Passei por lá há pouco
e tudo estava vazio,
e frio, e cheirava a abandono.
A casa antes iluminada, respirava silêncio
e na janelinha onde sempre raiava uma luz
nada vi, além do nada.
Tudo estava negro, escuro,
e apesar do luar o jardim não tinha brilho,
dele não brotava o colorido das rosas,
das hortenses, das margaridas,
das begónias, das flores diversas
que o enfeitavam e que ela e tu,
tanto estimavam.
Todas as flores murcharam,
secaram pela vossa ausência
e apesar do sol e da chuva
e da terra fértil
que tu lavraste mais de mil vezes,
as flores não mais brotaram,
morreram de saudades
dos vossos cuidados.
As luzes do corredor apagadas
disseram-me o que já eu sabia
que depois de tu te partires,
ela se perdeu na dor
e do pranto dorido
da saudade de não te ter mais com ela
fez a ponte que depressa a levou,
foi secando de dor
como o fizeram as flores do jardim.
Não queria estar mais aqui,
não sem ti,
sem as tuas palavras,
o teu sorriso quente
o aconchego que lhe davas.
Até das lágrimas que no final do teu tempo
choravas por tudo e por nada,
ela sentiu falta,
e uma tristeza tão grande
maior que o negrume intenso
que vi hoje envolver a vossa casa,
tomou conta dela, dominou-a
e forrou-a todo de preto.
Sonhava todos os dias
que a chamavas
que a querias a teu lado
e desse sonho fez a sua realidade.
Um dia
depois do seu corpo magoado esquecer a dor,
partiu para ti
foi-se sem receios,
nem cuidados
certa que depois desse dia chegado
iria estar para sempre feliz
a teu lado.
Não se importou com a casa,
há pouco caiada de branco,
nem sei para quê
com o quintal antes sempre cuidado,
deixou o jardim já seco e deserto,
os vasos de flores raras que amava
sem os cuidados a que as habituara
e partiu, sem avisar,
mas decerto contente.
Acredito que hoje onde estão,
estarão com um sorriso eterno nos lábios
um raiar de luz delicado mas brilhante no olhar,
e para sempre entrelaçados nas mãos,
no corpo, e na alma.
Fotos do Google
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