que se implantou em mim
me corrói e mata como uma doença, 
me cansa e rasga devagar a carne e a alma 



Hoje só quero esquecer 
a mancha de branco 
que te envolveu um certo dia
quero esquecer os véus, as sedas,
a brancura que um dia envergaste 
e te ficavam perfeitos
fazendo de ti a princesa mais linda
quero esquecer para sempre 
o cetim,
a mantilha rendada, 
a organza que enfeitou a casa
os brilhantes que te ofereci
a teara que tu usastes, 
as flores brancas e verdes, tão amadas
puras e delicadas 
que ficavam na tua mão 
como sendo nelas o seu jardim eterno 
mias que perfeito e predileto



Hoje quero esquecer o lamento
o tormento que vives 
e eu sinto contigo  
quero esquecer-me de tudo 
e pensar
que afinal tudo foi um sonho mau e ruim, 
um pesadelo escuro e tenebroso
que estás bem e não choras, 
nunca choraste 
que os brilhantes, as sedas, 
os véus e o cetim
as flores viçosas brancas, 
verdes e frescas , 
a grinalda, o vestido de seda branco que te assentava perfeito
que tudo o resto com que te vejo em sonhos 
nunca existiram,
não eram teus, nunca os usaste. 

   

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O amor não existe...


Caiu sobre mim 
o peso da dor suprema de ver sofrer 
quem mais amamos e queremos.
Invadiu-me o pesar da melancolia,
a angustia de não saber se vale a pena acreditar na vida
em promessas vãs que se dizem e têm como certas,
se pensam fiéis e eternas, 
mas são falsas e ocas, 
nos amarram primeiro 
e depois nos fogem das mãos
de entre os dedos cingidos 
como grãos da areia mais fina .

É tudo tão passageiro, 
tão fugaz e incerto
que sendo mentira, 
é mais agreste e cruel ainda
nem vale a pena sentir, 
desejar ou querer 
viver esse amor que se tem 
e até se pretende,
até se julga que pode ser perfeito
mas é todo fachada, 
danado e ruim 
enfeitado de palavras vãs, 
de sentimentos 
e gestos que não existem,
falsos, imperfeitos
que apenas são rotineiros. 

Imaginar que na vida 
por escassos momentos apenas
tudo vale a pena 
é mentira,
é egoísmo, é pura cegueira
é procurar no abismo a forma de sobreviver
e não morrer num segundo,
estrangulada, derrotada, 
perdida por inteiro.

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terça-feira, 23 de outubro de 2012

... o medo que eu não quero!



E o ronronar do gato 
fala mais alto
enrosca-se no meu colo
aconchega-se em mim 
aquece-me inteira,
estende as elegantes e fofas patas
estica-se todo, 
alonga-se na sua preguiça 
confia em mim por completo
de olhos fechados
e eu desprendo-me do mundo 
e com ele acalmo  
 e nele descarrego todo o meu cansaço,
o  desespero que me habita 
que vive comigo 
me consome 
e apoquenta, 
mas que eu não quero!

Com ele 
confiando em mim,
fofo, macio e calmo
entregue a mim sem receio
desvanece  mais esta tristeza que me habita
que entrou na minha alma 
e teima em me atazanar 
a colar-se  a mim como uma pele,
morar comigo 
tal como ontem, 
hoje, 
amanhã e sempre, 
mas que eu não quero! 


E o ronronar do gato
fala mais alto
enrosca-se no meu regaço
pede-me festas, 
carícias de graça
e eu dou-lhe tudo, 
tudo o que me pede,
faço-lhe carícias, 
afago-lhe o pêlo 
e ele gosta 
e eu gosto 
e ele ronrona 
e eu acalmo 
e naquele momento 
eu esqueço o mundo
que me desespera
 me mata de medo
um medo que temo
e que eu não quero!


