sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Maria(final) 9

Grand-mére Sissi, todos os dias pelo telemóvel lhes dizia que morria de saudades e que se eles não regressassem depressa à quinta, já não sabia como controlar o pessoal que abusava do sub-capataz. Que andava por lá tudo à deriva.
 Fernando ria-se destes seus telefonemas, pois sabia que estava tudo sob controle. Até tinha nascido uma vitelinha e mesmo à distancia, a pessoa que ele tinha deixado encarregada da quinta estava a dar muito bem conta de tudo e mantinha-o muito bem informado. A senhora é que tinha muitas saudades de todos eles e queria o seu regresso rápido.

Sem eles na quinta, os restantes netos e sobrinhos andavam mais à deriva, e até os cavalos se  ressentiam do trato, das cavalgadas e talvez os carinhos de Maria, por serem um pouco diferentes, mas só isso. A Grand-mére é que sentia falta das conversas que tinha com Maria à hora do chá, das suas atenções, das suas gargalhadas matinais. Até o galope e o trote dos cavalos na cerca era diferente. Desde que ela partira algo tinha mudado na quinta, estava realmente desejosa que eles regressassem e tudo voltasse á normalidade.

Voltando à aldeia, antes de partir, Fernando e o casal deixaram entregue a um empreiteiro responsável, a planta de como queriam que fosse reconstruída a sua casa na aldeia. Haveria necessidade de voltar várias vezes para conduzir as obras e depois de orientar o responsável tudo seguiria em frente sem problemas. A seu tempo tudo isso se faria.

Numa visita ao cemitério, um adeus e umas flores simbólicas à mãe e á avó que tudo fizeram para criar Maria.

Fernando não tinha  porque pedir perdão. Estivera doente, e depois tudo se complicar. Simplesmente um eterno obrigado. e uma imensa saudade inundaram o seu coração.

Maria ainda sente saudade do colo e do amor da avó, que da mãe, a saudade nunca tem limites. Ali junto delas promete voltar todos os anos, e deposita a seus pés um ramo de rosas orvalhadas.

Ela precisa acreditar que a mãe e a avó estão com ela todos os dias, em tudo o que ela diz e faz, que elas lhe dão força, que a ajudam a decidir que lhe fazem companhia desde sempre em silêncio. E parte dali com esse sentimento ainda mais forte.

Chegou finalmente o dia de regresso a Bordeaux, França. As malas de novo preparadas estavam bem mais recheadas do que quando chegaram, também porque Maria, e os seus homens,  tinham muitos presentes para levar para todos os que ficaram, e muito mais do que quando um dia tinha  partido sozinha daquela casa para se encontrar com o pai.
Curiosos, os aldeãos apreciavam toda essa movimentação já com alguma saudade de os ver partir. Durante aquele mês tinham-se habituado à sua presença, e sabiam que já lhes iriam sentir a falta. Aquele ano ia ser dificil de passar. Sem eles, aquele pequeno largo na ruela, iria ficar vazio e sem graça.

A promessa de voltar enchia-os de alegria, mas tinham de esperar.
Tinham todos, contudo aprendido muito com a história de Maria.

A maior novidade, deu-a Maria a todos os presentes, no primeiro jantar quando estavam  reunidos pela primeira vez, após a grande viagem à aldeia.


Maria e Pierre iam ser pais. Da próxima vez que voltasse à sua aldeia, já levaria consigo um filho seu e do seu amor.


Maria considerava-se feliz e ia lutar com todas as armas que possuia, para manter a sua família feliz.

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