Parto com dor,
como
se me levassem à força,
mar alto,
amarrada numa barcaça
Mas preciso ir,
preciso obedecer à chefia.
Coisa horrível,
tenebrosa e sombria,
a certeza de partir e ter que te deixar minha princesinha
Frágil e receosa,
levo comigo por ordem do divino,
a confiança que me
deste,
que aprendi a ter contigo
desde que te criei em
menina quando segurava,
na minha, a tua mão pequenina
Foi contigo que aprendi
a ser forte,
uma mãe mais corajosa e diferente
Parto saudosa, tu
sabes, mas por ti, sem medo,
enfrento ousada o desafio
- “Um ano passa
depressa”
Foi o que me disseste
meigamente ao ouvido,
no abraço que
trocámos e continha toda a ternura do mundo
Mas o temporal é
grande,
o mundo está transtornado
A barcaça é frágil,
grandes vendavais se avizinham
E sem bússola posso
bem perder-me no caminho
O que for será!
Aprendi contigo a atravessar o escuro,
o incerto,
a não recuar ou ter medo
Fica bem meu anjo,
vida minha, minha filha querida
Sei que vais ficar
segura,
és forte e valente, mais que eu em tudo
E como te assenta bem
essa bravura,
essa nobreza de espírito,
esse querer andar
para a frente,
planear e conseguir conquistar o mundo
O raio de luz que nos
une
não se há de apagar e vai brilhar mais e unir-nos cada segundo
Preciso voltar ao teu
aconchego,
ao doce abraço que me dás sempre
Não sei bem porque
parto,
não queria,
mas obedeço, porque preciso
Carrego-te na alma,
presa em mim
como o fulgor de luz que me iluminará e dirá o caminho
Sei que ficas bem
amor meu,
minha filha linda,
minha maior amiga
Levo-te presa em mim meu raio de luz,
meu porto
seguro,
onde penso voltar um dia
Inês MAOMÉ
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