Amei-te antes de te saber.
Sonhei-te um dia de Junho quente e num ato de amor puro foste gerada e eu,
ditosa, senti-te aconchegares-te no meu ventre.
Instante lascivo, eterno e doce,
o que senti na força do abraço terno, amante e mágico, do teu pai.
O prazer que me invadiu
fez-me estremecer inteira: soube que um milagre proviera: “ tu” estavas em mim,
ínfima célula, grande ventura a minha, a nossa.
Falei ao meu coração esse
segredo e ele sorriu: astuto já sabia.
Amei-te datando ansiosa
cada dia.
Embalava-te em sonhos e aconchegava-te levitando nos meus braços.
Ter-te no meu regaço era
tudo e agora que te tenho e vejo, omiti a dor de te parir, não quero mais nada:
sou MÃE inteira e sou ditosa.
Luz dos meus olhos, minha força
e alento, pedaço de mim, flor encantada e eterna do meu jardim secreto.
Como podes
tão pequenina dar-me tanto.
- És linda minha filha, menina
de sua mãe: “Sim, coloquem-na aqui sobre o meu peito, quero sentir-lhe o cheiro
que lhe sei há muito, mas quero senti-lo agora mais que perfeito, mais inebriante
e intenso.”
Como és perfeita minha bonina!
Que me importa agora lá
fora o mundo, se o tempo é nosso?
Contigo no meu peito, choro
sentindo o teu cheiro a pétalas de rosa, a flores de jasmim e rosmaninho.
Estou
no paraíso. Enlevo-me feliz.
Sou a mãe mais venturosa, seduzida e inteira.
Uma mulher de verdade, a mãe que desejei ser.
Obrigada filha, vida minha, a
vida inteira.
Não quero que toquem trombetas,
se grite pelas cidades que nasceu uma princesa.
Não, não quero isso, nem
noticias nos jornais.
Isso é pouco, é nada.
Para
ti filha, quero tudo, e tudo é dar-te ao Mundo e saber da sorte de sentires a
felicidade.
Quero que no Céu te
iluminem e guiem as Estrelas, que o
Sol te siga sempre os passos, a Lua clareie
as tuas noites, que não pressintas gritos nem ais, não te sigam serpes, nunca
as vejas, não te inundam rios sem ter nascente, não te envolvam silvas e má
gente.
Que não sintas gritos nem ais, que não os digas: tu, feita do amor mais puro e belo, não quero sequer que os pressintas.
Sei que não és minha, que
serás do mundo, mas enquanto tiver vida e para além de ser, vou proteger-te tal
leoa audaz abriga a sua cria, vou olhar-te sempre, serei um anjo oculto, a tua
guia, o teu auxílio permanente.
Sentes esta mão quente e
macia que te afaga: é o teu pai, parte de ti, que te adora e deseja desde que com
amor profundo foste concebida e depois te falava e acariciava no meu ventre.
E
eu sei, tu lhe sorrias sempre.
Juntos unidos na sorte, na
dor e na amargura, que a vida não é só venturas, hás de fazer-te uma mulher
forte e corajosa, uma guerreira.
E um dia, queira Deus, serei
eu a ver-te aqui deitada, nesta mesma fortuna e mistura de dor e amor, a dar
continuidade à vida.
Olha o pai, está feliz e
radiante.
Ama-te tudo e tanto quanto eu e, como eu, irá zelar por ti
eternamente.
Fotos do Google
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