terça-feira, 10 de dezembro de 2013

MINHA FILHA...


 


Minha filha

Na hora que parto, 

olho-te

e num ápice ávida de ti, 

vejo-te menina

Cada visão destas é uma pérola 

que vai ajudar a passar o tempo

E a sobreviver meses de lonjura sem te ter por perto 

e só em pensamento

Vejo-te bebé, 

deitada no meu regaço a mamar no meu peito

depressa adormeces saciada,

linda, perfeita a minha princesa           

depois vejo-te de trancinhas e peúgas brancas

vestidos com laços, 

chapéu de palha fina 

Brincas às bonecas,

De sacola aos ombros vais para a escola, 

fazes os trabalhos

aplicaste como aprendiz e aluna,

Choras pelo gato que te pulou do regaço.                       

Brincas no escorrega, 

jogas à macaca

Fazes de senhora de sapatos altos

Aprendes música, 

Estudas viola e depois piano

Entras para a tuna,

vestes traje preto,

És uma estudante, aplicada a sério, 

e sem eu dar conta

acabas o curso de bengala e cartola

Começas no trabalho, 

a ter férias tuas

só em tempo exato

Cresces, 

fazes-te mulher, 

és uma senhora

Dás-me mil conselhos,

és mais que minha filha, 

és uma amiga, a melhor que tenho.


És a minha ventura e reparo agora: já não és menina

-“Uma vida passa tão depressa”

Foi o que vento disse

Segredando doce preso ao meu ouvido

Tu, em cada abraço, 

apertado e doce, dás-me sempre alento

e carinho doce, os mimos que preciso

Um tormento meu é sentir-te  longe. 

Coisas do Alberto que comanda a vida

E o tempo voa e dispersa as gentes

 

Doí-me muito menos ter-te na lembrança como te vi sempre:

a minha menina, a minha princesa, a minha rainha.

No coração tenho o orgulho de olhar para ti e ver-te diferente: 

a filha que gerei, que nasceu de mim

não mais a menina, 

hoje uma mulher linda

o ser mais que perfeito em que te transformaste.

 
Inês Maomé

10/12/2013

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