Havia dentro de mim
um jardim
E nele, um grande
canteiro de flores
Umas coloridas,
outras nem tanto
muitas murchas e sem
cor, algumas verdes
raiadas de esperança
e de força,
da cor das lutas da
vida,
e eu apaixonada,
de todas gostava tanto
de todas gostava tanto
e de todas cuidava
e uma a uma, nesse canto que era meu
que eu estimava por
ser meu e delas
com carinho a todas mais que amar, venerava.
Olhá-las juntas dava-me
alento,
mais alegria e vigor
mais cor à alma por dentro
e nos dias que o sol
me fugia,
e fugaz não as olhava
e eu não o segurava a
mim,
elas olhavam-no ao
longe e mesmo de longe brilhavam
e sorriam, cresciam, e eu com elas andava
Arrebitavam de luz, de
vida e de esperança
e eu com elas por atrás, erguia-me e caminhava
confiando que nunca
murchassem
e sempre me alentassem
me animassem nas andanças
e mesmo na dor e nos
prantos,
sempre me reconfortassem.
Senti-as crescer, florir dentro de mim
animava-me com elas
com elas sorria e ganhava força
e sonhava realizar
até os mais misteriosos sonhos
vendo-as nascer,
florir e morrer
porque as via sempre depois renascer
Pensava tudo possível, e ia sonhando acordada.
porque as via sempre depois renascer
Pensava tudo possível, e ia sonhando acordada.
Dentro do meu coração
Regava-as com o meu
sorriso,
Com algumas lágrimas,
mas também com muito amor
E quando as olhava
vivas,
Em botão, floridas ou
desabrochadas
Conforme o frio, a
dor ou a estação
eu ficava bem,
tranquila,
porque sempre as
sentia vivas.
Eram a âncora que me
segurava à roda que é a vida
que num vai vem
constante, gira, gira e nunca pára.
Mas tudo passou,
e de repente naquele canto, o meu
canteiro murchou
parece que findou
O canteiro dentro de
mim parece que teve medo e fugiu,
desapareceu, sem me dizer nada sumiu
não sei que lhe deu.
não sei que lhe deu.
Busquei-o louca dentro de mim,
por toda eu e não o encontrei, escondeu-se
por toda eu e não o encontrei, escondeu-se
decerto um dia sem eu
dar conta,
parece que voou, ou se evaporou,
não sei, só sei que não mais
me enfeitou e alegrou
Procurei-o dentro do
meu peito,
e não mais o encontrei,
e não mais o encontrei,
Isso sim, é só o que
sei.
Sei agora, depois de
muita busca,
que ele mirrou, mirrou
Até que se finou
Não tenho mais esse
canteiro,
nem as flores
que lhe davam vida
as flores que me alegravam,
me adornavam e faziam o meu olhar rir
agora não as vejo
mais,
não me habitam,
não são minhas, não existem.
não são minhas, não existem.
Nem o sol que as iluminava me aparece
Nem as lágrimas que
as regavam,
pois secaram
pois secaram
E as dores,
as que as faziam murchar,
as que as faziam murchar,
para depois
retornarem e desabrochar
são maiores, tão
grandes
que acredito foram
elas que as afugentaram
Parece que tudo
sumiu,
Agora, não sou mais a mesma.
Sem esse canteiro que
era o refúgio que tinha
Não sei que fazer,
nem o que pensar
Ando triste,
perturbada,
A vida está mais negra, diferente
Impossível de levar
Entrei num rigoroso
inverno,
Um inverno frio, de
neve e chuva intensa
De vendavais
permanentes,
de tudo muito e
tanto, mas de tudo tanto,
que a geada que caiu,
queimou para sempre o meu canto
Esse canto onde
moravam as flores que me animavam
e que sei bem, não
voltarão
sim , não voltarão,
porque passou o meu tempo
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