Sabes?
Não, decerto não sabes
e eu também não.
Nenhum de nós sabe
ou entende
o que se passa no meu coração.
Estou amorfa, insegura,
intranquila, mas continuo em frente
numa condição imprópria,
pouco
digna de mim,
mas viva.
Quero ver-me sempre aqui, escondida,
Recolhida bem no fundo do meu eu,
fechada, encoberta de tudo,
num lugar escuro
onde não me chegue a dor e o medo não
me atormente
onde o sol me visite e se puder ficar
comigo,
que fique,
mas só ele, ninguém mais.
Para ficarmos juntos, em paz e
silêncio absoluto,
como se eu vivesse no mar longínquo,
colada ao horizonte
e ele me visitasse sempre ao entardecer do dia.
Sabes?
Agora, já não sou eu
Calou-se em mim a voz e as vontades
Sumiram-se as palavras com que podia
gritar,
dizer de mim o que mais me atormentava.
Roubaram-me a razão do meu maior querer
Estou vazia de tudo, mais oca.
Sabes, agora não posso mais sentir-me
no meu
mundo imaginário
e o meu corpo duro, seco e velho,
o que buscava antes de tudo ser assim,
já não encontra, não existe mais.
Sabes?
Eu não sei,
mas se sabes, diz-me porquê?
Uma palavra tua
Uma de cada vez,
um som da tua boca
que me faça
entender a causa,
quem sabe eu entenda o porquê desta
mudança,
do que sinto hoje,
do que irei sentir sempre .
Uma palavra tua,
um só gesto teu, meigo e doce
e quem saiba,
eu entenda e aceite
o que me perturba hoje mais que ontem
e para sempre.
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