domingo, 17 de fevereiro de 2013

TRAGO-TE PRESO A MIM...




Trago-te preso a mim desde o dia que te conheci,
as tuas calças largas, usadas e poídas,
lembro-me delas com ternura,
assim como da camisa axadrezada cintada,
não sei se lavada, 
sim, lavada,
 que sei te assentava bem
fazendo de ti mais delgado e faminto de tudo e de mim também.
Sim, que bem sei que me querias, 
como eu a ti então.

Tu e tudo  que era teu, 
falavam-me  de ti 
e eu ouvia-te sem palavras
e atenta escutava das tuas mãos, 
os teus dedos delgados que falavam sem fim
histórias que me encantavam,
me faziam sonhar e até chorar
quando no palco naquele teatro eras  actor,
sim,  o actor principal
e não o negues a mim nem agora, 
pois também sabias que sim, 
que o eras, foste
e o serás sempre para mim também.


E por tudo isto,
o desejo de te ter junto de mim crescia até ao fim,
crescia sempre
e cresceu até hoje, 
sim, até agora e eternamente,
que hoje ainda é cedo e o amanhã existe 
e quando eu não sabia nada de nada,
sim, de nada,
sonhava  ter contigo mil venturas
e só de te ver, sorria e era feliz
Queria ter-te inteiro e completo, 
porque  o teu olhar, 
as tuas mãos de dedos delgados e finos
pareciam buscar-me sempre que me olhavas e passavas por mim
e eu gostava  
e construía em mim o paraíso dos amantes que não existe
da fome dos beijos e abraços ainda não trocados,
mas que eu desejava,
dos encostos ternos e meigos sonhados
palavras sussurradas a medo,
sim, palavras mudas, 
melodiosas, doces, imaginadas mas sentidas,
apaixonadas e amorosas
e assim construí o castelo da nossa vida,
sim, o castelo onde eu  ser a tua rainha e tu o meu rei  
onde tudo seria perfeito, 
sem mácula, 
só  nosso, intenso e perfeito.

Passaram tantos anos, tanto amor vivido
E bem ou mal, ainda somos um caso de amor sentido.

Hoje damos as mãos, beijos calmos, e o resto não importa.
Sim, o resto não sei para onde foi,
mas também já não me interessa,
nem a ti, 
eu sei isso tal como tu,
afinal vivemos outro tempo.



As calças ainda são muitas vezes usadas,
largas como gostas,
coçadas pelo tempo,
mas as camisas não são mais cintadas.
Todo tu alargaste, de dentro para fora, 
mas eu gosto,
sim gosto de ti assim como és hoje,
como gostei e aprendi a amar-te antigamente.
Assim, sim.
Assim, tudo faz sentido.

Amar-te eternamente.
Obrigada por tudo que me deste.

Fotos do Google

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