quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chorar ....chorar...


Chorar é o que me apetece, 
chorar muito e sempre, sem parar
Chorar para aliviar a pressão, o susto e a dor  
e não parar de o fazer por um momento

Tenho dentro de mim algo que não identifico e me devora
A tortura de horas vividas numa espera longa que não findava 
A expectativa de algo que ia acontecer, 
se desejava apressada
mas demorava a surgir, 
uma demora longa, desesperante, 
lenta e magoada.

Chorar, chorar e de repente olhar em toda a plenitude 
o tempo, 
senhor de si a toda a hora,
a rua, 
as casas da cidade iluminada,
a natureza viva, 
verde e linda que se agitava com o vento,
o fresco da chuva, 
os pingos de água pura que escorriam pela  janela
que se misturavam de fora para dentro 
com as lágrimas que caiam dos meus olhos
e imaginar 
que chorava por nada.
Tudo era um sonho passageiro, 
e o resto 
era a vida que girava.


Pensar que tudo parece perfeito, 
olhando cá de cima deste lado,
pensar que tudo é são e está correcto, 
é um engano ledo, 
pura fantasia, mas é o certo,
senão damos todos em doidos, 
loucos apavorados.
Os carros que deslizam acelerados nas avenidas
As pessoas que aqui do alto, 
apressadas, 
me parecessem perfeitas
tudo e todos me enganam e se enganam sem saber
Mas é assim que a vida passa 
e avança cada dia.


Sei bem por mim, 
que tudo  é pura fantasia
Muito do que gira à minha volta, à frente e atrás de mim
está imperfeito e doente,
todos corremos riscos que desconhecemos e não cremos, 
o risco de estar mal e não o saber até ao último instante.

Quantas vezes o mal entra sem bater à porta
instala-se de poltrona, 
avança e fica entre nós 
como se fosse coisa muito nossa e desejada,
faz-se mordomo, 
senhorio da nossa casa, 
e sem pedir licença, 
ali fica 
e se lhe apetecer se instala
 até nos destruir a mente o corpo 


Chorar é o que me apetece, 
chorar e assim ficar até aliviar...
chorar sempre.... Chora, chorar, chorar...

Que hei-de escrever aqui 
que me alivie a alma
Que hei-de dizer aqui, 
que me liberte destes pensamentos duros
que me magoam, 
me fazem doer a alma e o sentir do coração
me assustam, 
metem medo, 
me enchem a cabeça de um silencio permanente
mudo e inquieto,
uma inquietação calada e constante 
que me põe louca.


Não, 
de verdade não sei o que fazer, 
não consigo dizer nem pensar nada
Só sei e quero chorar,  
que só chorar alivia a minha ânsia,
me alivia o tremor que tenho em mim 
e vejo cada dia, que não passa.


Quero chorar, 

que lavar os olhos desta forma
talvez alivie a visão negra que me tortura
e inunda por dentro a alma e a carne que me segura



Sem comentários: