A saudade que sinto de ti,
não larga o meu peito rasgado
Nos lábios sinto, amargas, as lágrimas derramadas
que me ardem nos olhos por te ver partir
Entrava na minha
janela o sol que fez brilhar as lágrimas
que me banharam inteira por te ver ir
Ao olhar para a rua, por trás da minha janela,
vi-te,
sombrio, magoado.
Sei que me amavas.
Deixaste-me pendurada, na minha janela,
tombava de leve:
a tarde...
Senti-me pó e nada.
Pesou-me a fatalidade de toda uma Vida
passada.
Antes, quando o sol batia na minha janela e por ela,
sem
permissão, entravas
Dando-nos o sinal de vida, sempre que me visitavas
Era uma luz mais que amarela, fulgurante, brilhante,
Sempre uma luz de madrugar ou então de fim da tarde,
uma
luz amante
Enganosa, mas que eu via em ti vistosa, e em ti eu adorava
Luz que trago suspensa nos meus olhos,
que se quedou na minha
alma
Fantasiando o sossego que os teus olhos verdes me davam….
Quedavas ali, fixo em mim, por detrás da minha
janela
Juntos, existíamos, amávamo-nos, suávamos no amor,
éramos
amantes apaixonados
Fui-me gastando, sofrendo, definhando de um amor tonto,
que eu sabia roubado…
E triste, no dia que te vi sumir, jurando não retornar,
moí-me na dor. Pensei que morria.
Agora não quero mais sentir, nem pressentir seja o que
for. Hoje, não quero o amor
Amar-te no meu leito, saber-te preso, enrolado de prazer
em mim,
ver-te entrar sorrateiro pela minha janela aberta…
foi
uma quimera;
Ninguém sabe que destinos, que futuros nos reserva a
vida.
Destino o meu doloroso, penoso, traído, sofrido…,
sabendo-te de outra
Vou prosseguir, não por ti, mas pela vida que em ti vivi
Quem sabe, um dia,
voltes à minha rua,
passes pela minha
janela
Me batas ou não à porta e sem permissão
entres por uma
ou por outra ….
INÊS MAOMÉ
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