quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DENTRO DE mim um jardim




Havia dentro de mim um jardim
E nele, um grande canteiro de flores
Umas coloridas, outras nem tanto
muitas murchas e sem cor, algumas verdes
raiadas de esperança e de força,
da cor das lutas da vida,
e eu apaixonada,
de todas gostava tanto
e de todas  cuidava
e uma a uma, nesse canto que  era meu
que eu estimava por ser meu e delas
com carinho a todas mais que amar, venerava.

Olhá-las juntas dava-me alento,
mais alegria e vigor
mais cor  à alma por dentro
e nos dias que o sol me fugia,
e fugaz não as olhava
e eu não o segurava a mim,
elas olhavam-no ao longe e mesmo de longe brilhavam
e  sorriam, cresciam, e eu com elas andava
Arrebitavam de luz, de vida e de esperança
e eu com elas por atrás, erguia-me e caminhava
confiando que nunca murchassem
e sempre me alentassem
me animassem  nas andanças
e mesmo na dor e nos prantos,
sempre me reconfortassem.


Senti-as  crescer, florir dentro de mim
animava-me com elas
com elas sorria e ganhava força
e sonhava realizar até os mais misteriosos sonhos
vendo-as nascer, florir e morrer
porque as via sempre depois  renascer
Pensava tudo possível, e ia sonhando acordada.

Dentro do meu coração
Regava-as com o meu sorriso,
Com algumas lágrimas, mas também com muito amor
E quando as olhava vivas,
Em botão, floridas ou desabrochadas
Conforme o frio, a dor ou a estação
eu ficava bem, tranquila,
porque sempre as sentia vivas.
Eram a âncora que me segurava à roda que é a vida
que num vai vem constante, gira, gira e nunca pára.

Mas tudo passou,
e de repente naquele canto, o meu canteiro murchou
parece que findou
O canteiro dentro de mim parece que teve medo e fugiu,
desapareceu, sem me dizer nada sumiu
não sei que lhe deu.
Busquei-o louca dentro de mim, 
por toda eu e não o encontrei, escondeu-se
decerto um dia sem eu dar conta, 
parece que voou, ou  se evaporou,
não sei, só sei que não mais me enfeitou e alegrou
Procurei-o dentro do meu peito, 
e não mais o encontrei,
Isso sim, é só o que sei.


Sei agora, depois de muita busca,
que ele mirrou, mirrou
Até que se finou
Não tenho mais  esse  canteiro,
nem as flores que  lhe davam vida
as flores que  me alegravam,
me adornavam e faziam o meu olhar rir
agora não as vejo mais,
não me habitam, 
não são minhas, não existem.
Nem o sol  que as iluminava me aparece
Nem as lágrimas que as regavam,
pois secaram
E as dores, 
as que as faziam murchar,
para depois retornarem e desabrochar
são maiores, tão grandes
que acredito foram elas que as afugentaram

Parece que tudo sumiu,
Agora,  não sou mais a mesma.
Sem esse canteiro que era o refúgio que tinha
Não sei que fazer, nem o que pensar
Ando triste, perturbada,
A vida  está mais negra, diferente
Impossível de levar

Entrei num rigoroso inverno,
Um inverno frio, de neve e chuva intensa
De vendavais permanentes,
de tudo muito e tanto, mas de  tudo tanto,
que a geada que caiu, queimou para sempre o meu canto
Esse canto onde moravam as flores que me animavam
e que sei bem, não voltarão
sim , não voltarão, porque passou o meu tempo
o meu tempo de ver flores em botão, frescas e brilhantes 

fotos do Google

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