quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Na hora que parto!


Na hora que parto, 
olho-te e num ápice, ávida de ti, 
vejo-te menina
E cada visão destas é uma pérola 
que me há de ajudar a passar o tempo
E sobreviver doze meses de lonjura sem te ter por perto 
e só em pensamento
Vejo-te bebé, 
deitada no meu regaço a mamar no meu peito
depressa adormeces saciada e mais que perfeita               
depois menina de trancinhas e meinhas brancas
vestidos com laços, 
chapéu de palha fina, 
brincas às bonecas,
depois de sacola vais para a escola, 
fazes os deveres,
choras pelo gato que te fugiu do regaço.                       
Brincas no escorrega, 
jogas à macaca
Fazes de senhora de sapatos altos
Aprendes música, 
tocas a viola depois o piano
Entras para a tuna, vestes traje preto,
És uma estudante aplicda a sério, 
e assim rápido acabas o curso de bengala e cartola
Começas no trabalho, 
a ter férias tuas só em tempo exato
Cresces, 
fazes-te mulher, 
dás-me mil conselhos,
és mais que minha filha, 
és uma amiga, a melhor que tenho.

És a minha ventura e reparo agora: já não és menina
-“Um ano passa-se depressa”
Foi o que me segredaste dando-me alento no abraço, 
apertado e doce, antes da partida
Um tormento meu ter que partir para longe. 
Coisas do Alberto
vai doer-me menos levar-te na lembrança como te vi sempre:
a minha menina, a minha princesa, a minha rainha.
No coração levo o orgulho de ao olhar para ti e ver-te diferente: 
a minha rainha
e não mais a menina, 
mas a mulher linda em que te transformaste.

Inês Maomé


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