segunda-feira, 29 de abril de 2013

Fico triste, cada dia...uma criança!




Não sei porque hei de ficar triste, 



por ser assim como sou, acabrunhada e tão incompleta

se porventura essa terá sida a minha sina ao nascer, 

o estado que me esperava sem o querer

Pelo tempo ter passado por mim e ser cansada,

e por descuido, não o ter visto passar tão de repente.

Gostava tanto que tudo tivesse passado mais lento




Queria ainda poder sentir que desde sempre, 

eram quentes os teus abraços e os teus beijos macios e doces 

eram só o que me bastava e mais nada que isso, para ser inteira

queria que só eles me bastassem, 

me enchessem e inundasse de prazer e de um bem estar completo.

Mas quis sempre mais, muito mais que isso

Tanto, que nunca sonharás o quanto me faltaste e não me deste

Coisas que sonhei e na verdade só tive em pensamento.

Pesam-me as pernas, os ouvidos estão surdos

e a boca cansada de dizer o mesmo, está cada vez mais muda

dizendo quando fala, apenas e só disparates, lamurias e queixumes.



Não sei como cheguei aqui, se ainda há pouco era uma criança

Agora olho para eles. Estão grandes, adultos, maiores que eu

e sinto que apesar de meus, é tudo mentira. 

nada daquilo aconteceu tão de repente. 

Foi como uma ventania que passou, 

um mar morto que me arrasou dando-me alguma vida,

mas não toda a que eu queria, que preciso ainda e não peço

Foi tudo um sonho apressado que voou depressa

Afinal nunca vivi, nunca brinquei, nunca fui criança, nem adolescente

Existe em mim um vazio que nunca foi preenchido por nada

Parece que tudo me falta, que nunca tive nada além do que não queria ter





Tanto que podia ter sido meu, tanto que desejei ter 

e não tive, mas sem saber porquê não procurei

Tanto que me podias ter dado, mas nunca deste 

talvez porque não querias, não gostavas,

e eu contentei-me com o que recebia 

e fiz os meus desejos mais intensos, parecerem absurdos, 

mudos e insensatos. 

Que crueldade a minha, a nossa 

Vivendo dentro de mim como verdades, 

o que eram os sonhos que imaginei, que eram mentiras, e vivo hoje ainda

sobrevivi à dor de não os ter, 

e guardei-os dentro de mim como pecados ocultos e devassos

E assim vivi, fazendo dos meus sonhos as mentiras, 

negações  que queria fossem as minhas verdades

Na vida que levei, vivi, e ainda me resta pela frente,

agora com dores, carente em toda eu,

estou certa que não terei nunca mais o que sonhei, 

sou pouca gente, pouco valho

Nem sei como cresceram os filhos que tive,

porque me deixei ficar presa nos meus sonhos

Sou hoje ainda uma criança apagada, triste e insatisfeita 

sem os meus brinquedos predilectos


Inês MAOMÉ




Fotos do Google

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