Tu és o meu anjo,
o meu pilar, o meu
fogo, a minha desventura
És o meu tudo e nada,
o meu sorrir, a minha
mágoa, o meu maior lamento
Tu és a labareda que busco,
me consome o
interior mas não me sacia nunca
És a minha força e isenção,
mas a mágoa da minha paixão nua
Tu és a
minha vida
e nela a pena de não te ter nunca com a volúpia que sonhei.
Tu és aquele a quem dei
e cedi inteiros, a minha alma,
o meu corpo alvo e puro,
a quem sempre quis e quero mais que a mim,
ao mundo e à vida, de
quem almejei tudo,
a quem me entreguei até à morte e pouco recebi
Tu, és o homem que quero sentir inteiro,
entregue e
colado ao meu corpo,
gozando em mim de
prazer, tirando-me desta dor e desalento,
mas não o fazes, não me mereces
Buscar ainda em ti o prazer
da aventura que tanto desejo
e não chega nunca, é uma loucura
Que raio de sorte a
minha, que puta de vida esta.
Porque te hei de querer
a ti, tu, um ser tão egoísta?
O trovão que rasgou a minha rocha e nela ficou
inerte.
Porque tenho que ser eu no
amor: fiel e honesta?
Perdi-me na tua boca e não mais esqueci aquele banco
onde tu me beijaste toda, me juraste amor eterno,
onde te jurei
que seria tua até à morte e tu serias meu por completo.
Perdi-me nos teus abraços, nos teus beijos lânguidos
mas doces
e cega, fiquei contigo ávida demais do tudo que me
juraste
Juntos, tu amando-me de forma egoísta e imprópria,
eu acanhada à espera do que me prometeste
e nunca me deste: fui e sou
incompleta.
Sobre os lençóis brancos da
nossa cama, tu ondulaste mil vezes
Arando, com o teu, o meu corpo
sôfrego e insaciado,
Eu, dando-te de mim tudo:
o meu
corpo, o mais fiel amor e sincera ternura, esperei sempre mais
Calada, presa nos teus enleios:
sorri, chorei, vivi sofrida, sabendo o pouco que recebi.
Que triste sina a minha,
que raio de amor este que me consome e mata, mas eu deixo.
Inês Maomé
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