terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O MEU GRITO....

 
O MEU GRITO

Ontem aquietaste o meu coração

Outros dias, nem por isso...
Acordo alvoroçada e assim fico

Quem sabe um dia
em que a alma me grite mais alto,
me fale ao ouvido,
me grite todas as revoltas que sinto
de forma distinta e imprevisível
de forma que eu as exprima no papel em branco
eu te grite tudo,
te diga isso
te fale mais alto que o mundo
e todos me ouçam e sintam
experimentem no meu grito os seus tormentos
e juntem ao meu os seus lamentos
fazendo juntos
no universo uno
um clamor de dor,
de amor,
seja do que for
de cheiro a rosas ou violetas
mas algo diferente
que faça deste amor que não tenho perfeito
um feitiço acabado
deste mundo inundo que me rodeia
me sufoca e desalenta
uma força para andar para a frente

Talvez um dia eu te grita
eu te diga isto

Agora por várias razões,
não grito
Prefiro o silêncio
Fazendo dele o meu abrigo
O meu consolo
A ternura que aconchega
a minha alma magoada e triste
Hoje não grito,
nem quero perceber os gritos de ninguém
não conseguiria suportar tal desacerto...

Mas isto há de passar.

Há estados de espirito que me sufocam e inibem de pensar
De escrever... e também de gritar

Calam-se-me as palavras,
Secam-se-me todas as vontades...
Engulo todos os desenganos, abalos e gritos
e fico inundada num brado silencioso e aflito
e fico…

Mas quando alivio,
liberta-se de mim um rio magnífico,
que se solta,
e livre flui,
galgando as margens, arrasando e afundando tudo....
e então
eu gritarei fundo,
falarei ao mundo o que sinto
Nas palavras cálidas, singelas, brutais ou delirantes
nelas me segurarei, limparei a lama
lavarei o corpo, a mente o espirito
Navegarei para o universo
de onde verei passar tudo
e a ti
e não me afundarei nessa torrente...
ou afundarei, tanto me dá
não nutro, não temo
porque me hei de debater e vencer
a loucura onde vivo e que me inunda...

Inês Maomé

28/11/2013

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