terça-feira, 4 de setembro de 2012

A tristeza ...que eu não amo


Percorre-me uma tristeza permanente 
que não entendo, 
mas pressinto inteiramente em toda eu. 
Afunda-se no meu corpo, como se me pertencesse. 
Crava-se na minha carne, na minha mente, 
como uma herança ruim, 
algo com que tenho que viver 
eternamente. 

Existe em mim 
como se fosse eu própria, 
como se morasse em mim, antes de mim. 

Percorre-me como ondas contínuas, 
altas, vigorosas e medonhas, 
que me confundem e destroem, 
abraçando-me, num abraço apertado 
e perpétuo de angustia, 
medo e saudade infinda do passado, 
de muita coisa,
 tanta coisa boa e má, 
simples e rica, 
feia ou bonita, 
mas que de tanto ser e já não existir
 perdeu todo o interesse. 


E eu triste no meu eterno canto 
inundada dessa peste negra que lentamente me corrói  e mata,
só lamento, 
lamento eternamente, 
que tamanha tristeza 
 me inunde e comprometa para sempre, 
que não queira partir de mim, 
descolar-se de mim toda,
soltar-se 
e voar até ao espaço,
deixando-me sorrir e ser feliz mais uma vez,
 mesmo que fosse só essa 
por instante escassos.

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