quarta-feira, 5 de junho de 2013

A saudade que sinto de ti


A saudade que sinto de ti, 
não larga o meu peito rasgado 
Nos lábios sinto, amargas, 
as lágrimas derramadas que me ardem nos olhos 
por te ver partir 

Entrava na minha janela o sol 
que fez brilhar as lágrimas que me banharam inteira por te ver ir
Ao olhar para a rua, 
por trás da minha janela, vi-te, sombrio, magoado. 
Sei que me amavas.
Deixaste-me pendurada, na minha janela, 
tombava de leve: a tarde...

Senti-me pó e nada.
Pesou-me a fatalidade de toda uma Vida passada. 

Antes, quando o sol batia na minha janela e por ela, sem permissão, entravas
Dando-nos o sinal de vida, sempre que me visitavas  
Era uma luz mais que amarela, fulgurante, brilhante,
Sempre uma luz de madrugar 
ou então de fim da tarde, uma luz amante
Enganosa, mas que eu via em ti vistosa, 
e em ti eu adorava 

Luz que trago suspensa nos meus olhos, 
que se quedou na minha alma
Fantasiando o sossego que os teus olhos verdes me davam…. 

Quedavas ali, fixo em mim, 
por detrás da minha janela
Juntos, existíamos, amávamo-nos, 
suávamos no amor, 
éramos amantes apaixonados

Fui-me gastando, sofrendo, 
definhando de um amor tonto, que eu sabia roubado…
E triste, no dia que te vi sumir, jurando não retornar, moí-me na dor. 
Pensei que morria.

Agora não quero mais sentir, 
nem pressentir seja o que for. 
Hoje, não quero o amor
Amar-te no meu leito, saber-te preso, 
enrolado de prazer em mim,
ver-te entrar sorrateiro pela minha janela aberta… 
foi uma quimera; 

Ninguém sabe que destinos, 
que futuros nos reserva a vida.
Destino o meu doloroso, penoso, traído, sofrido…, sabendo-te de outra

Vou prosseguir, não por ti, 
mas pela vida que em ti vivi

Quem sabe, um dia, voltes à minha rua, 
passes pela minha janela
Me batas ou não à porta e sem permissão 
entres por uma ou por outra ….

INÊS MAOMÉ








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