domingo, 30 de dezembro de 2012

Homem não te mates ..olha a vida..



Um pedido de vida… hoje é cedo

Todos partirmos  um dia, eu seu
mas mais um dia, fique mais um dia,
hoje é muito cedo ainda e está frio
Algum tempo mais por aqui, ia fazer-te bem
Pensa, pensa mais, por favor não te mates assim, nem de outra forma
sem pensar, sem o desejar, pois nada é como se imagina
(que disparate, pareço doida, não se pede a alguém que se quer matar para não o fazer, "por favor")

afinal todos partimos um dia.

E neste caso diz-se tudo, 
argumenta-se com psicologia  e pronto, exige-se, implora-se,
dá-se-lhe um murro, uma droga, sei lá que mais o que se faz, 

mas faz-se tudo o que se pode
mete-se-lhe à força na cabeça que se ele morrer, morremos também

Melhor ainda, 

dizemos-lhe que existem coisas que nunca mais verá, 
que todos vimos ao mundo e andamos nele à deriva, 
e também sofremos, mas vale a pena
comemos coisas boas e outras menos boas,  
por vezes passamos fome, bebemos água pura e vinho, 
amamos e padecemos, 
mas  mesmo sofrendo de amor ou seja do que for, vivemos, 
pois mesmo em segredo o amor vivido e o ausente e sofrido, 
ajuda a espalhar amor pelo mundo, 
e isso é bom.


Engrandece-o e fortifica-o, e se te vais, ele nunca mais será o mesmo, foi também o que lhe disse.

Com certeza que morrer não será melhor que amar, sorrir e gargalhar...
e é nisto que temos, que tens que pensar.
É certo que depois de morto acaba tudo, 
o que é mau desaparece, 
mas e o resto, o que é bom? 
O ovo estrelado, a batata frita, o pastel de nata, a sardinha assada no Verão? 
E o abraço, os amigos, os amores e o desejo contido e o outro
o sexo, o beijo dado e recebido  puro ou louco, mas sempre doce?

A vida é difícil e dura, todos sabemos
mas tão curta, para quê encurtá-la mais 

e ainda por cima com uma corda ao pescoço?
Anda tira isso...mas não sei se ainda ia a tempo...
Mas ia falando


As raízes que deixas na terra precisam de rega
são jovens, não têm estacas ainda
sem pais entortam, penso até que murcharão depressa,
que por a mãe  ter partido à força, por vontade do destino,  

não podem ficar à deriva, 
pensa nisto homem. 
Por favor( lá estou eu outra vez) não esqueça estas raízes puras
que são tuas e te aguardam todos os dias.

E as dividas que te importam? 
Deixe-as ter vida, também as tenho e olho-as todos os dias, 
e sabe que mais, elas sobrevivem. 
Um dia vão-se finar. Eu acredito, acredite comigo que as tuas, e as tuas dores e penas, também hão-de amainar.
Contra a fome o estado diz que ajuda, é o que dizem, 
mas os teus vizinhos são grandes amigos.
Vá, não faças isso. 
Olha, que eu grito aflita e aparece aí meio mundo.
Se morres assim, não leva padre e onde “ela” está, ficará triste e  magoada
Deus que existe, não vai gostar e a falecida roga-t
e uma praga


E o homem de cara já roxa, ouvia, ouvia e não se decidia, 
a nada me respondia, só ouvia, que já nem sei se isso acontecia
estava rouxo e hirto que isso era o que eu via.

De repente de olhar enevoado implorou  ajuda
lembrou-se dos filhos, 

o melhor de tudo que tinha feito no mundo, 
lembrou os seus rostos, viu-os sozinhos depois dele partir 
e  com mais fome que nunca.
Mas com tudo isto, não sei se era tarde.

Será que o homem caído no chão, estrebuchando, 

cuspindo sangue se salvaria
Até ali, fiz o que pude, implorei, roguei a todos os Santos, 
disse-lhe o que sabia, tudo o que me lembrei na altura, …
mas o homem estava hirto, mudo, parecia morto


O mundo está difícil, mas pelos filhos que ainda não sabem andar pela vida, 
tudo se faz-se, tudo nos é devido, não é?

E o homem mexeu-se e de repente  rebolou, 
cuspiu, e agachado não conseguia respirar,mas fialmente respirou
mas finalmente parece que ganhou forças e levantou-se
e estonteado, cambaleando, tonto, sabendo-se  arrependido 
pediu clemencia a Deus e de repente andou direito, parecia outro
que pelos filhos tudo se faz

E o homem roxo, 
meio moribundo, ressuscitou, 
eu vi que ressuscitou.

Decerto foi o amor que o salvou



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