Aquele casal era perfeito. Entendiam-se sempre muito bem, parecendo saber só de olhar, o que cada um pensava sem trocar muitas palavras. Esses dias de convivência harmoniosos, eram como pedras preciosas, que facilmente transmitiam a Camila uma simetria e educação perfeitas que ela absorvia, crescendo cheia de saúde e alegria, cada ano mais bonita e forte, num ambiente de calma e amor.
Recebendo dos pais essas dádivas de vida, Camila transformava-se numa mulher formosa e cheia de força interior, pronta para enfrentar o mundo, capaz de derrubar todos os obstáculos, preparada também ela, para reconhecer e aceitar o seu amor, o amor que com a adolescência ela começou a desejar para si.
Queria muito encontrar para si um homem que a amasse como ela merecia. Um amor calmo mas fogoso, que durasse toda a vida, como o amor que via os pais terem um pelo outro. Um amor que lhe aquecesse a alma, que só de olhar soubesse o seu sentir, que só de lhe tocar lhe acalmasse as angústias e receios. Camila era uma jovem sonhadora e como tal imaginava, idealizava muito, e como todas as jovens esperava pelo seu príncipe encantado. Já tinha tido alguns namorados, mas nada a que tivesse dado muita importância. A todos pôs defeitos, uns porque não estudavam, eram preguiçosos, outros porque não cumpriam o prometido, faltavam aos compromissos assumidos e ela não suportava isso, um outro namorado era estudioso demais nunca tinha tempo para sair com ela, mas de facto, nunca nenhum agitou a sério o seu coração, que se foi deixando ficar ainda que a mãe lhe fosse dizendo:
“Tanto escolhes que um dia ficas sem ninguém, mas que tinha este mocinho” e riam ambas, pois se a filha não gostava do jovem, que havia de dizer Pia que só queria ver a filha feliz.
Camila tinha na imagem dos pais, o exemplo de um casal perfeito. Resolviam profissionalmente todos os seus negócios sem grandes discussões. Reconhecia neles, quando algo corria menos bem, pois o silêncio aumentava e era mais profundo, mas mesmo assim, acabavam por encontrar forma de sem berros, nem melindres, dar o assunto por encerrado.
Orgulhava-se, de os ver passear pela cidade de mãos dadas, de irem ao cinema muitas vezes juntos, de fazerem compras juntos e sorrirem com isso, de fazerem coisas que pareciam ser do comportamento exclusivo de jovens, mas que lhes assentavam perfeitamente bem. Camila Imaginava-se muitas vezes assim quando fosse da sua idade. Não imaginava um homem para si como Geraldo, pois Geraldo era seu pai, e pai é pai não há como comparar, mas queria muito ter uma convivência especial com o que viesse a ser seu marido de forma que um dia também os seus filhos se pudessem orgulhar.
Tinha feito muitos amigos nas escolas que frequentou, mas fora na universidade que fizera mais amigos. Riena era a sua melhor amiga, aquela a quem contava tudo, mesmo aquilo, que muitas vezes nem para si mesmo queria admitir como verdade. Eram amigas desde o colégio, visto que eram vizinhas. Riena vivia quase portas meias com Camila. Os pais da amiga tinham um restaurante, famoso pelas sopas de peixe e outros pratos de peixe, não muito longe, na mesma rua enorme, onde os pais de Camila tinham a sua loja de antiguidades.
Desde miúdas era vê-las num troca-troca de casa, um dorme aqui ou acolá, por esta ou aquela festa, por aquela ou outra ocasião, e sempre com o consentimento dos pais de um e outro lado, porque ambas eram bem comportadas, nem tinham porque não dizer aos pais o motivo de quererem dormir em casa uma da outra. Assim iam trocando de casa em altura de festas, aniversários ou quando queriam simplesmente pôr a conversa em dia, como quem troca de camisa.
Passavam noites em claro, sem dormir a planear o futuro. Outras vezes, a comentar as festas de onde vinham e tudo o que se tinha lá passado.
Tinham sido tantas as festas a que tinha ido com Reina e outros amigos, que nem tinham conta, sem contar as idas a discotecas e bares, mas a festa que se aproximava era a mais importante de todas.
Acabara o seu curso de Turismo, e o baile de finalistas da universidade de final de curso era muito célebre, e iria marcar a sua vida para sempre. Seria também a sua despedida da vida estudantil e o início de uma nova vida, pois recomeçaria a sua vida na área laboral. Andava entusiasmadíssima, mais com a ideia do baile, que com o facto de deixar a vida académica, pois este facto ainda que lhe desse alegria pois terminava um curso para o qual trabalhara com muito empenho, o mesmo deixava-a um pouco nostálgica, porque dizia adeus a um tipo de vida que acabava ali e jamais voltaria. Era um sentimento partilhado por todas as amigas, uma alegria esfusiante, que lhes deixava alguma tristeza a ela, assim como a todas as suas colegas.
Ela e Reina, com a ajuda das mães decidiram comprar os seus vestidos juntas. Já tinham conversado bastante sobre o assunto mas ainda não tinham chegado a nenhuma conclusão.
Quantas mais revistas viam, mais confusas ficavam. Ainda não sabiam se deviam optar por um vestido comprido ou por um curto. Depois tinham ainda que decidir a cor.
Pia dizia à filha, que ela ficaria a mais bonita de todas com qualquer vestido, e naturalmente isso só confundia mais Camila.
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