Não sei porque hei de ficar triste,
por ser assim como sou, acabrunhada e tão incompleta
se porventura essa terá sida a minha sina ao nascer,
o estado que me esperava sem o querer
Pelo tempo ter passado por mim e ser cansada,
e por descuido, não o ter visto passar tão de repente.
Pelo tempo ter passado por mim e ser cansada,
e por descuido, não o ter visto passar tão de repente.
eram quentes os teus abraços e os teus beijos macios e doces
eram só o que me bastava e mais nada que isso, para ser inteira
queria que só eles me bastassem,
queria que só eles me bastassem,
me enchessem e inundasse de prazer e de um bem estar completo.
Tanto, que nunca sonharás o quanto me faltaste e não me deste
Coisas que sonhei e na verdade só tive em pensamento.
Pesam-me as pernas, os ouvidos estão surdos
e a boca cansada de dizer o mesmo, está cada vez mais muda
dizendo quando fala, apenas e só disparates, lamurias e queixumes.
Não sei como cheguei aqui, se ainda há pouco era uma criança
Agora olho para eles. Estão grandes, adultos, maiores que eu
e sinto que apesar de meus, é tudo mentira.
nada daquilo aconteceu tão de repente.
Foi como uma ventania que passou,
um mar morto que me arrasou dando-me alguma vida,
mas não toda a que eu queria, que preciso ainda e não peço
Foi tudo um sonho apressado que voou depressa
Afinal nunca vivi, nunca brinquei, nunca fui criança, nem adolescente
Existe em mim um vazio que nunca foi preenchido por nada
Parece que tudo me falta, que nunca tive nada além do que não queria ter
Tanto que podia ter sido meu, tanto que desejei ter
Afinal nunca vivi, nunca brinquei, nunca fui criança, nem adolescente
Existe em mim um vazio que nunca foi preenchido por nada
Parece que tudo me falta, que nunca tive nada além do que não queria ter
Tanto que podia ter sido meu, tanto que desejei ter
e não tive, mas sem saber porquê não procurei
Tanto que me podias ter dado, mas nunca deste
Tanto que me podias ter dado, mas nunca deste
talvez porque não querias, não gostavas,
e eu contentei-me com o que recebia
e eu contentei-me com o que recebia
e fiz os meus desejos mais intensos, parecerem absurdos,
mudos e insensatos.
mudos e insensatos.
Que crueldade a minha, a nossa
Vivendo dentro de mim como verdades,
Vivendo dentro de mim como verdades,
o que eram os sonhos que imaginei, que eram mentiras, e vivo hoje ainda
sobrevivi à dor de não os ter,
sobrevivi à dor de não os ter,
e guardei-os dentro de mim como pecados ocultos e devassos
E assim vivi, fazendo dos meus sonhos as mentiras,
E assim vivi, fazendo dos meus sonhos as mentiras,
negações que queria fossem as minhas verdades
Na vida que levei, vivi, e ainda me resta pela frente,
agora com dores, carente em toda eu,
estou certa que não terei nunca mais o que sonhei,
sou pouca gente, pouco valho
Nem sei como cresceram os filhos que tive,
porque me deixei ficar presa nos meus sonhos
Nem sei como cresceram os filhos que tive,
porque me deixei ficar presa nos meus sonhos
Sou hoje ainda uma criança apagada, triste e insatisfeita
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