Não, pode ser tudo ou
nada,
uma forma de rejeição, de viver em contradição
Não, uma palavra cerrada
que diz tudo,
nua, varrida da boca, sofrida, vazia no coração
Não! Quero dizer não ao
ser só por ser,
ao existir só para parecer bem, mas nada valer
Não é dor: ao ouvir
“não”como negação de um sonho em construção
Não! Grito não à
fome, à guerra surda, às bombas,
aos que morrem famintos e mudos
Não aos corruptos,
infames e cobardes,
que adormecem calmos e tudo comem esfaimados
Não às torturas,
lamentos, choros e ais,
que em silêncio marcam a carne dos mortais
Não aos tumores, às
maleitas que castram
Não, não, mil vezes não à frustração do momento,
à crise e à má governação
Não ao prato de sopa
de esmola,
porque há quem morra de fome e durma sem teto
Não aos grevistas
insensatos,
aos idealistas puritanos,
ao meu PAÍS a cair aos pedaços
Não às armas que
matam,
que destroem o mundo e arrasam inocentes
Não ao 11 de
Setembro, à bomba de Hiroxima,
ao Hitler, ao Racismo,
à catástrofe do Titanic
ao Inverno sem chuva, aos corações sem amor,
ao mar sem sal
Não à matança e
chacina dos que vivem forçados na obscuridade,
sem liberdade
Não às palavras
cortadas, mudas e interditas,
à falta de permissão seja de qual for o lado
Não às burcas, à
violência doméstica
onde deve começar a paz e acontece o inverso
Não a todos que são
brutos,
estúpidos e ignorantes, que mesmo doutorados são parasitas
Não a ti, que
rejeitas o amor,
que o negas e passas na rua pensando que ela é só tua
Não aos que se dizem
maiores,
que destroem o nosso planeta e o metem no lixo
Não, aos que falam,
falam, pensando que dizem tudo,
e não contam nem fazem nada
Não a mim que me
acobardo
e nada faço ou digo para melhorar o mundo
Não à vida sem
fusível pronto para colocar um fim a tudo o que é ruim,
para apagar o que não presta e nos arrasa
Não ao ponto final:
do não está bem,
do não quero,
do não posso,
do não tenho…..
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