Hoje sei que não me apetece nada,
mas pensando bem nem sei o que é apetecer,
e o que me importa ou a alguém o que eu possa ou não querer,
se o que me apetece eu não posso ter.
Por isso hoje como ontem e amanhã,
para mim não existe nada que me apeteça ter.
Não tenho fome nem frio,
estou sozinha mas hoje não tenho medo,
agora não me dói nada,
não tenho prazer nem desprazer,
não quero rir,
nem vou chorar de raiva ou de tristeza,
de amor ou desamor.
Sim, afinal porque hei-de pensar em sofrer?
Hoje não quero sentir coisa alguma,
não quero nada
nem sede de água,
nem descanso, nem cansaço,
nem o teu colo,
nem sequer o teu abraço.
Hoje não vejo nada nem ninguém,
mas pensando bem
tenho saudades do mundo,
de todos que giram lá fora
se agitam, respiram, sofrem, amam, choram e gritam,
e vivem
e são gente viva,
que aqui onde estou
parece que morro escondida.
Hoje não quero saber aprender a viver
mas amanhã talvez
e depois quem sabe outra vez.
Preciso crescer de novo e correr
e vir encontrar-me comigo depressa,
que o tempo passa a cada momento
e eu preciso viver mais um pouco,
aprender a envelhecer,
a não ter medo de perder tudo
e serenamente
preciso aprender a morrer...
Hoje não me apetece aprender,
mas amanhã ou depois, terá que me apetecer...
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