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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ondas de solidão


Não sei porque me percorrem ondas de solidão
porque fugiu de mim o sono,
porque perderam as rosa o cheiro
e a sua cor desbotou
esfumando-se no ar
porque perdeu a madrugada o feitiço
de renascer cada dia em pleno
orvalhada e fresca
e às noites lhes fugiu a beleza do luar
que agora se encobriu,
se encolheu de medo
como eu,
que vivo assustada, 
me encolho perdida
neste mar de angústias onde me afogo,
onde gigantescas ondas me engolem ferozes
e me avassalam viva 
me destroem
me violentam,
me tratam mal, me esganam 
como cães raivosos
e me deixam vazia e oca, 
despida de tudo,
triste, carente,
sem saber que sentir, que dizer,
sem permitir que caminhe em frente,
sem vontade de tudo ou de nada
sem me deixarem 
de novo viver e ser contente.



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Um GRITO aflito




Querem que me cale

que silencie na minha boca a dor
no meu coração o frio do silêncio
na minha cabeça a certeza da angustia
que invade todo o meu corpo e a mente, 
que corta a minha alma de dor, 
me invade toda por inteiro
transforma os meus ais num pranto 
num grito angustiado e aflito
que precisa ser mudo e quedo
uma faca que não vejo 
mas sinto e sei que me corta a carne
me retalha e trespassa os ossos
me transforma toda, 
me tira o sono, a fome,
me rouba do amor a força e o alento

me assusta, 
me queima no rosto
que as lágrimas que choro são cinza preta
de ácido vivo 
que mata a gente 
que não sabia existir, 
mas agora conheço
e em mim perdura 
me sai para fora pelos poros
pelos olhos 
me destrói e corrói 
lentamente por dentro
e ainda há quem diga que escrever assim é poesia
mas não acredito
pois o que sinto é dor, é preto, 
é triste, é sofrimento, 
é não saber se o que me inunda é meu 
me pertence
só porque me mata,
ou o busquei em algures 
nalgum canto perdido
obscuro da vida porque o mereço


neste tempo
em que tudo me foge
em que nada é certo,
em que o mundo inquieto
se remexe 
e a mim me consome 
me transforma num ser diferente
neste tempo em que queria adormecer
e acordar num repente 
e verificar 
que tudo é um sonho  magoado, 
um pesadelo ferido que há-de passar, 
passar num instante
desaparecer, fugir de mim, 
voar, correr, esfumar-se no ar
e nesse momento 
não morro, mas vivo 
porque fico certa que ele vai 
vai depressa e não volta





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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tu ...e eu...


       Reparo agora que me mentiste 
   tal como a  ti mesmo 
inventando na tua mente sentimentos que por mim nunca existiram  
numa vida que podia ser nossa,
mas era somente tua
Afinal eras, 
foste sempre livre, e de mim mais do que tudo
saias de casa, 
entravas, ias e vinhas 
a qualquer hora como o vento que passa 
uma aragem que de vez em quando ficava comigo
 afagando o brilho do negro dos meus cabelos  
que nem sei se algum dia gostaste 
e notaste deveras
cabelos belos, sedosos, cheirosos e perfumados
mas onde as tuas mãos só de fugida passaram 
e os teus olhos decerto nunca se quedaram   


Reparo agora que nunca fui tua, 
não, nunca fui para ti 
como desejaste e eu imaginei que seria 
a mulher em que me transformaste
Pouco me deste, 
pois foi mais o que me roubaste.
Os sonhos, 
o encanto, o fascínio da musica celeste,
as noites mal dormidas, 
o amor mal feito, incompreendido 
que eu pensava mais certo
O meu vestido branco 
aquele que escolhi para que tu feliz me olhasses 
naquele dia só nosso 
e num sorriso rasgado me abraçasses,
abraço que deveras eu e tu entrelaçados sentíssemos forte,
abraço que nunca me deste como o desejei 
mas calei o ensejo
 certa  que um dia qualquer mo darias
 e ao ouvido, em segredo,
 me segredasses que naquele dia estava bela
a mulher perfeita que vias em mim e  desejavas por inteiro
tal como sou, sempre fui e me conheceste
mas a quem tu,
 sem rodeios mentias 
enganando-te a ti
e a mim traindo, também enganavas.
Mas como sabes, vou reerguer-me
e se me conheces ainda 
 vou florir num dia de primavera que me aguarda e pressinto ao longe
e tu hás-de ver a flor que vou ser.



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Uma aragem ...


