sábado, 20 de novembro de 2010

Camila é pedida em casamento

Alberto  ficara enfeitiçado pela beleza daquela jovem moça simpática, sentindo de imediato por ela algo que o prendera, que o fizera jurar-lhe coisas que nunca tinha prometido a mais ninguém. Dissera-lhe na altura, que estudava Engelharia Química, mas de facto estava a acabar o curso de Ciências Químicas na Universidade de Barcelona, no departamento de Bioquímica , pois queria e precisava estar muito bem preparado para assumir o comando nalgumas áreas administrativas e não só, nos grandes vinhedos, herança que possuía de família,onde já trabalhava, que já vinda de gerações passadas, no norte de Espanha na zona de Rioja.

Alberto sabia que fizera mal em não contar a verdade a Camila, mas na altura em que a conhecera, não achara oportuno dizer-lhe que era de uma província bem do Norte do país, onde teria que vir a trabalhar, e a viver, estando a conhecê-la ali em Múrcia.
Isso iria mante-la afastada dele e naquela noite em que tudo estava a correr tão bem entre os dois, esse facto podia ser decisivo e afastá-los para sempre. Assim preferiu omitir esse facto da sua vida e deixá-lo para mais tarde.

Resolveu simplesmente viver aquele dia, dizer-lhe que estava a tirar um curso de engenharia química, que era quase o mesmo, e que pretendia estudar mais um pouco. Pretendia fazer uns cursos sobre enologia, e outros estudos relacionados com o desenvolvimento da quinta, portanto não mentiu muito, ao dizer que tinha que fazer uma pós-graduação. Realmente na universidade de Madrid onde estudava, gostaria de aprofundar os seus conhecimentos sobre as terras preferênciais para plantação de vinha, protecção e erosão do solo ou viticultura de Montanha, aprofundar os seus conhecimentos nem que fosse participando em palestras sobre manutenção de solo e regas, vigor e densidade dos cachos na produção e qualidade da uva e aprender alguma coisa sobre envelhecimento de stocks.
Os assuntos a estudar para manter em ordem e em produção máxima e de qualidade a vinha, eram infindáveis e ele achou que não devia estar naquela noite a falar, a preocupar e afugentar dele, com esses assuntos, a sua Camila.

O tempo diria o que lhes iria acontecer, e ele aos poucos contar-lhe-ia a sua vida, e o que pretendia fazer para o futuro.

Enquanto Camila começou um estágio, num hotel em Múrcia, em que pretendiam um cliente Administrativo em part-time com conhecimentos de inglês fluente, e licenciatura ou afins na área de turismo, Alberto em Madrid lutava com os livros  afincadamente, para terminar da melhor forma as ultimas cadeiras do seu curso, assistindo a todas as palestra que podia, somando conhecimentos que lhe seriam valiosos no futuro na orientação que teria que dar em investigações e novos projectos de trabalho na sua quinta de vinicultura de Rioja.

Aos poucos Camila soube de tudo, da lonjura da quinta, dos estudos, interesses e projectos de futuro de Alberto, mas isso não a demoveu nem um pouco de gostar cada vez mais dele. Nem mesmo o facto de Alberto só a visitar ao fim-de-semana a entristecia. Esperava pela chegada dele a Múrcia, cada dia que ele a visitava com o entusiasmo da primeira  visita, e o que a começava a consumir era ter que dizer aos pais que um dia partiria com Alberto para Rioja, pois queria viver com ele para sempre.
A mãe achava um exagero, tanto zelo, tanta paixão. Já temia um dia perder a filha de vista, mas se era o que ela queria que havia de fazer. No seu íntimo pensava que a filha não seria capaz de os abandonar.

Ao contrário de Rioja conhecida por ser a zona de Espanha onde se produzem os melhores vinhos, rosés e brancos, Múrcia sendo uma região mais pobre tinha um ou outro pormenor que fascinavam quem a visita, e assim Pia pensava, porque não ficavam por ali mesmo e ele viajaria até à quinta ?

Sempre que Alberto visitava Camila, passeavam-se de mãos dadas pelos bares e esplanadas viradas ao Sol, que na praça convidavam a um relaxe delicioso e um namoro terno envolto no cheiro de flores diversas, que no ar se distinguia naquele dia perfeitamente de flores de laranjeira.

Também na altura da semana santa, Aberto não faltou aos festejos. Procissões elegantes cheias de flores em que as esculturas saem dos museus, e à noite com a luz das velas e o facto de serem esculturas minuciosamente esculpidas, parece que se  tornam ainda mais reais. As esculturas representam os acontecimentos que levaram Cristo à crucificação, na altura da Semana Santa..

