quarta-feira, 12 de junho de 2013

Não vás agora...não partas...



Não posso sentir que partes, por não me amares mais a mim

Não gosto de te dizer não, nem que mo digas assim: 
verdadeiro sincero e nu
Não quero a solidão, o vazio da tua ausência, 
o silêncio do teu corpo, o frio dos lençóis no leito
Não me digas não, meu amor, que a verdade arrasa e mata, 
atordoa-me por inteiro
Não, meu amor, mesmo não sendo verdade, 
mente e por favor, diz-me que sim

Não digas não, não me rejeites agora, 
mesmo que jamais queiras o meu corpo entregue a ti
Não faças isso, que o teu não: 
dói-me na alma, golpeia-me de mágoa e pranto
Não me mates dessa forma, 
não destruas o ensejo de te amar mais uma vez
Não o faças e diz-me sim! 
Diz amor, diz-me que sim mesmo que mintas, e eu acreditarei em ti

Não, é uma palavra feia, dura, 
que mata, magoa, inferniza quem idolatra
Não, é uma sentença vil, cruel, inglória, que não posso ouvir de ti
Não me digas não! 
Meu amor, por favor, diz-me, mesmo que o abomines, mais uma vez “sim”
Não posso viver com sede de ti, do teu afeto, 
do toque das tuas mãos de veludo em mim

Não importa que eu esteja louca, 
que rogue e mendigue, te implore: não me envergonho
Não, não ligo a isso, a minha certeza é uma: 
é a ti que busco e quero! Por isso te rogo um sim
Não quero a mentira, não a dos outros, 
mas vindo de ti anseio tudo: mil mentiras e tu em mim
Não, é uma verdade que mata, e eu não quero morrer assim. 
Mente só mais esta vez  

Não quero este, aquele ou o outro, 
é a ti que desejo, em ti que anseio consumir-me num fogo
Não quero o sexo pelo sexo. 
Quero-o com ardor, agoniar nele e em ti com amor, morrer plena
Não te quero homem, 
mas um mar onde me afunde, me deleite num adeus profundo à vida
Não quero o beijo pelo beijo, 
quero-o sôfrego, ávido de vida, mesmo que seja o último
Não o abraço sem paixão e fervor, 
mas a fusão do meu peito no teu num mesmo coração   
Não amor, não fujas de mim. 
Não partas, mesmo que seja verdade o teu não, diz-me sim
Não vás agora 
e deixa que te mostre que já floriram em mim as açucenas.

Não digas não e mesmo que mintas, 
mente, diz-me sim, 
e existe em mim só mais esta vez.

Inês Maomé


2 comentários:

Conceição disse...

Gostei de visitar esta página!
Está simples e bonita porque as coisas são sempre muito mais belas, se simples!
Um beijinho ao casal simpático que conheci no Encontro de Escritores da Lusofonia!

Unknown disse...

Obrigada querida amiga. Quanta simpatia.
De facto o que escrevo é muito simples.
Sai-me da alma e as palavras
são mais simples que tudo. Descrevem a minha alma muitas vezes cinzenta.

Obrigada Conceição. Beijinhos