 Sai, vai-te embora,
parte depressa da minha mente, 
desaparece e não voltes 
 leva contigo tudo o que trouxeste,
a tua presença ausente
o teu falso amor
a dor para que me arrastaste
 leva a tua presença, 
o teu cheiro, leva-te a ti inteiro
leva a tua presença oca e nua a meu lado,
a ausência do teu sorriso verdadeiro,
do teu fraco e lasso abraço 
o eco das palavras que esperei de ti
mas nunca me disseste
as conversas que tivemos
 que me deram dor, 
pesar e lágrimas que baste



leva contigo a dor da cama vazia e sempre fria
o toque dos lençóis onde dormias 
mas junto comigo pouco usaste
as noite mais quentes reconfortantes que me roubaste  
a mesa posta onde comíamos juntos mas sozinhos
numa cumplicidade que nunca existiu
que nunca foi nossa 
eu e tu de costas, num silencio mudo 
apesar das conversas
no engano continuo que estava tudo certo,
mas sempre imperfeito e incompleto


leva a imagem da gata que é minha, 
mas tem o teu toque,
vai leva tudo, 
leva tudo e não voltes
agora que a solidão é minha 
e eu finalmente sei que nunca fui tua
que nada foi nosso.
Vai e não voltes 
e leva a mentira que tu és por completo
onde eu não habito nem de longe ou de perto
pois nem ontem nem nunca  me mereceste


vai , vai depressa e não voltes,
que me foge o tempo pra seguir o meu caminho
para viver e gritar ao mundo que sou e estou livre
que vou ser feliz
pois sei que o mereço

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

AMEI, AMEI, amei


Não sei se na vida  amei e fui ou não amada, por completo, 
porque não o soube fazer,
não me fiz entender, e por isso não sei se mereci ou não ser amada como sonhei, 
mas quando morrer quero que todos saibam que mesmo assim AMEI!!!!
´
Queria receber muito, receber tudo, 
mas tanto, que não imagino o quanto, porque quando se ama se dá tudo 
e  não se deve pedir nada em troca, 
só aceitar de volta o que nos dão de coração puro e mãos penhoradas em dar,
pois o amor  não tem medida de troca …

Queria sentir se possível as tuas mãos passarem no meu corpo como se fossem seda 
e sentir frio e ter desejo de fugir,  
mas ficar ali parada à espera que as tuas mãos e o teu corpo, 
serenassem o meu corpo frio mas ardente de desejo, 
e permanecessem nele e ali ficassem e o despertassem …tanto que nem sei.

Queria sentir ainda o que aos poucos me fugiu, e já não tenho mais comigo!
Esse amor escaldante de quando se é jovem, 
esse fogo ardente que nunca segurei comigo, 
que me fugia sempre, mal me tocavas ao de leve, 
que nunca me visitou deveras, nunca foi meu amigo, 
amor físico mal comportado, mal tratado, impróprio, mal feito,
e que hoje não sei por onde anda, onde se esconde. 

Amor que nunca vivi como queria, 
mas que continua ainda a povoar os meus sonhos de quando em vez…
porque mesmo assim lhe sinto a falta,
porque sei que existe, que vive
e se é possível existir e viver, e é que eu sei, 
para mim foi-se de vez, partiu, escondeu-se nalgum sitio bem longínquo, 
algures onde nunca mais conseguirei vislumbrar-lhe a cor, o jeito, a graça…

Preciso gritar para o mundo esta carência, esta falta, este sufoco, 
esta ausência de te não ter tido inteiro como sonhei, 
e tu ali sempre tão perto, 
que só muito tarde me dei conta que os sonhos nos traem, 
nos enganam, nos levam à pobreza física, à desgraça,
nos fazem morrer devagar, tão devagar que não se sente, mas nos mata
E tenho que o dizer isto agora 
senão morro depressa, 
e não quero morrer sem deixar isto tudo por dizer!

Senão, quando morrer não morro inteira!                           

NÃO, mas se na vida não amei por completo, 
porque não o soube fazer, não me fiz entender, 
ou não mereci ser amada desse jeito, 
quando morrer 
quero que todos saibam que mesmo assim amei muito, fui amada e desejada.

Sim AMEI!!!! ainda que de uma forma diferente, 
MAIS DURA E CRUEL, 
mas muito mais intensa.