sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sonho ou pesadelo



Hoje não quero que colhas para mim flores,
nem que me ofereças rosas, 
margaridas ou violetas,
não quero que coloques na mesa o pão nem o vinho
nem que prepares o suco divino que me alimenta a vida
não quero que o sol ilumine o meu quarto
nem o meu corpo, 
nem a minha e a nossa vida 
que se rasgue do céu entre as nuvens e desça até mim
me aqueça a alma, 
me acalme o desgaste da vida, me faça sorrir de novo

Hoje não quero sonhar, 
não quero pensar que existo
não quero ter que saber que como ontem
hoje chove demais no meu peito
que a chuva me encharca a alma de dor e de pranto
me consome inteira por dentro, 
como num lamento mesquinho, doloroso e frio
que os teus olhos antes brilhantes, 
alegres e sorridentes
estão tristes, magoados e choram como nunca os vi antes
que a tua alma sentida, está só e ferida 
  
Hoje não quero nada da vida 
nem calor, nem frio, nem sol, nem chuva,
nem o alimento divino que cura e sacia  
nem de noite quero que o luar me ilumine 
me transforme e alegre o sentir 
magoado e ferido que se implantou em mim
me corrói e mata como uma doença, 
me cansa e rasga devagar a carne e a alma 



Hoje só quero esquecer 
a mancha de branco 
que te envolveu um certo dia
quero esquecer os véus, as sedas,
a brancura que um dia envergaste 
e te ficavam perfeitos
fazendo de ti a princesa mais linda
quero esquecer para sempre 
o cetim,
a mantilha rendada, 
a organza que enfeitou a casa
os brilhantes que te ofereci
a teara que tu usastes, 
as flores brancas e verdes, tão amadas
puras e delicadas 
que ficavam na tua mão 
como sendo nelas o seu jardim eterno 
mias que perfeito e predileto



Hoje quero esquecer o lamento
o tormento que vives 
e eu sinto contigo  
quero esquecer-me de tudo 
e pensar
que afinal tudo foi um sonho mau e ruim, 
um pesadelo escuro e tenebroso
que estás bem e não choras, 
nunca choraste 
que os brilhantes, as sedas, 
os véus e o cetim
as flores viçosas brancas, 
verdes e frescas , 
a grinalda, o vestido de seda branco que te assentava perfeito
que tudo o resto com que te vejo em sonhos 
nunca existiram,
não eram teus, nunca os usaste. 

   

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