Gosto de ti, mas tu nem sonhas
Sabes-me mais velha, curta de palavras sábias
e ficas-te por aí. Quase me detestas. Eu sei!
Falas-me com frases curtas, secas, sabedoras,
que tu não sabes, mas que por serem tão cruas e nuas,
muitas vezes me magoam e ferem,
fazendo-me pensar e desistir de ti e tudo,
do mundo, do pouco que aprendi, do nada que sou junto de ti
Mas que te importa isto se não me és nada, nem me conheces
e só me falas pois é tua obrigação.
Foi o contrato que fizemos, lembras-te?
Situação estranha esta, mas verdadeira.
Mas descansa, tudo isto está quase a acabar
e depois, vais esquecer-me facilmente
Afinal fui só mais um elemento a quem falaste
através de palavras que escreveste
Olho o teu retrato, fixo-me nele eternamente
Gosto do que vejo, mas tanto.
Hoje como ontem e para sempre,
sei-o já de cor há muito tempo,
e não me sairá mais da cabeça.
A tua imagem essa é minha, e essa não me podes tirar
A ti, que nunca vi perto de mim, de quem não conheço o toque,
nem o som, ou o cheiro, que acho fundamentais,
sei que ficarás comigo, como a foto que guardei na minha mente,
eternamente fechado em mim.
Belo, tal príncipe que um dia, em menina, idealizei
És um homem belo, e se fores doce e apaixonado
Perfeito no amor que dás, calmo e paciente,
terno, como imagino sejas para aquela que escolheste,
divino no beijar, no dar, entregar e receber amor
então sim, não estou enganada,
és a imagem do meu príncipe encantado
Que bom seria ver-te no mínimo uma vez,
ouvir a tua voz, sentir o teu olhar em mim,
tal qual um homem olha uma mulher,
esquecendo as palavras curtas, demasiado sabidas,
que obrigatoriamente me diriges
por que prometeste que o farias todas as semanas.
Gosto do teu cabelo revolto, do teu rosto,
das tuas mãos que falam sem parar,
Gosto de ti inteiro, mas não devo.
Sei que não posso.
E fico assim encostada a mais um sonho impossível e desfeito.
Inês Maomé
Fotos do Google
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