segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um GRITO aflito




Querem que me cale

que silencie na minha boca a dor
no meu coração o frio do silêncio
na minha cabeça a certeza da angustia
que invade todo o meu corpo e a mente, 
que corta a minha alma de dor, 
me invade toda por inteiro
transforma os meus ais num pranto 
num grito angustiado e aflito
que precisa ser mudo e quedo
uma faca que não vejo 
mas sinto e sei que me corta a carne
me retalha e trespassa os ossos
me transforma toda, 
me tira o sono, a fome,
me rouba do amor a força e o alento

me assusta, 
me queima no rosto
que as lágrimas que choro são cinza preta
de ácido vivo 
que mata a gente 
que não sabia existir, 
mas agora conheço
e em mim perdura 
me sai para fora pelos poros
pelos olhos 
me destrói e corrói 
lentamente por dentro
e ainda há quem diga que escrever assim é poesia
mas não acredito
pois o que sinto é dor, é preto, 
é triste, é sofrimento, 
é não saber se o que me inunda é meu 
me pertence
só porque me mata,
ou o busquei em algures 
nalgum canto perdido
obscuro da vida porque o mereço


neste tempo
em que tudo me foge
em que nada é certo,
em que o mundo inquieto
se remexe 
e a mim me consome 
me transforma num ser diferente
neste tempo em que queria adormecer
e acordar num repente 
e verificar 
que tudo é um sonho  magoado, 
um pesadelo ferido que há-de passar, 
passar num instante
desaparecer, fugir de mim, 
voar, correr, esfumar-se no ar
e nesse momento 
não morro, mas vivo 
porque fico certa que ele vai 
vai depressa e não volta





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