domingo, 28 de outubro de 2012

Fugiram-me as palavras...


Fugiram-me as palavras, 
secou-se-me o pensamento
pela tortura do que vivo.
Assim como me sinto estou nua, 
rota, rasgada por dentro de tudo, 
não penso, não consigo caminhar em frente 
que por ele, que não o merece,
  a minha mente bloqueou, 
os meus sentidos secaram 
fundindo-se com a dor.  
Entrou em mim um silencio profundo,
doloroso e triste,
que me penetrou toda 
se instalou em mim
transformando-me por completo 
em alguém que desconheço
e não quero. 
Uma força agreste que pode mais que eu,
comanda o meu corpo, 
toda eu,
mantendo-se a meu lado
fundindo-se em mim
pior que um emplastro, 
uma sombra negra, 
avassaladora,
fazendo de mim uma mulher diferente 
cada dia mais amarga e desolada.


Coloco-me de lado
e num último grito assisto a tudo como espectadora,
que sendo assim 
é mais fácil não sucumbir a tamanha tortura, 
a esta amargura, 
que me desespera
mas só sem alento
incapaz de fazer o que quer que seja 
deixo-me dominar por esta dor amarga 
que me arranha a alma
me mata e quer engolir viva.

Do vazio das minhas mãos frias e nuas,  
ergueu-se um castelo de raiva 
e eu que o amava, 
que lhe queria bem,
hoje só sinto pena, 
mágoa e desdém.
Quero esquecer a dor que me ofereceu 
sem lha pedir ou merecer,
quero esquecer que existe,
que o amei, 
lhe quis um dia bem.


Quero que desapareça de mim
me deixe de novo sorrir, 
quero esquecer que algures por aí , 
mas bem longe ainda existe, 
mas nunca por mim passou,
 nunca o conheci,
 nunca me fez sofrer
 nem a ela
que menos que eu ainda  
porventura o merecia.

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