sábado, 27 de abril de 2013

Gosto de ti, mas tu não sabes ...


Gosto de ti, mas tu nem sonhas

Sabes-me mais velha, curta de palavras sábias

e ficas-te por aí. Quase me detestas. Eu sei!

Falas-me com frases curtas, secas, sabedoras,

que tu não sabes, mas que por serem tão cruas e nuas,

muitas vezes me magoam e ferem,

fazendo-me pensar e desistir de ti e tudo,

do mundo, do pouco que aprendi, do nada que sou junto de ti



Mas que te importa isto se não me és nada, nem me conheces

e só me falas pois é tua obrigação. 


Foi o contrato que fizemos, lembras-te?

Situação estranha esta, mas verdadeira.

Mas descansa, tudo isto está quase a acabar

e depois, vais esquecer-me facilmente

Afinal fui só mais um elemento a quem falaste

através de palavras que escreveste



Olho o teu retrato, fixo-me nele eternamente


Gosto do que vejo, mas tanto. 

Hoje como ontem e para sempre, 


sei-o já de cor há muito tempo,

e não me sairá mais da cabeça. 


A tua imagem essa é minha, e essa não me podes tirar

A ti, que nunca vi perto de mim, de quem não conheço o toque,

nem o som, ou o cheiro, que acho fundamentais,

sei que ficarás comigo, como a foto que guardei na minha mente,

eternamente fechado em mim.

Belo, tal príncipe que um dia, em menina, idealizei

És um homem belo, e se fores doce e apaixonado

Perfeito no amor que dás, calmo e paciente,

terno, como imagino sejas para aquela que escolheste,

divino no beijar, no dar, entregar e receber amor

então sim, não estou enganada,

és a imagem do meu príncipe encantado



Que bom seria ver-te no mínimo uma vez,

ouvir a tua voz, sentir o teu olhar em mim,

tal qual um homem olha uma mulher,

esquecendo as palavras curtas, demasiado sabidas,

que obrigatoriamente me diriges

por que prometeste que o farias todas as semanas.



Gosto do teu cabelo revolto, do teu rosto,

das tuas mãos que falam sem parar,

Gosto de ti inteiro, mas não devo. 


Sei que não posso.

E fico assim encostada a mais um sonho impossível e desfeito.



Inês Maomé



Fotos do Google

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