segunda-feira, 15 de abril de 2013

AQUELE JOVEM ...



Tão jovem, pressinto e sei que não me é nada,
mas enlevo-me nele  e sinto-o coisa minha
um amigo, nascido de repente e em mim ficou

Em cada palavra que me diz não sei se ria se chore, 
mas sinto-a nova e gosto de gostar dela
Admira –me, lisonjeia-me e eu feita gata felina
deixo-me enfeitiçar nesses devaneios que não mereço,
não me pertencem, não a mim, que já sou velha,
mal sabida do tempo, mas passada e moída  por ele.   

E as graças e palavras doces que ele me diz,
eu abraço e gosto
e cada pensamento  que sinto, não devendo ser meu,
penetra-me e devassa-me  inteira e eu, tola, deixo.

Nada do que me diz pode ser para mim, não o granjeio
meus são só os medos e anseios de uma mãe,
as dores e as mágoas de amores bem ou mal vividos, 
mas passados.
Horas de solidão, momentos de tortura
Libertinagem em mim inexistente, que pena e que loucura

Ensejos que não gozei mas sinto a falta 
porque me teriam feito outra gente
Outra mulher, uma mulher diferente, solta e sem temor
E eu devendo-o não admitir, 
acho-lhe uma certa fineza e aceito-o.
Um encanto enorme, no tamanho de cada graça, de cada louvor

No riso que tomo para mim de graça,
na forma de  me sentir melhor, mais gentil e esbelta
de aliviar a pena do tempo que voou sem eu dar conta

Que pena que o primeiro beijo, 
o primeiro abraço só se dê e sinta uma vez,
aquela vez que nos cega inteiros,
e por tamanha  juventude e graça
pensamos que o final da reta  é longa e demora tudo
e depois corre veloz e passa depressa…

INÊS MAOMÉ



Fotos do Google

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