quinta-feira, 20 de junho de 2013

Não, pode ser tudo ou nada,


Não ou sim hoje pouco importa, mas o não: 
é não ter, ser, existir, é negar-se inteiro a si

Não, pode ser tudo ou nada, 
uma forma de rejeição, de viver em contradição
Não, uma palavra cerrada que diz tudo, 
nua, varrida da boca, sofrida, vazia no coração
Não! Quero dizer não ao ser só por ser, 
ao existir só para parecer bem, mas nada valer
Não é dor: ao ouvir “não”como negação de um sonho em construção

Não! Grito não à fome, à guerra surda, às bombas, 
aos que morrem famintos e mudos
Não aos corruptos, infames e cobardes, 
que adormecem calmos e tudo comem esfaimados
Não às torturas, lamentos, choros e ais, 
que em silêncio marcam a carne dos mortais
Não aos tumores, às maleitas que castram 
e deixam o Homem impotente e diferente




Não, não, mil vezes não à frustração do momento, 
à crise e à má governação
Não ao prato de sopa de esmola, 
porque há quem morra de fome e durma sem teto
Não aos grevistas insensatos, 
aos idealistas puritanos, 
ao meu PAÍS a cair aos pedaços
Não às armas que matam, 
que destroem o mundo e arrasam inocentes
Não ao 11 de Setembro, à bomba de Hiroxima, 
ao Hitler, ao Racismo, 
à catástrofe do Titanic



Não à Primavera sem rosas, 
ao Inverno sem chuva, aos corações sem amor,
ao mar sem sal
Não à matança e chacina dos que vivem forçados na obscuridade, 
sem liberdade
Não às palavras cortadas, mudas e interditas, 
à falta de permissão seja de qual for o lado
Não às burcas, à violência doméstica 
onde deve começar a paz e acontece o inverso
Não a todos que são brutos, 
estúpidos e ignorantes, que mesmo doutorados são parasitas
Não a ti, que rejeitas o amor, 
que o negas e passas na rua pensando que ela é só tua
Não aos que se dizem maiores, 
que destroem o nosso planeta e o metem no lixo
Não, aos que falam, falam, pensando que dizem tudo, 
e não contam nem fazem nada
Não a mim que me acobardo 
e nada faço ou digo para melhorar o mundo
Não à vida sem fusível pronto para colocar um fim a tudo o que é ruim, 
para apagar o que não presta e nos arrasa

Não ao ponto final: do não está bem, 
do não quero, 
do não posso, 
do não tenho…..
do...NÃO!

INÊS MAOMÉ

Sem comentários: