Tive sonhos que me voaram
e nunca
alcancei
Que me fugiram por entre os dedos das
mãos,
como água fria e dura
Tão intensos,
tão desesperadamente desejados
que por não os ter alcançado e vivido,
hoje estou perdida e nua,
mais que nunca,
confusa e desolada,
despida de mim,
do que podia ter dado e recebido
do que nunca dei, de tudo o que busquei
mas não procurei
e sei não recebi.
Desejos que por não os ter sentido,
me fizeram morrer viva
ferida por dentro, cada dia
mais um pouco
magoada e triste
pela falta de coragem,
da força que
nunca tive
Desejei ser valente,
ser capaz de tudo,
no mínimo de muito,
segurar nas mãos o impossível
não desiludir os que mais amo
não me perder pelos campos que viajei
pelos cantos que busquei,
onde escondi
os meus medos e ânsias,
mas foi tudo em vão.
Fiquei assim, como sou hoje
Uma mulher comum,
mais aflita que nenhuma
sentindo comigo constantemente uma
inquietude
que me pertence como se fosse uma segunda pele
um mal danado e ruim
algo nefasto que se apoderou de mim
me dominou por completo
me desgastou sempre e aos poucos
Uma coisa muito minha,
eterna em mim,
enquanto eu respirar e for gente
nesta Terra.
Ambicionei fazer coisas diferentes,
muitas ou poucas coisas,
mas coisas distintas
Construir na minha mão fechada e pequena,
um mundo enorme e diverso,
desigual e mais humano
Sentido,
mais seguro,
firme e
transparente
E não consegui.
Eu fugi
e com isso,
fugiu-me tudo.
Fugi sempre em vão,
de algo que me seguia,
me persegue ainda e desconheço,
algo que eu temia e ainda temo.
Fugi, como fujo ainda.
Queria chorar por isso, mas não consigo
e simplesmente, fico em silêncio.
Restam-me as tuas mãos macias
que ao tocarem as minhas hoje,
como ontem e amanhã
tenho a certeza me darão paz,
a paz que busco agora
E força,
a força suficiente para seguir e não
desistir nunca.
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