Dia 11 de Novembro, o Senhor do Adeus, como ficou conhecido partiu de vez, deste mundo cruel, duro, egoista e cada vez mais poluido de todo o tipo de coisas, em que vivemos.
À hora em que costumava dizer o seu olá , um simples adeus de mão, o seu adeus unico na cidade, cumprimentando respeitosamente com um aceno de mão, todos os automobilistas que passavam naquela zona, não voltaremos a ver nunca mais o Senhor do Adeus que gentilmente trocava de uma forma generosa e humana, acenos simpáticos com a sua mão e a dos automobilistas que ali passavam.
Para uma comovente homenagem, (é o que julgo ter acontecido pois não sou de Lisboa), foram convidadas pessoas a comparecer para no seu lugar(no Saldenha, junto ao Monumental) na sua hora habitual, fazerem juntas um ultimo Adeus.
Singela homenagem, mas muito sentida, (actos que nestas situações ficam sempre bem, mas que ficam por aí). Vi pela televisão emocionada, eu, que também lhe disse Adeus algumas vezes, vivamente, quando, em deslocações a Lisboa aguardava a chegada, naquele momento entre as 22,30 e as 23h, para ver se o Senhor lá estava, e não consegui evitar que as lágrimas me visitassem, com aquele adeus intenso e sentido de toda aquela gente, numa mistura de perda do Senhor, e do seu Adeus.
Pois, que pena as pessoas não terem aprendido com este Senhor, que os dias correriam melhor, todos seriamos mais felizes, se todos ao passarmos uns pelos outros nos cumprimentassemos, nos dissessemos Adeus, Olá, qualquer coisa menos mantermos entre nós uma total indiferença.
Isso não seria decerto um sinal de loucura, de pobreza, de doença, mas um sinal de que estamos vivos, de muita alegria, de fraternidade, de que estamos todos vivos neste mesmo mundo, que todos juntos, cada um a seu modo tem que preservar, para continuar a viver com um minino de qualidade o seu espirito.Devia começar por aí a nossa qualidade de vida.
O que pode ser mais terrivel para a humanidade que o desconhecimento dela própria. Subir e descer todos os dias no mesmo elevador e não dizer sequer um olá aos vizinhos do mesmo prédio, anos seguidos.
João Manuel, seu nome, descansa agora calma e tranquilamente junto de sua mãe, vamos acreditar que sim. Um dia esta partiu deixando-o triste e perdidamente abandonado, e a sua ausênsia levou-o a decidir que no final do dia de solidão, por não ter mais ninguém, passaria a ir dizer adeus aos automobilistas naquela zona do Saldenha, e por lá continou a ir num ritual diário, sempre à mesma hora, durante anos, sempre igual a si, até que no dia 11 de Novembro de 2010, chegou a hora do seu Adeus definitivo à esta vida terrena.
Abençoados todos os amigos, que o acompanharam e apoiaram e o ajudaram a passar algumas horas de solidão.
Descanse em paz Senhor do Adeus e obrigada pela comoção que me fez sentir, pelos acenos que me deu, desculpe também as pessoas não terem aprendido mais com o seu gesto. Quem sabe ainda venham a entender....
Lisboa, depois que partiu, já está diferente e muito mais pobre...., o senhor deve saber. O Saldanha nucamais será o mesmo àquela hora.
Na minha aldeia a cada hora do dia, adeus com a mão não dizemos muitas vezes, mas BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE, ATÉ AMANHÃ,..... e outro tipo de cumprimentos, são trocados quando passamos uns pelos outro, de manhã até à noite, e isso faz-nos companhia.
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