Camila e Alberto vivenciam todos esses momentos com imensa energia, aproveitando cada segundo que estão juntos para viverem o seu amor. Camila cada vez mais presa a Alberto não consegue ver-lhe defeitos, nem ele a ela. Estão cada vez mais  presos um ao outro. Ele esforçava-se para se juntar a ela sempre que podia, e de avião depressa chegava a Múrcia, mas Camila tinha muito medo de o perder, pois não lhe deviam faltar colegas bonitas a assedia-lo, era o que pensava constantemente.

Quando chegou o Natal estava decidida a falar-lhe no futuro. Queria estar mais tempo junto dele, e não só aos fins-de-semana como era habitual.

Mar Menor em Múrcia, nos meses de Dezembro e Janeiro é deslumbrante.
Camila tinha avisado Reina que nesse dia ia ter um jantar especial com Alberto a seu pedido.
Ambos foram passear um pouco antes, e naquele dia ao final da tarde o mar ainda se mantinha calmo e tranquilo como de manhã, as suas águas pareciam um espelho, transmitindo uma sensação de calma paz e tranquilidade.
Virados para o mar não foram precisas palavras, há muito que sentiam que aquele momento os aguardava.
Os seus corpos estavam sedentos um do outro. E por mais que se beijassem, todos os beijos não matavam o desejo que ambos tinham um do outro e de todos os outros beijos que ainda tinham para dar. Mantiveram-se unidos sem falar durante muito tempo, o coração de Alberto parecia dizer ao ouvido de Camila o que ela sabia há muito e que também era seu desejo.
 Um beijo longo, como nenhum outro invadia-a por completo. Ele pegou-lhe pela cintura, abraçou-a muito a ele, e encostada a ele, caminhou a seu lado sem perguntar para onde iam. Entram num prédio novo, num andar relativamente bem mobilado, numa avenida movimentada.

- É da minha prima-disse ele- com quem fui ao baile quando te conheci, não está cá. Está para Madrid, e eu tenho uma chave, que a casa é da família.
-Estranho, nunca me falaste dela, nem desta casa.

-E isso que importa. Hoje é um dia especial. Quero fazer-te uma pergunta muito importante, e não queria fazer-ta ali na rua, pois trata-se da nossa vida, e não queria esperar mais um segundo sequer:
- Queres casar comigo, ser a mãe dos meus, dos nossos filhos?
E continou:
-Há pouco perante aquela beleza, daquele mar, desejei afundar-me ali contigo, possuir-te ali mesmo, porque te amo. Iamos jantar logo à noite, mas não consigo resistir mais um segundo, a esses teus olhos azuis da cor daquele mar tranquilo, da cor do céu quando passeamos pela tarde, esses olhos onde me quero afundar, agora, mas primeiro queria fazer-te esta pergunta, porque te amo. Casas comigo?

E tirou uma caixinha preta do bolso, que abriu de onde retirou um anel com um grande solitário.

- Mas claro que quero, é que que mais quero desde o primeiro segundo que te vi. Porque também te amo.

Foi o que Camila respondeu meio trémula, meio emocionada, pois parecia que nem estava ali, estendendo o seu dedo anelar da mão direita onde Alberto colocou o anel, que lhe ficou lindamente.

De um momento para o outro o tempo deixou de contar, perderam a noção de tudo, e ambos comunhando daquele amor quente e arrebatador que os inebriava à tanto tempo, daquela mesma vontade sofrega de se mtrem a sede do seu amor, deixaram-se envolver de forma que as horas deixaram de existir, e nem deram conta que atrás do dia a noite também passou, e novamente chegou um novo dia.

E naquela casa  pela primeira vez Camila descobriu o que era ser amada por um homem, e até que ponto era amada e como amava Alberto. Sentiu que seria dificil conseguir viver sem aquele amor, sem aquele homem.

Ela estava decidida, iria casar logo que fosse possível e deixaria de trabalhar. Não sabia  como daria essa notícia aos pais, mas estava decidida, a partir desse dia, não seria capaz de viver sem Alberto. Ele tinha-lhe pedido isso, e ela far-lhe-ia essa vontade.

Para sua grande tristeza, ao chegar no dia seguinte de manhã á loja de antiguidades, tinha uma triste noticia à sua espera, Reina, a mãe Giullia, e  outros amigos tentaram localiza-la em vão. Geraldo tinha tido um violento acidente no dia anterior, quando regressava a casa numa das viagens que costumava fazer nas suas pesquisas de antiguidades e as tentativas para que ele sobrevivesse tinham sido em vão.

Não tinha sido fácil encontrar Camila, que sofria agora a perda do pai.

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