sábado, 23 de fevereiro de 2013

O nosso amor de ontem igual ao de hoje!




As minhas mãos estão secas,
velhas, tristes e engelhadas,
mas procuram como antes afagar-te com ternura

Dos meus olhos foi-se o sorriso que sempre busquei para ti,
que sonhei um dia ter inteiro para te dar,
que me fugiu, nem sei porquê,
mas mesmo assim, ainda hoje te olho com encanto
e descubro-te fascinada,mais que ontem,
agora mais terno e companheiro, 
mais presente, mais tudo em mim. 
E eu gosto assim.

As minhas pernas flácidas, densas, feias e cansadas
já não te dão prazer, não as encontras belas, eu sei,
não sentes mais por elas o fascínio de outrora,
o prazer que sentias quando as afagavas.

O tempo passou para nós e tudo mudou
Mas é com elas que caminho cada dia 
para te ver para te ter comigo, para te encontrar



Dos meus lábios já não cai a água que sorvias, sôfrego de prazer
quando apaixonado te embrulhavas  em mim
e nas tardes quentes de domingo ou de sábado 
me amavas e eu em ti ficava alegre 
ou algumas, não poucas vezes, eu ficava menos consolada

E quando me amavas e de prazer intenso gemias e suavas
e eu ondulava em ti na busca de algo prometido
que por vezes, tu sabes bem, eu  encontrava, outras não,
mas era bom. E tu e eu assim ficávamos, sorrindo calados  
Era o nosso amor que assim falava.

Os meus lábios estão secos, mirrados, eu sei.
Mas macios e enamorados 
procuram  ainda nos teus o mesmo consolo
o carinho e afago, que tu sabes, tens nos teus que sei macios, doces
e muito encanto ainda para me dar                             

Amavas-me e eu a ti e depois rias cansado desse gozo infindo
e feliz adormecias encostado ao travesseiro,
preso a mim, como se o infinito e o céu fossem ali,
como se a morte pudesse chegar que tu contente nem te importasses de partir,
porque tudo de bom tinha acontecido e tu eras completo assim.



Eu era mais bela, tinha outra força, outra genica
Tu eras um homem novo, um discreto enamorado,
pouco esforçado no amor que eu te pedia e tu me devias dar
um tonto derretido que eu amava e amo,
que eu sei bem, também me amavas
e eu fui perdoando e esperando
pelo prazer que eu procurava em ti,
tal como o que tu tinhas em mim
que  eu consentia me roubasses e eu te dava
mesmo que na troca não me desses nada a mim.

Preso a mim, encostado no enlevo que esse nosso amor
meu e teu, te dava e pouco me dava a mim,
mas nunca desisti de encontar em ti
tu eras feliz, eu talvez não tanto,
mas éramos nesses instantes: um só
e juntos nesse amor mal feito, louco,
apaixonados, caminhamos juntos e unidos até hoje,
até amanhã ainda
e para sempre, lado a lado



Hoje prevalece em mim a saudade infinda desse amor insensato,
intenso e magoado, 
amor que me fez chorar, mas lindo,
que desejei sempre intensamente
muito mais meu e todo teu , 
mas inteiramente nosso,
O amor que retenho ainda e para sempre
nas minhas melhores lembranças,
enquanto eu viver e junto de ti for gente.



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