sábado, 9 de fevereiro de 2013

Não sei...eu sei...


Sabes?
Estarei para sempre presa
à miúda carente que fui antes,
assustada por tudo e nada
violentada pela força do que vi e vivi,   
do que era a vida em meu redor.

Serei eternamente essa criança, 
eu sei,
 triste com cheiro a abandonada,
mal amada e mal estimada,
sôfrega de colo e caricias,
sempre infeliz e amedrontada,
mas porque penso e sinto isto tanto assim de mim, 
não sei.
Sabes?


Pobre de mim 
que penso assim e não devia,
 sei bem que não devia.
Deixei passar o tempo
deixei que todos, sem excepção, 
rissem de mim,
fizessem de mim a simplista desatinada,
a faladora que não sou,
pois se o fosse, pouco me importaria,
mas não sou.


Nem tu sabes.
É tudo uma capa,
pura fachada.

Lamento-me e não devia,
mas faço-o,
pois sei que passou para mim o tempo 
de ser aquilo 
que sei eu gostaria
ter sido, 
mas não fui e não serei.
Lamento-me, 
porque existo assim com esta dor, 
neste tormento.
Lamento-me, 
porque nem sei o que queria ser,
 se não fosse isto que fui antes e sou hoje em dia.

O que queria sentir e ter comigo, 
agora e sempre, 
o que desejei ser,
 já nem recordo realmente.

Se eu pudesse um dia rir abertamente,
arrancar do meu peito este peso frio e negro 
que me corrói por dentro,
esta dor que me gela 
e faz tremer de dor e aflição,
seria livre, 
sei que o seria,
mas não consigo.

Este frenesim que vive em mim e eu consinto
é mais que eu,
sabes, é outro alguém em mim,
é o meu corpo e alma unidos num só, 
mas baralhados de tão entrelaçados num nó
confundidos num outro alguém 
que não distingo
que vive em mim
e eu consinto.

Sabes
Ninguém é dono do tempo.
Ninguém é dono de si,
da sua carne, 
do seu pensar e querer.
Eu não sou dona de coisa alguma,
nem da minha sombra,
a que me persegue desde sempre,
que também temo,
e não me largará nunca
 tal como a miúda que eu fui
e em mim perdura e durará 
eternamente.  


Fotos do Google


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