A História de uma menina triste, franzina e assustada, que só procurava a paz, amar e ser amada!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Partiu
Desde que ele partiu
nunca mais ninguém a viu sorrir.
Perdeu tudo: a fome, o frio, o sono,
a vontade de falar,
e a vontade de chorar
a vontade de viver.
Tinha sempre gente à sua volta
mas no seu dizer constante
estava só,
perdida,
triste e sem alento
e deste seu dizer e sentir
fazia cada dia o seu pranto.
Das saudades que tinha
de o ter presente,
de o ter a seu lado,
mesmo já velho e trôpego,
cansado como ela,
mas com o seu olhar doce,
terno, atento
e sempre amante,
tudo lhe fazia falta,
e sentida ficou doente.
A sua ausência
tirou-lhe a força,
o alento,
o ar que queria respirar
que sem ele era diferente.
Devagar,
como uma luz que mingua e se apaga lentamente,
ficou mal, cada dia mais um pouco,
mirrou de tanta dor,
secou pela sua falta,
e como uma flor que morre seca,
ela morreu por não ter o seu amor .
Partiu hoje.
Soube-o depois de almoço.
Agora ambos devem estar mais felizes,
unidos nas suas almas,
estou certa,
tranquilos para todo o sempre.
Presos
num olhar cintilante,
estarão agora e eternamente
com o mesmo piscar de olhos de antes
o jeito com que se miravam
a força
com que nela
ele sempre arava o campo,
mexia a terra feliz
com a força de um gigante,
mas com a mesma ternura
com que depois ela a semeava contente,
e às flores que plantava
que das suas mãos dela floriam
como sendo as mais belas,
mesmo que fossem singelas
por serem suas preferidas.
E como ele adorava vê-las
belas, frescas, diferentes
como ela sempre vistosas
e ardentes
na cor e no cheiro,
no asseio, na perfeição do desenho,
no arrumo com que as colocava nos vasos e nos canteiros.
Que as mãos dela envolviam a terra
amando ela esse toque
como se fosse dele o abraço
que as suas mãos recebiam dela,
da terra e das flores que ele mirava e amava
como se nesse tocar a terra,
o abraçasse a ele e ele a ela
tal como os abraços quentes,
voluptuosos e amantes
que se deram um ao outro
rolando nos campos de milho louro
onde tanta vez se amaram
se deitaram por amor louco,
fazendo-se juras eternas,
tendo como colchão a mãe terra
e como tecto o céu de sol aberto
e brilhante,
onde afinal hoje estão
unidos para todo o sempre.
Adeus Palmira e João,
foi tão bom ter-vos comigo
nesta passagem pela vida.
Fiquem em PAZ.
Um dia,
que espero distante, voltaremos a estar juntos.
Fotos do Google
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