O casamento seria na Primavera, no Santuário de La Fuensanta.
Gradualmente com a ajuda de Reina que aceitou maravilhada ser a madrinha de Camila, tudo começou a ficar em ordem. Ambas começaram a trabalhar afincadamente para nada falhar no dia da cerimónia.
Contratado o local da boda, escolhido o menu e a decoração da sala, falaram ao fotógrafo, e à florista que haveria de enfeitar tanto o Santuário como o local da boda. Mais tarde asseguraram o transporte de todos os convidados para o Santuário e de volta ao local da boda. Camila escolheu as ofertas para os convidados, tratou de mais alguns pormenores e em seguida com Reina resolveu dedicar-se à escolha do seu próprio vestido. Ambas estavam excitadissimas, pois esse era o momento alto de todo o trabalho que tinham que fazer.
“O vestido de noiva, os sapatos, o toucado, o cabeleireiro, o vestido da menina das alianças, o vestido de Pia, o vestido de Reina que era a madrinha, as alianças que Camila escolheria com Alberto, ainda que fosse este a pagar, e o seu bouquet, tudo reliquias adquiridas em momentos que Camila esperava memorizar eternamente como sendo uma das melhores fases da sua vida, ainda que ensombradas infelizmente pela perda do pai.
O seu vestido era em tudo semelhante ao que levara ao baile de gala. Queria muito que Alberto a voltasse a olhar daquela forma, como na noite em que o vira naquele canto da sala e se conheceram.
Queria deslumbra-lo constantemente.
Com um decote destinto, um imponente cai-cai deixava-lhe os belos ombros desnudados, a saia com muito volume até baixo, corte envase, cheia de folhos, e uma cauda de sereia realçando-lhe as curvas, e toda a silhueta de forma que a tornava mais formosa que qualquer princesa que tivesse casado algum dia, Camila ficava mais bela que alguma vez estivera, o seu corpo ficava mais esbelto que nunca.
Alberto ficaria com certeza fascinado e orgulhoso com a sua esposa.
Quando o provou, Reina adorou vê-la. Faria uma noiva ousada e diferente, mas por isso mais bela ainda.
Estava radiosa de tanta felicidade.
Sobre o rosto Camila iria levar uma mantilha que já sua mãe tinha usado, como era tradição algumas noivas usarem em Espanha. O cabelo ia apanhá-lo, num toque de candura e sofisticação, deixando-o parcialmente preso se possível. Pediria ao cabeleireiro que lhe fizesse um ligeiro tufado, criado na nuca, para com um retoque especial lhe colocar aí, uma travessa de pérolas e cristais que também era herança da mãe. Por cima desse arranjo do cabelo levaria a mantilha, que na devida altura Alberto lhe retiraria de sobre os olhos com um beijo quando já fosse sua mulher.
Camila pensava em todos estes pormenores com imenso carinho, e sabia como tudo seria muito mais intenso e vivido se o pai estivesse ali com ela e com a mãe.
Para a mãe escolheu um vestido comprido azul-marinho, corte linha princesa que lhe assentava bem, em que o tecido era todo lavrado, e uma echarpe no mesmo tom, tal como os sapatos. Pia queria ir muito discreta, e quando provou o vestido concordou com a escolha.
A menina das alianças era uma miniatura de Camila, um encanto. Era uma menina linda de seis anos, sobrinha de Reina e de Julio.
E porque o tempo não pára, mesmo contrariando a vontade de Pia, o dia do casamento chegou. Pia não acredita que a filha vá ser feliz afastando-se tanto daquela cidade onde cresceu, da vista do mar e das praias, abandonando todos os seus amigos, e o pior, decidir não trabalhar no futuro, uma coisa que ela sempre desejou fazer toda a vida, despegando-se dos seus hábitos, e dela que era a sua mãe. Será que se o pai fosse vivo, agiria da mesma forma?
Não imaginava como iria conseguir viver longe da filha, mas teria de ser forte e resistir a essa distância. Para ela a filha estava a dar um passo precipitado, mas não queria separá-los e ser ela a causadora de um ponto de discórdia ou desunião. Conhecia o temperamento da filha para imaginar que não ia ser fácil ela adaptar-se a uma família que mal conhecia. O tempo é que lhe daria ou não razão, e ela esperava ter que engolir todos aqueles pensamentos como falsos, para bem da sua filha única de quem só queria a felicidade. Um dia queria arrepender-se de todos estes pensamentos loucos, por isso não os contava a ninguém.
Enquanto tivesse Giullia, a sua velha ama e amiga, para lhe fazer companhia, ficaria bem, se no Norte a filha estivesse bem, melhor ainda.
Naquele dia Camila estava deslumbrante. Tudo estava lindo, nas suas mãos o seu bouquet traduzia o que ela desejava que aquele dia transmitisse a todos, muita alegria, muita satisfação e felicidade. Um ramo de pequenos jarros brancos, flor discreta símbolo de beleza e elegância, e rosas de um amarelo quase coral muito claro, o que tornava o bouquet encantadoramente sofisticado.
No casamento tal como imaginara, Alberto delicadamente levantou a mantilha que lhe encobria os olhos e lhe deixou a descoberto não só o olhar feliz e radioso, como a travessa lindissima que tinha no seu penteado, e deu-lhe um beijo na testa, prometendo-lhe peramte todos ser-lhe fiel, amá-la, respeitá-la, ser ser amigo e companheiro nos bons e maus momentos até que a morte os separasse.
No se dedo anelar da mão esquerda tal como na de Alberto, uma aliança que ambos trocaram, significava também que ambos juraram fidelidade eterna, amor e companheirismo, em todos os momentos das suas vidas. Na mão de Camila junto da aliança ela juntou o seu anel de noivado.
Nesse dia tudo decorreu como sonhara, tanto na igreja como na boda, como em todos os cantos e recantos por onde andou com Alberto, ambicionando uma dualidade de desejos:
“ Que esse dia fosse tão longo que não tivesse fim, ou se possível que perdurasse para sempre”.
Aparentemente naquele dia todos pareciam felizes e até Pia conseguiu sorrir algumas vezes, ainda que o seu coração estivesse triste e distante como nunca. Num ano só, a sua vida dera uma volta e modificara completamente. Também naquele dia jurara a si mesmo ficar em Múrcia, e ir no mínimo a Rioja aborrecer ou visitar a filha. Pelo pouco contacto que teve com os familiares mais chegados de Alberto, não se identificou muito com eles, não criando com eles grande empatia. Olhavam-na de alto a baixo, examinando ao pormenor tudo o que dizia e fazia (era o que lhe parecia). Quase que se sentia despida por aquela gente, e naquela fase da sua vida, queria paz, esses procedimentos incomodavam-na. A filha teria que lhe perdoar, mas ela não iria suportar essa gente.
Teria que enfrentar o futuro. Geraldo sabia que ela era uma vencedora. Algures onde estava iria apoiá-la.
A Camila, esperava-a uma viagem maravilhosa até o Brasil, e no regresso, uma nova casa, a sua casa em Rioja, e uma família diferente.
Fotos retiradas do Google
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