terça-feira, 16 de novembro de 2010

A loja de antiguidades

Aquela loja de antiguidades, existente numa rua muito movimentada da cidade de Múrcia, capital regional e cidade universitária, junto do Rio Segura, era uma loja em que o casal Pia e Geraldo Vasquez tinham muito orgulho e empenhavam toda a sua vida.
Era procurada por muitos turistas, pelas peças raríssimas que possuíam, fruto do trabalho intenso de buscas feitas pelo Geraldo em viagens ao estrangeiro, ou simplesmente no seu próprio país.

Múrcia, é uma cidade bonita fundada pelos Mouros no ano de 825. O centro da cidade é uma praça chamada “Lá Glorieta”, com seus pontos turísticos assentes na catedral e também no castelo de Monteagudo.
 As suas igrejas de estilo Barroco, são além da sua catedral, pontos turísticos de visita obrigatória. A destacar o Presépio, que marca o inicio de uma das mais antigas tradições em Múrcia. Assim como as pontes, particularmente a Ponte Velha que une Múrcia ao Rio Segura. Tem ainda muitas praças, e cafés, lojas diversas a explorar, a sua universidade, um Auditório e centro de congressos, pois Múrcia não ficou acorrentado ao passado e evoluiu, crescendo em toda a sua dimensão, tanto no território como a nível intelectual e turístico. A cidade é especialmente animada na semana da Páscoa, quando a primavera arrasta com ela os tradicionais festivais e desfiles de rua do “Bando de la Huerta”
Múrcia é igualmente conhecida e famosa pelas suas praias e por pertencer a uma rota vinícola, e ainda pelas comidas gulosas e diferentes, típicas daquela província de Espanha. Os pratos típicos incluem, arroz de frango, arroz com coelho e caracóis, também o arroz com feijão e peixe, a sopa de peixe, assim como muitos tipos de produtos de peixe salgado ou peixe curado, não esquecendo as ovas e os peixes cosidos em óleo e vinagre. Isto foi só um pouco do muito que há para dizer acerca da zona onde esta família Vasquez vive, zona que não sendo muito rica em chuva, sobrevive pelo sistema de regas implementado.

O casal Pia e Geraldo Vasquez, juntamente com a sua pequenina Camila, tinham tudo para se sentirem felizes e realizados a viver naquela cidade, onde já tinham vivido as suas famílias.

Herdaram a casa onde tinham a loja de antiguidades dos pais de Pia, que ia muito bem. Pia, cuidava da casa e da loja com a ajuda de Giullia, uma velha empregada amiga da casa quase família, que vivia com ela desde o tempo de solteira. Giullia sabia de tudo um pouco. Tanto tratava das coisas da cozinha, como atendia um cliente na loja com todos o todo o poder de marketing, como tratava com carinho a menina Camila, quando esta chegava da escola. Giullia era fundamental naquela família, "sem ela nada feito", era o que Geraldo costumava dizer.

E assim, sempre que se deslocava em busca de peças raras, para depois vender na loja, ia tranquilo, pois as suas relíquias mais preciosas, a Pia e a filha Camila, deixava-as protegidas com Giullia, que ele considerava mais forte que um leão para as defender.

Pia e Geraldo desejavam para Camila um futuro risonho. Ela era uma filha amorosa e meiga, muito boa aluna e aplicada. Tinha muito boas notas e estava ainda com alguma dificuldades em saber o que gostaria de ser quando fosse grande, mas na loja gostava muito de se meter com os turistas e conversar com eles, fazer-lhe perguntas e eles, talvez por lhe acharem graça, entaboleiravam com ela muitas vezes conversas sobre a cidade, o que tinham visitado ou não, muitas vezes numa linguagem diferente do normal, por ela ser criança, que só eles entendiam.


Pia, começou muito cedo a dizer-lhe, que ela deveria estudar linguas e turismo, e isso martelou-lhe tanto na cabeça que de repente quando lhe perguntavam o que iria estudar na Universidade passou a dizer “Turismo”.


Para Camila estava decidido, depois do seu curso tirado, iria trabalhar em turismo na sua cidade ou noutra qualquer, mas era isso que queria fazer, e era isso que faria.

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