O gato Pincel, de rabo no ar que mais parecia um pincel a dar a dar, daí o seu nome, brincava e saltava á bola com o Manuel como se fosse um outro menino qualquer. Os dois no quintal da avó do Manuel, á sombra da grande árvore de Tília, passavam tardes a divertir-se entre risadas e os jogos de bola que lhes fugia e saltava constantemente de um lado para o outro, como se a bola tivesse asas para voar, ou pernas para andar.
O Manuel atirava a bola para bem longe e o Pincel corria derrapando e voltava de um fôlego só, empurrando com as patinhas e o focinho a bola, até chegar á beira do seu amigo.
E ora saltando, ora rolando, mais aqui mais acolá, ora mais depressa, ora mais devagar, ambos se iam divertindo muitas tardes depois do Manuel vir da escola e fazer os seus deveres. A avó até costumava dizer-lhe: “Móis o gato, Manuel”, pára com isso, mas o gato não desistia nunca de perseguir a bola do Manuel, nem este de correr atrás do Pincel e da bola, e lá continuavam numa gritaria pelo quintal que fazia confusão, e avó apertava as mão na cabeça de aflição de tanta gritaria do Manel, que ele sózinho fazia a festa dos berros, não ligando muito às recomendações constantes da avó.
Um dia o Manuel atirou a bola tão alto, que ela saltou e não veio cair no chão, ficou presa na árvore do quintal da avó…., na Tilia enorme que fazia sombra no quintal.
De repente ambos ficaram a olhar para o alto. Fez-se o silêncio.
Sem bola não podiam brincar, mas o Manuel não podia subir acima da árvore. A Tília era muito alta e ele estava mais que avisado pela avó e pela mãe, que não devia trepar nem àquela, nem a nenhuma árvore, pois isso era muito perigoso.
-“Mas para onde havia de ter ido parar o diacho da bola”, pensava o Manuel, que imaginou de imediato que o melhor era ir pedir ajuda ao vizinho, pois sem bola não tinha brincadeira, e pedir ajuda à avó estava fora de questão. Esta parecia devia era estar contente, poi sem bola, finalmente fizera-se silêncio no quintal para a sua cabeça ter sossego.
Mas o Manuel e o Pincel queriam muito continuar as suas brincadeiras com a bola. Precisavam de ajuda urgente.Manuel ia a sair do quintal quando de repente reparou que o seu gato Pincel trepava pela árvore e de uma vez só susibiu até ao cimo, de forma que ele cá de baixo, até deixou de o ver.
_”Pincel, Pincel, onde estás, onde estás?”, e de repente a bola salta e volta a saltar, pulando uma vez, e outra, e ainda outra, e outra vez no chão.
Manuel nem queria acreditar, a bola estava no chão, e agora quem estava lá em cima, no meio daquela folhagem toda, preso bem no alto, era o Pincel, o seu amigo, que num acto de coragem saltara a trepar pela árvore e agora aflito, o olhava , coitado, com um olhar de medo e angustia. Será que iria ficar ali para sempre? Do sítio onde estava devia parecer-lhe difícil a descida, muito mais que a subida, que resolveu fazer sem consultar a opinião de ninguém, num acto de coragem destemida e amor à bola que queria para jogar com o seu amigo Manuel.
Se Manuel não precisou de ninguém para tirar a bola lá de cima agora precisava de ajuda para tirar o seu amigo do cimo da árvore. E desta vez sim, correu a pedir a ajuda do vizinho da avó, que depois de esclarecido, se prontificou a ajudar com uma escada e o seu jeito de equilibrista e socorrista nos bombeiros.
Quando chegaram ao quintal, já cheio de coragem, descia o Pincel devagarinho, de marcha atrás, patinha aqui, patinha acolá, como quem escolhe onde havia de pôr cada pata, sem querer muito olhar para o precipício, mas enfrentando pouco a pouco o medo e conseguido vencer essa barreira, como se quisesse vencer esse obstáculo para provar a si mesmo que era capaz de o fazer, pois, se subira valentão, também tinha que ser capaz de descer. De ramo em ramo andado e recuando até chegar ao tronco principal, não usando nem um pouco da agilidade da subida, que fez com uma perna às costas, mas usando de calma e confiança, aos poucos chegou ao tronco principal, e aí sentiu-se um rei. Depois, desceu com toda a imponência até ao chão. O Manuel estava orgulhoso do seu gato, que uma vez no chão se pavoneava de rabo esticado no ar de ponta afiada, tal qual a ponta de um pincel prontinha a dar a primeira pincelada na tela do pintor.
Até a avó tinha apreciado a mestria com que o Pincel tinha feito a decida, comentando entre dentes: “Mas porque atiraste a bola para tão alto, pobre gato”
O vizinho considerou o gato do Manuel um valentão.
Também nós nunca devemos desistir de algo, só porque temos medo. O medo não existe, nós é que o construímos na nossa mente.
Está na nossa cabeça e dentro de nós pensarmos se queremos atingir todos os nossos objectivos, pois se quisermos, nós conseguimos SEMPRE atingir todos os objectivos. Somos capazes de tudo, basta querermos.
Todos temos dentro de nós uma força que desconhecemos, precisamos é darmo-nos uma oportunidade, e lutar sempre pelo melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário